18 julho 2019

Quando vão reeditar O Ferrão do Escorpião com Capitão América?


Ele foi criado para inspirar os americanos durante a Segunda Guerra e se tornou o mais famoso dos heróis patrióticos. O Sentinela da Liberdade já enfrentou nazistas, super vilões, terroristas e o próprio governo. Um homem que luta contra a opressão e a injustiça: Capitão América. O personagem não foi o primeiro super herói de quadrinhos com o uniforme baseado na bandeira americana. Esse título pertence ao Escudo, um herói criado pela editora MLJ em janeiro de 1940. Jack Kirby afirmou, certa vez, que sua criação era melhor: “Tinha a bandeira e ele fica bom mesmo assim. Nós demos a ele uma camiseta de cotton e um escudo, como um cavaleiro cruzado moderno. As asas no elmo eram de Mercúrio. O Capitão América simbolizava o sonho americano”.


Criado em 1941 por Jack Kirby e Joe Simon, durante a Segunda Guerra Mundial, o personagem foi encomendado pela editora Timely Comics (mais tarde Marvel Comics), que queria um herói patriótico para combater a ameaça nazifascista, representando, defendendo e divulgando os ideais e as políticas norte-americanas predominantes no período. Em seu mundo fictício da Segunda Guerra Mundial, o jovem patriota Steve Rogers, após ser recusado pelo exército devido às suas condições físicas inadequadas, teve uma segunda oportunidade de se engajar no esforço de guerra contra o Eixo ao ser submetido a um projeto secreto que o transformou em um supersoldado: o Capitão América. Um defensor dos Estados Unidos, de seu modo de vida e ideais, ao ser caracterizado como um super-herói explicitamente americano ele se estabeleceu ao mesmo tempo como um representante de uma nação americana idealizada e como um defensor do status quo americano.


Entretanto, ao longo de sua existência (mais de 70 anos), o personagem passou por diversas equipes criativas que introduziram consecutivas adaptações para mantê-lo atualizado, consumível e com algum significado para diversas gerações de leitores. Isto o transformou em um personagem que é familiar a diversas gerações de americanos. Essas interpretações do personagem e sua permanência no imaginário político e cultural dos Estados Unidos conferiam ao Capitão América uma característica de símbolo nacional que poucos super-heróis de HQs têm.


A história (de Stan Lee com ilustrações de Gene Colan e Joe Sinnott) O Ferrão do Escorpião foi publicada em dezembro de 1969 nos EUA. No Brasil saiu pela Editora Brasil-América na revista A Maior  nº5 em outubro de 1970. O personagem estava em dúvida existencial e ideológica em pleno final da década de 60, e esse fato foi um marco para os quadrinhos. O herói-bandeira se perguntava se os rebeldes estavam errados e lamentava: “não fui ensinado a aceitar as regras de hoje em dia!”, para depois colocar em dúvida tudo pelo qual lutou: “talvez fôsse melhor eu ter lutado menos e perguntado mais”.

Capitão América é o símbolo máximo da editora Marvel e da proclamação dos ideais norte-americanos pelo mundo afora desde sua origem, que vão de sua luta contra as forças nazistas, de sua dedicação como rapaz que servir a seu país a qualquer custo, passando pelo seu uniforme. Quando o mundo mudou o herói foi readaptado para a década de 1960, ele continuava sendo o porta-voz da ideologia norte-americana, proclamando seu padrão pelo mundo, e no século 21 ele passou a ser um soldado, líder de uma força antiterror, que enfrenta organizações inimigas até alienígenas.


Hoje, 50 anos depois do lançamento é de se perguntar às editoras brasileiras: porque foram reeditadas muitas das narrativas do Capitão América em suas diversas fases e nunca essa (O Ferrão do Escorpião). Qual o motivo? A história continua atual.



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