07 dezembro 2007

Música & Poesia

A Via Lactea (Legião Urbana)


Quando tudo está perdido
Sempre existe um caminho
Quando tudo está perdido
Sempre existe uma luz
Mas não me diga isso

Hoje a tristeza não é passageira
Hoje fiquei com febre a tarde inteira
E quando chegar a noite
Cada estrela parecerá uma lágrima

Queria ser como os outros
E rir das desgraças da vida
Ou fingir estar sempre bem
Ver a leveza das coisas com humor

Mais não me diga isso!
É só hoje e isso passa...
Só me deixe aqui quieto
Isso passa.

Amanhã é outro dia
Não é?

Eu nem sei por quê me sinto assim
Vem de repente um anjo triste perto de mim
E essa febre que não passa
E meu sorriso sem graça
Não me dê atenção
Mais obrigado por pensar em mim.

Quando tudo está perdido
Sempre existe uma luz
Quando tudo está perdido
Sempre existe um caminho
Quando tudo está perdido
Eu me sinto tão sozinho
Quando tudo está perdido
Não quero mais ser quem eu sou.

Mais não me diga isso!
Não me dê atenção!
E obrigado por pensar em mim..



Numeral 34 (Armando Freitas Filho)

Existo por escrito.
Não há espelho
Que me fixe por inteiro.
O que fica, lá fora
É a fala em falso
Que não é clara nestas linhas.
Apuro.
Em preto-e-branco, pois as cores
Desistiram, não porque a luz piscou.
Ela agora é sumária, mas bastante:
luz natural, da janela, sublinhando
com força, os recortes duros
da mão repetida, amarrada
pelos mesmos reflexos.

45

A linha preta do pensamento
- trêmula, feita à mão –
pauta, de cima a baixo
o amarfanhado espaço
do amanhecer.

Não se escreve nada no campo
deste dia longo, parado
de raro mar, árvore estrita
de passagem repetente, de palavras
despida.

Não se escreve nada na máquina
deste dia estatístico, indiferenciado
que se produz em série
embora o gráfico se sobressalte, aqui e ali.

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