Ele foi criado para inspirar os americanos
durante a Segunda Guerra e se tornou o mais famoso dos heróis patrióticos. O
Sentinela da Liberdade já enfrentou nazistas, super vilões, terroristas e o
próprio governo. Um homem que luta contra a opressão e a injustiça: Capitão
América. O personagem não foi o primeiro super herói de quadrinhos com o
uniforme baseado na bandeira americana. Esse título pertence ao Escudo, um
herói criado pela editora MLJ em janeiro de 1940. Jack Kirby afirmou, certa
vez, que sua criação era melhor: “Tinha a bandeira e ele fica bom mesmo assim.
Nós demos a ele uma camiseta de cotton e um escudo, como um cavaleiro cruzado
moderno. As asas no elmo eram de Mercúrio. O Capitão América simbolizava o
sonho americano”.
Criado em 1941 por Jack Kirby e Joe Simon,
durante a Segunda Guerra Mundial, o personagem foi encomendado pela editora
Timely Comics (mais tarde Marvel Comics), que queria um herói patriótico para
combater a ameaça nazifascista, representando, defendendo e divulgando os
ideais e as políticas norte-americanas predominantes no período. Em seu mundo
fictício da Segunda Guerra Mundial, o jovem patriota Steve Rogers, após ser
recusado pelo exército devido às suas condições físicas inadequadas, teve uma
segunda oportunidade de se engajar no esforço de guerra contra o Eixo ao ser
submetido a um projeto secreto que o transformou em um supersoldado: o Capitão
América. Um defensor dos Estados Unidos, de seu modo de vida e ideais, ao ser
caracterizado como um super-herói explicitamente americano ele se estabeleceu
ao mesmo tempo como um representante de uma nação americana idealizada e como
um defensor do status quo americano.
Entretanto, ao longo de sua existência
(mais de 70 anos), o personagem passou por diversas equipes criativas que
introduziram consecutivas adaptações para mantê-lo atualizado, consumível e com
algum significado para diversas gerações de leitores. Isto o transformou em um personagem
que é familiar a diversas gerações de americanos. Essas interpretações do
personagem e sua permanência no imaginário político e cultural dos Estados
Unidos conferiam ao Capitão América uma característica de símbolo nacional que
poucos super-heróis de HQs têm.
A história (de Stan Lee com ilustrações de
Gene Colan e Joe Sinnott) O Ferrão do Escorpião foi publicada em dezembro de
1969 nos EUA. No Brasil saiu pela Editora Brasil-América na revista A
Maior nº5 em outubro de 1970. O
personagem estava em dúvida existencial e ideológica em pleno final da década
de 60, e esse fato foi um marco para os quadrinhos. O herói-bandeira se
perguntava se os rebeldes estavam errados e lamentava: “não fui ensinado a
aceitar as regras de hoje em dia!”, para depois colocar em dúvida tudo pelo
qual lutou: “talvez fôsse melhor eu ter lutado menos e perguntado mais”.
Capitão América é o símbolo máximo da
editora Marvel e da proclamação dos ideais norte-americanos pelo mundo afora
desde sua origem, que vão de sua luta contra as forças nazistas, de sua
dedicação como rapaz que servir a seu país a qualquer custo, passando pelo seu
uniforme. Quando o mundo mudou o herói foi readaptado para a década de 1960,
ele continuava sendo o porta-voz da ideologia norte-americana, proclamando seu
padrão pelo mundo, e no século 21 ele passou a ser um soldado, líder de uma
força antiterror, que enfrenta organizações inimigas até alienígenas.
Hoje, 50 anos depois do lançamento é de se
perguntar às editoras brasileiras: porque foram reeditadas muitas das
narrativas do Capitão América em suas diversas fases e nunca essa (O Ferrão do
Escorpião). Qual o motivo? A história continua atual.
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