No outono (começa hoje, dia 20 de março
e termina dia 20 de junho) os dias ficam mais curtos e mais frios, anoitece
mais cedo. Depois de tanto calor nada como uma brisa fresca. Sinal que o outono
está chegando. As folhas de muitas árvores, arbustos e outras plantas começam a
pintar-se de muitas cores: amarelo, castanho e vermelho. Todas vão cair ao
longo dos meses de março, abril, maio e junho e cobrir o chão dos parques e das
ruas, formando tapetes coloridos. As frutas, já amadurecidas, também começam a
cair no chão.
Esta é a época das grandes
colheitas. Isto por que os países do hemisfério sul precisam se preparar para o
inverno que vem chegando. É necessário armazenar bastante comida para que nada
possa faltar. O outono é a natureza a envelhecer. Diz-se que uma pessoa está no
“outono da vida” quando a sua idade se aproxima da velhice. É tempo de
hortência, azaleia, flor de maio e margarida.
Quando o verão passa para o
outono, a energia da terra se transforma em metal. Nessa fase a energia começa
novamente a se condensar, se contrair, voltar-se para dentro para acumular e se
armazenar, assim como armazenamos nossos alimentos no outono, para sobreviver
no inverno. É a fase de liberar tudo que está gasto como as folhas das árvores
que caem para poupar a essência, que é então armazenada para suportar a fase
não produtiva da água, do inverno. Se nesta fase não houver bastante energia
para contrair, não haverá força suficiente para passar o inverno e o próximo ciclo
da madeira primavera será fraco. A energia do metal controla o pulmão, que
extrai a energia essencial e expele as toxinas do sangue e do intestino grosso,
que elimina a sujeira pesada enquanto retêm e recicla toda a água do organismo.
A cor da fase metal é o branco,
que dá origem a todas as cores, cor da pureza e da essência, relacionada com a
espiritualidade. O outono é a estação da introspecção e da meditação, de
reciclar sentimentos antigos, apegos externos e o excesso de emoções adquiridas
durante o verão, assim como as árvores se livram das folhas secas e buscam os
nutrientes de suas raízes. Se resistirmos a esta energia e ficarmos
aprisionados no passado podemos criar estados de melancolia, de tristeza e de
depressão que se manifestam em dificuldades respiratórias, dores nas costas,
problemas de pele e baixa resistência a doenças. Assim como o metal é a energia
refinada extraída da terra e lapidada pelo fogo, o outono é a estação onde
devemos extrair aprendizagens das atividades e experiências do verão,
transformando-as na quietude e sabedoria do inverno.
O outono chega e, com ele a brisa
que nos percorre o corpo ainda quente, vamos aos poucos começar a acalmar
depois de tanta energia consumida no verão. As primeiras folhas caem no chão,
sabemos que agora começa a época de acalmar de novo, de voltar a pôr os pés no
chão ao mesmo tempo que vamos saboreando e recordando as emoções que acabamos
de sentir no pico do verão. Procuramos o melhor aconchego, descansando um pouco
pra que as forças regressem para um novo ciclo. Estamos no momento de reflexão
e relaxamento após o êxtase, estamos a saborear tudo o que vivemos e a
incorporar em nós o que aprendemos. É o fim de um ciclo e o preparar um novo
ciclo. Um ciclo se encerra e outro vai começar.
No outono, as folhas de muitas
plantas caem, porque aqui se completa seu ciclo de vida. Como esta estação
antecede ao inverno, alguns animais já se previnem hibernando, enquanto outros
constroem esconderijos. A temperatura começa a cair, e a paisagem adquire um tom
ocre. É a estação da nostalgia. Os resíduos do verão ainda passeiam por entre
as cores e os comportamentos, mas o aconchego do inverno já espreita e,
timidamente vai se tomando o seu espaço.
O amor no outono se reveste de
sinais: sorrisos repentinos, olhar de devaneio, suspiros de veludo,
taquicardia, calafrios no estômago, sonhos acordados e uma sensação de estar em
outra galáxia. O sentimento nessa estação da vida possui os mesmos idênticos
sintomas de qualquer outra época porque ele não tem idade. Quando o amor
acontece, desperta o melhor de cada ser, sublima o que estava encerrado a sete
chaves, abre janelas, areja todos os cantos da alma, sacode poeiras e dá
sentido a todas as coisas. Ele é soberano e sábio. Escolhe seus parceiros e
lhes oferece a chance da felicidade. O amor outonal é conquista, é direito
adquirido, é superação, é serenidade. (Texto escrito em 2006)
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