Em 1974 faz seu primeiro trabalho para um jornal, a Gazeta Mercantil. No mesmo ano começou a produzir material de campanha para o MDB durante as eleições. No ano seguinte trabalhou na produção de cartões de solidariedade no movimento de auxílio aos presos políticos. Em 1978 desenhou histórias do personagem João Ferrador para a publicação do sindicato dos metalúrgicos de São Bernardo do Campo. Mais tarde viria a fundar a Oboré, agência especializada em produzir material de comunicação para os sindicatos. A editora publicou seu livro Ilustração sindical (1986), com mil ilustrações, quadrinhos e caricaturas liberados para utilização por sindicatos e outras entidades.
Laerte fez cobertura jornalística de três copas: a de 78 (para o jornal O Estado de São Paulo), a de 82 (para a Folha de São Paulo) e a de 86 (para O Estado de São Paulo).No fim da década de 80 publicou tiras e histórias em quadrinhos nas revistas Chiclete com Banana (editada por Angeli), Geraldão (editada por Glauco) e Circo, todas da Editora Circo, que mais tarde lançaria sua própria revista (Piratas do Tietê).
Em 1985 lançou seu primeiro livro, O Tamanho da Coisa, uma coletânea de suas charges. Em 1991 a Folha de São Paulo começou a publicar as tiras de Piratas do Tietê. Regularmente o artista lança álbuns com coletâneas de suas tiras, principalmente pela Devir Livraria e L&PM Pocket. Em 2009, Laerte foi convidado para participar do álbum MSP 50 em homenagem aos 50 anos de carreira de Maurício de Sousa, Laerte criou uma história protagonizada por Franjinha e seu cachorro Bidu.
Ao longo dos seus mais de 30 anos de carreira, editou ou participou das revistas Circo, Chiclete com Banana, Piratas e outras. Criou personagens já bastante notórios como Os Piratas do Tietê, Fagundes (o irrecuperável puxa-saco), os habitantes do Condomínio (o Síndico, o Zelador), o Homem-Catraca (além das definições), Hugo Baracchinni (moderno) e muitos outros.
Nesses personagens notam-se as principais habilidades de Laerte com a arte sequencial: seu traço leve e reconhecível, a utilização de temas e linguagens cotidianos através de uma grafia próxima da fonética, a presença de questões filosóficas-existenciais de forma suave, única e desconcertante, o humor sutil e mordaz. Não dá para esquecer o humor de suas histórias como “A terceira margem” (“vocês sabem qual é o segredo do morcego/”), “Lingerie”, “A insustentável leveza do ser”, “A morte dos palhaços mudos”, “Fadas e bruxas”, “Crise”, “Penas”...
Estes são alguns personagens conhecidos de Laerte, sobretudo por suas tiras publicadas em jornais:
* Overman – Publicado como tira de quadrinhos no jornal Folha de S.Paulo, Overman é uma homenagem visual a Space Ghost, o super-herói espacial dos desenhos animados de Hanna-Barbera. Seu maior inimigo é o próprio ego.
* Deus - Tudo o que para nós é metafísico não passa de mera rotina para Ele. Agora que o mundo e a humanidade já estão criados, Ele gasta a maior parte do tempo em afazeres menores, como discutir com o arcanjo Gabriel e jogar cartas com Buda.
* Piratas do Tietê - Esses piratas trocaram o mar pelo não menos perigoso rio que corta a cidade de São Paulo. Hoje em dia a cidade é o alvo de seus saques e matanças.
* Hugo Baracchini - A visão cômica de Laerte do homem dos tempos modernos. Nele o autor criou uma eterna vítima dos problemas contemporâneos: ele já teve problemas em operar seu computador, teve de fugir de paparazzi, ficou complexado com o tamanho de seu pênis e chegou ao cúmulo de sentir saudades da ditadura.
* Suriá - personagem de Laerte voltada para o público infantil. Suriá é uma menina de 9 anos, que mora com a família em um circo (onde trabalha como trapezista). É uma das raras personagens negras de histórias em quadrinhos.
* O Condomínio – Tem Capitão Douglas que vive de pompas militares e de suas glórias do passado; o Zelador e o Síndico.
* A Gata e o Gato – Ele é inseguro, ela é decidida. Ele gosta de Beethoven, ela curte Luiz Melodia.
* Tem ainda Fagundes o Puxa Saco, Palhaços Mudos, Homem-Catraca, Los 3 Amigos (Laerton, Angeli Villa e Glauquito) e muito mais...
E Laerte reconhece, nessa altura da vida, a suposta falência do modelo de arte com o qual ele vinha trabalhando (a repetição constante de quem trabalha com a tira cômica), e que o passar do tempo leva a novas configurações culturais, que renascem do esgotamento de outras. Daí suas turas contemporâneas, carregadas de contemplatividade e sketches absurdos e às vezes abstratos, mas líricos, com pitadas de reflexão pontuada sobre as condições flutuantes da cultura de hoje.
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