“A farinha tá no sangue do nordestino/eu já sei desde menino o que ela
pode dar/e tem da grossa, tem da fina se não tem da quebradinha/vou na vizinha
pegar pra fazer pirão ou mingau/farinha com feijão é animal!/o cabra que não
tem eira nem beira/lá no fundo do quintal tem um pé de macaxeira/a macaxeira é
popular é macaxeira pr`ali, macaxeira pra cá/e em tudo que é farinhada a
macaxeira tá/você não sabe o que é farinha boa”.
Como já dizia o compositor
alagoano Djavan, “a farinha tá no sangue do nordestino”. Mesmo com a licença poética que lhe é
permitido, o músico tem toda razão. O nordestino é o principal consumidor
da
farinha do Brasil e está localizado no nordeste um dos principais pólos
nacional de produção de mandioca. De acordo com dados da Empresa Baiana de
Desenvolvimento Agrícola (EBDA), a Bahia é o segundo produtor brasileiro de
raiz de mandioca, produzindo um total de 4,6 milhões de toneladas por ano
ficando atrás apenas do Pará com 4,8 milhões de toneladas por ano.
Uma das principais responsáveis
por essa inserção do Estado nos dados nacionais está na organização da cultura
da mandioca pelo interior da Bahia. Prefeituras investiram na capacitação de
agricultores além de financiar a construção de casas de farinha que fomentam e
estruturam a produção agrícola. Um exemplo desta estrutura está na Cooperativa
Mista de Produtores Rurais do Sul da Bahia (Coomprus), que agrega a produção do
Baixo Sul, com os municípios de Ilhéus, Buerarema, São José da Vitória e Una,
todos considerados comunidade produtiva que possui o centro de produção
localizado no município de Buerarema.
A utilização da mandioca como matéria
prima para a fabricação de produtos biodegradáveis, como
copos plásticos, pratos,
sacolas, e iniciativas sustentáveis aplicáveis em eventos mundiais, como a Copa
de 2014 e Olimpíadas, foram assuntos discutidos durante o XV Congresso
Brasileiro de Mandioca realizado em outubro deste ano em Salvador. O
representante da Biomater Bioplásticos do Brasil, Ângelo Vicente, apresentou um
panorama do uso de plásticos biodegradáveis no Brasil e deixou os participantes
empolgados com a possibilidade da fabricação de copos, sacolas, pratos, dentre
outros produtos, feitos com resina proveniente da mandioca, para a Copa de 2014
A LENDA – Uma das lendas da tribo
indígena Tuxaua é sobre o nascimento de Mani. A historia começa com a expulsão
da filha de um importante chefe indígena. Conta a lenda, que a mulher foi
expulsa, pois engravidara de forma misteriosa, sem saber ao menos quem seria o
responsável por tal feito. Expulsa da comunidade a mulher foi morar em uma
cabana longe da aldeia onde nascera. Lá, passou os meses de gestação sozinha,
inclusive no seu parto.
A índia deu a luz a uma criança branca,
com a pele mais clara que eles já tinham visto. Deu a ela o nome de Mani. O
chefe e avó da criança não agüentou de curiosidade e foi conhecer a menina que
todos falavam ser linda. Logo que a conheceu, o avó se encantou e resolveu
perdoar todas as mágoas que tinha da filha. Assim, Mani cresceu feliz e amada
por todos. Logo que completou três anos de idade a menina faleceu e o mistério
rondou novamente a aldeia, pois não era sabido o motivo da morte, já que a
criança não estava doente.
A mãe transtornada, enterrou a
filha próximo a cabana onde havia nascido e, por lá, chorou durante dias
derramando lágrimas de tristeza. Dias após, a mãe percebeu que algo crescera no
local onde a menina estava enterrada. Estupefata, ela chamou toda a tribo para
ver. No local havia crescido uma raiz branca e o formato era de chifres. Todos
queriam provar daquela raiz misteriosa e foi assim que a mandioca se tornou o
principal alimentos dos índios da amazônia. (Mani – menina morta + Aca -
chifre)
Desde o século XVI a mandioca é
cultivada pelos indígenas passando posteriormente a ocupar a mesa dos
brasileiros acompanhando pratos ou sendo ela o prato principal. No Brasil, a
raiz da mandioca é consumida em forma de farinha, ou em pedaços fritos (beiju)
ou cozidos (pirão). Em regiões específicas como no Nordeste a farinha é
consumida misturada a outros alimentos. Na Bahia é muito comum a feitura da
farofa de dendê que acompanha os principais pratos de comida típica,
principalmente às sexta-feira. A farinha é também, principal ingrediente de
outros quitutes da culinária brasileira, como a Maniçoba no Pará, e movimenta
grandes vendas no mercado do Ver-o-Peso em Belém. Além dessas tradicionais e
conhecidas receitas, outras misturas são válidas. Basta apenas criatividade,
afinal “pererê não come nada sem farinha”, já dizia a baiana Ivete Sangalo.
O Brasil é o maior produtor de
mandioca do continente americano e participa com 15% da produção mundial. A
raiz, também conhecida como macaxeira ou aipim, é produzida em mais de 80
países. A cultura do aipim emprega na Bahia cerca de 175 mil pessoas, e sua
produção é a segunda mais importante do Brasil, daí os esforços para estimular
o cultivo. O município de Nazaré ficou famosa por sua produção excelente de
farinha de mandioca, e passou a ser chamada de Nazaré das Farinhas.
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