01 outubro 2019

Leão de Ouro no Festival de Veneza foi para o surpreendente Coringa




Inusitada a premiação no Festival de Veneza 2019. O júri presidido pela cineasta argentina Lucrecia Martel, que faz filmes bem distantes do cinema hollywoodiano, deu o troféu Leão de Ouro para Coringa, do americano Todd Phillips. Um longa sobre um personagem de quadrinhos não parecia uma escolha provável para o troféu, mas a obra certamente conquistou os jurados ao evitar a fórmula de blockbusters de super-heróis, optando pela ênfase na composição do universo mental do protagonista. Mostra como um sujeito esmagado por um mundo capitalista selvagem se tornou um dos vilões mais espertos do universo das HQs.




Esse Coringa é um drama triste e duro sobre a transformação de um homem de classe social baixa, com problemas mentais e sonhos irrealizáveis em um assassino cruel que levanta questões relevantes para a sociedade de hoje. Ela justificou a escolha na coletiva após a cerimônia de entrega do Leão de Ouro. "É incrível que uma indústria cujo principal foco é o negócio tenha corrido tamanho risco com Coringa. Fazer para esse público um filme que é uma reflexão sobre os anti-heróis, mostrando que talvez o inimigo não seja o homem, mas o sistema, me parece bom para os Estados Unidos e para o mundo todo."




A estreia nos cinemas brasileiros está marcada para o dia o dia 3 de outubro. O novo filme Coringa, produzido por Martin Scorsese e com direção de Todd Phillips, foi ovacionado na 76ª edição do Festival de Veneza. A história sobre o principal inimigo do Batman traz o ator Joaquim Phoenix no papel do "palhaço do crime", que já foi vivido por grandes nomes do cinema, como Jack Nicholson (1989) e Heath Legder (2008).



Coringa não é um filme de super-herói como os outros - e não apenas por tratar de um vilão da DC. O longa-metragem de Todd Phillips prescinde das cenas de ação espetaculares, das lutas sem fim, das explosões e dos prédios derrubados, com milhares de vítimas civis invisíveis. Tratando de temas relevantes como identidade, empatia, saúde mental e do abismo entre quem tem muito e quem não tem nada, Coringa pode ter indicações ao Oscar.




A Academia de Hollywood não costuma levar a sério as produções do universo da Marvel e da DC que têm dominado os cinemas, indicando apenas em categorias técnicas. Batman, o Cavaleiro das Trevas (2008) levou o Oscar de melhor ator coadjuvante  (Hearth Leadger) interpretando o Coringa. No ano passado o filme Pantera Negra competiu como melhor produção.



As películas Roma, de Alfonso Cuarón, e A Forma d'Água, de Guillermo del Toro, foram as vencedoras nos anos anteriores - e, na sequência, arremataram a estatueta do Oscar de melhor filme estrangeiro e melhor filme, respectivamente. Mas um filme de super-herói nunca havia conquistado esse prêmio. Até hoje. Ao retratar a vida do comediante Arthur Fleck, que vem a se tornar o Coringa, o longa apresenta uma crítica à maneira pela qual a sociedade marginaliza pessoas com doenças mentais. Fleck, que trabalhava como palhaço durante o dia, vê sua vida caminhar para a criminalidade quando seu sonho de ser comediante de stand-up começa a desvanecer.

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