Inusitada a premiação no Festival de
Veneza 2019. O júri presidido pela cineasta argentina Lucrecia Martel, que faz
filmes bem distantes do cinema hollywoodiano, deu o troféu Leão de Ouro para
Coringa, do americano Todd Phillips. Um longa sobre um personagem de quadrinhos
não parecia uma escolha provável para o troféu, mas a obra certamente
conquistou os jurados ao evitar a fórmula de blockbusters de super-heróis,
optando pela ênfase na composição do universo mental do protagonista. Mostra
como um sujeito esmagado por um mundo capitalista selvagem se tornou um dos
vilões mais espertos do universo das HQs.
Esse Coringa é um drama triste e duro
sobre a transformação de um homem de classe social baixa, com problemas mentais
e sonhos irrealizáveis em um assassino cruel que levanta questões relevantes
para a sociedade de hoje. Ela justificou a escolha na coletiva após a cerimônia
de entrega do Leão de Ouro. "É incrível que uma indústria cujo principal
foco é o negócio tenha corrido tamanho risco com Coringa. Fazer para esse
público um filme que é uma reflexão sobre os anti-heróis, mostrando que talvez
o inimigo não seja o homem, mas o sistema, me parece bom para os Estados Unidos
e para o mundo todo."
A estreia nos cinemas brasileiros está
marcada para o dia o dia 3 de outubro. O novo filme Coringa, produzido por
Martin Scorsese e com direção de Todd Phillips, foi ovacionado na 76ª edição do
Festival de Veneza. A história sobre o principal inimigo do Batman traz o ator
Joaquim Phoenix no papel do "palhaço do crime", que já foi vivido por
grandes nomes do cinema, como Jack Nicholson (1989) e Heath Legder (2008).
Coringa não é um filme de super-herói como
os outros - e não apenas por tratar de um vilão da DC. O longa-metragem de Todd
Phillips prescinde das cenas de ação espetaculares, das lutas sem fim, das
explosões e dos prédios derrubados, com milhares de vítimas civis invisíveis.
Tratando de temas relevantes como identidade, empatia, saúde mental e do abismo
entre quem tem muito e quem não tem nada, Coringa pode ter indicações ao Oscar.
A Academia de Hollywood não costuma levar
a sério as produções do universo da Marvel e da DC que têm dominado os cinemas,
indicando apenas em categorias técnicas. Batman, o Cavaleiro das Trevas (2008)
levou o Oscar de melhor ator coadjuvante
(Hearth Leadger) interpretando o Coringa. No ano passado o filme Pantera
Negra competiu como melhor produção.
As películas Roma, de Alfonso Cuarón, e A
Forma d'Água, de Guillermo del Toro, foram as vencedoras nos anos anteriores -
e, na sequência, arremataram a estatueta do Oscar de melhor filme estrangeiro e
melhor filme, respectivamente. Mas um filme de super-herói nunca havia
conquistado esse prêmio. Até hoje. Ao retratar a vida do comediante Arthur
Fleck, que vem a se tornar o Coringa, o longa apresenta uma crítica à maneira
pela qual a sociedade marginaliza pessoas com doenças mentais. Fleck, que
trabalhava como palhaço durante o dia, vê sua vida caminhar para a
criminalidade quando seu sonho de ser comediante de stand-up começa a
desvanecer.
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