Desde a Proclamação da República (1889),
os governantes do País não resistiam ao apelo das frases de efeito. Cada
momento da República a História registra um bordão, uma máxima, um slogan.
1891 – Marechal Deodoro da Fonseca: “Assino
a carta de alforria do último escravo do Brasil”. O “escravo” era o próprio, e
a carta, a de renúncia no dia 23 de novembro.
1930 – Washington Luís, tido como presidente
frasista: “Governar é abrir estradas” (mote associado ao progresso). “A questão
social é um caso de polícia” (sobre as greves).
1937-45 - Getúlio Vargas iniciou a
ditadura do Estado Novo com um bordão populista: “Trabalhadores do Brasil”.
1946 – O sucessor de Getúlio, marechal
Eurico Gaspar Dutra teve um diálogo em 1947 na visita do presidente norte
americano Henry Truman: “How do you do, Dutra?. How tru you tru, Truman?”. Ele
nunca gostou das frases atribuídas a ele.
1954 – Acuado por denúncias de corrupção,
Getúlio Vargas deixou sua tragédia escrita em uma carta-testamento: “Saio da
vida para entrar na história”.
1961 - O líder populista de São Paulo,
Jânio Quadros se colocou com o discurso de varrer a corrupção do país. “Varre, varre,
vassourinha”. “O homem do tostão contra o milhão” que iria “sanear” a nação. Ele
jurou, até a morte, jamais ter pronunciado ou escrito “fi-lo porque qui-lo”. E
não teria responsabilizado “forças ocultas” por sua renúncia ao governo em
1961. “Foram forças terríveis”, corrigiu Jânio.
1956-61 – O médico Juscelino Kubitschek assume
a presidência com a bandeira do desenvolvimentismo. Sua meta era mudar a
capital federal do litoral para o centro-oeste. “Brasília, a capital da
esperança”. “O Brasil vai viver 50 anos em 5” ou “Um governo forte se faz
perdoando”
1969 - O gaúcho General Emílio
Garrastazu Médice era dado ao estilo ufanista: “Brasil, ame-o ou deixe-o”. “Homens
do meu tempo, tenho pressa...” (ao discursar assumia ares messiânicos). “Ninguém
segura este país”, dizia o departamento de propaganda do governo. Data da época
deste governo a famosa campanha publicitária cujo slogan era: "Brasil,
ame-o ou deixe-o" inspirada no dístico conservador americano "Love it
or leave it".
1974-79 - Mais um general, desta vez outro
gaúcho Ernesto Geisel assumiu a presidência com a missão de iniciar o processo
de abertura no país e de levar de volta os militares para os quartéis
1979-85 - Outro general, João Batista
Figueiredo foi o escolhido para governar o país. De uma truculência quase
caricatural, dono de frases que seriam hilárias se, antes, não soassem absurdas
na boca de um presidente militar. Antes de entregar o poder aos civis, preferiu
o mau humor: “Gosto mais do cheiro de cavalo do que do cheiro do povo”. E ao
dirigir-se aos jornalistas: “Peço que me esqueçam”.
1984 – O presidente Tancredo Neves
morreu em 1985, sem conhecer o gosto do cargo, mas é o autor dessas frases,
driblando a esquerda e a direita: “Entre a Bíblia e o Capital (o livro de Karl
Marx, com as bases econômicas do comunismo) prefiro o Diário Oficial”. Eleito presidente,
fugiu das especulações sobre os nomes dos novos ministros com esta saída: “Na
composição do ministério, a gente deve deixar as ondas baterem umas nas outras
para depois estudar a espuma”.
1985-90- O maranhense José Sarney que
ficou no lugar de Tancredo, em julho de 1985 soltou o verbo: “O destino não me
trouxe de tão longe para ser sindico da catástrofe...”
1990-92 – Fernando Collor na campanha
eleitoral: “Caçador de marajás”. “Não me deixem só”. No discurso de posse: “Vencer
ou vencer”. Além de divulgar suas mensagens em camisetas.
1994-98 - Slogan, usado nas campanhas
eleitorais de Fernando Henrique Cardoso à Presidência: "Gente em primeiro
lugar".
2003-11 - Luiz Inácio Lula da Silva: “Uma
palavra resume provavelmente a responsabilidade de qualquer governante. E essa
palavra é estar preparado´.”.“O futuro será melhor amanhã”. “Eu mantenho todas
as declarações erradas que fiz”. "Lá, a crise é um tsunami. Aqui, se
chegar, vai ser uma marolinha, que não dá nem para esquiar" (em 4 de
outubro de 2008, ao comentar os efeitos da crise financeira no país). "Tem
hora em que estou no avião e, quando alguém começa a falar bem de mim, meu ego
vai crescendo, crescendo, crescendo... Tem hora que ocupo, sozinho, três bancos
com o ego" (abril de 2010).
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