16 fevereiro 2011

Eduardo Barbosa: Uma vida em função do quadrinho nacional. Autêntico (2)

Esta entrevista com Eduardo Barbosa foi publicada no Correio da Bahia do dia 15 de maio de 1979

Foto: Naira e Barbosa

Qual foi a sua primeira HQ?

EB – Meu primeiro personagem chamava-se Jim O´Hora, um detetive totalmente americano, com história desenvolvida em Chicago. Não tinha nada de brasileiro. Nunca chegou a ser publicada, graças a Deus! Joguei no lixo as suas 30 páginas. Não se perdeu grande coisa...


Quais as revistas que você desenhou?

EB – Vou tentar lembrar, sem ordem cronológica... Série Sagrada foi uma delas. Desenhei e escrevi muitas histórias. Uma delas, a do Bom Jesus da Lapa me fez merecer um título de cidadão da cidade, que o padre, na época, conseguiu. Acho até que já estou santificado de tanto fazer esses tipos de HQ. Também desenhei e escrevi sobre alguns personagens de Grandes Figuras, da Ebal. Desenhei, de Herculano, O Monge de Cistér, para os Clássicos Ilustrados. Convidado pelo Wilson Drummond, que conheci no Suplemento, desenhei as Minas de Prata, de Alencar, para a Rio Gráfica, além de outros romances. Lendas, aspectos e coisas do Brasil. Desenhei, também, durante algum tempo O Reizinho, de Soglow, para revista; O Cavaleiro Negro cuja série havia acabado nos Estados Unidos, mas que era bem aceita aqui no Brasil. Desenhava e escrevia as histórias. E por aí...

E você desenhou para alguma outra revista?

EB – Claro, mano. Diversas. Uma delas foi Bamba, que era editada pelo jornal Tribuna da Imprensa.


Que tipo de histórias?

EB – Uma delas, para redimir do pecado do detetive americanizado, foi a de um detetive carioca chamado Peri, que mais tarde publiquei em tiras diárias no jornal Última Hora. Não teve aceitação. Detetive com nome brasileiro, não pega. Só se for com apelido. Detetive Jacaré, por exemplo. É capaz de pegar...


E que mais fez você para Bamba?

EB – Desenhei Y-Juca-Pirama, de Gonçalves Dias; Alice no País das Maravilhas, de Carroll; O Último dos Moicanos, de Cooper, e como sempre gostei das nossas lendas, adaptei e desenhei O Negrinho do Pastoreiro, a Iára, o Boitatá, a Mula sem Cabeça, Cobra Grande e uma infinidade de outras histórias de nossa gente...


Você também desenhou para a editora paulista La Selva...

EB - Além de muitas histórias de terror que desenhei, fiz histórias de assombrações passadas no interior do Brasil, baseadas em fatos verídicos, e histórias infantis como Fuzarca e Torresmo, que antes era desenhada pelo Queiroz, que passou a desenhar Oscarito e Grande Otelo. Nessa época, cheguei a ter seis desenhistas e letristas trabalhando comigo, para que pudesse dar a produção exigida pelas diversas editoras.

E para a Rio Gráfica?

EB – Para a Rio Gráfica, como já disse, além dos romances nacionais quadrinizados, fiz o Reizinho, Cavaleiro Negro, algumas histórias do Fantasma Voador, que também foi desenhado pelo Getúlio Delfim e pelo Gutemberg Monteiro, e só me recusei de desenhar Jerônimo o herói do sertão porque o Moisés Weltmann queria um cangaceiro americanizado, com um colt 45 na cintura e com cidades do interior iguais as do oeste americano. O Edmundo Rodrigues topou isso. Talvez por falta de maiores conhecimentos do sertão...


E você queria o Jerônimo como cangaceiro?

EB – Eu queria como cangaceiro. Sugeri até o Djalma Sampaio que pedisse ao Moisés para mudar o nome do herói, para não ficar parecido com o do índio Jerônimo...Não sei se ele pediu ou não...Só sei que nos quadrinhos surgiu um cowboy e não um cangaceiro...Um negócio imoral, muito apelativo, sem raízes com saloons, cavalos amarrados na porta dos bares e até delegado com estrela de “marshall” na camisa....Assim mesmo a revista “pegou”, mas devido a força da Rádio Nacional, que transmitia a novela radiofonizada.


E se você desenhasse, como faria um herói do sertão?

EB – Faria baseado num Antonio Silvino, nos irmãos Nave ou em Lampião. Isso porque fiz durante anos uma pesquisa sobre o cangaço e passei a admirar tanto Antonio Silvino como Lampião. Dos dados compilados fiz um livro que publiquei como folhetim na imprensa do Rio, Lampião Rei do Cangaço, que o produtor Oswaldo Massaini leu, gostou, comprou os direitos e fez um filme estrelado pela Vanja Orico, Leonardo Vilar, Geraldo Del Rey e uma pá de bons artistas.

---------------------------------------------------

Quem desejar adquirir o livro Bahia um Estado D´Alma, sobre a cultura do nosso estado, a obra encontra-se à venda nas livrarias LDM (Piedade), Galeria do Livro (Boulevard 161 no Itaigara e no Espaço Cultural Itau Cinema Glauber Rocha na Praça Castro Alves), na Pérola Negra (ao lado da Escola de Teatro da UFBA, Canela) e na Midialouca (Rua das Laranjeiras,28, Pelourinho. Tel: 3321-1596). E quem desejar ler o livro Feras do Humor Baiano, a obra encontra-se à venda no RV Cultura e Arte (Rua Barro Vermelho, 32, Rio Vermelho. Tel: 3347-4929.

4 comentários:

Anônimo disse...

QUE BOM PODER TER UMA RECORDAÇÃO DO MEU PAI EDUARDO DE MOURA BARBOSA, ATRAVÉS DESSE BLOG.
ELE FOI CASADO COM MINHA MÃE NO RIO DE JANEIRO E TEVE 3 FILHOS COM ELA, SENDO 1 HOMEM E 2 MULHERES.
É, ELE NOS DEIXOU PARA IR Á TRABALHO PARA SALVADOR, DIZENDO QUE IRIA VOLTAR PRA NOS BUSCAR E ISSO NÃO ACONTECEU, POIS ELE SE ENCANTOU COM A NAIRA E FICOU POR AÍ, DEIXANDO SUA RESPONSABILIDADE DE MARIDO E PAI DE LADO.
INFELIZMENTE SÓ FIQUEI SABENDO DO FALECIMENTO DELE HOJE DIA 15/11/2011, QUANDO POR ACASO ENTREI NESTE BLOG.
BOM, NO MAIS, FICO FELIZ EM SABER QUE ELE FOI UM HOMEM BOM PARA ALGUÉM.
SOU A FILHA DELE CAÇULA AQUI NO RIO, HOJE COM 43 ANOS E ME CHAMO JACQUELINE ANDRÁ DA SILVA BARBOSA.

Anônimo disse...

Jacqueline

Conheci Eduardo Barbosa quando ele veio a Salvador fazer uma reforma no Diário de Notícias. Ele me contou que sua familia do Rio havia morrido numa enchente, e não gostava de tocar nesse assuntoi. Mais tarde conheceu Naira e constriu uma nova família. Essa é a história que sei

Anônimo disse...

PARA MIM E MINHA FAMÍLIA FOI MUITO REVOLTANTE SABER DESSA NOVIDADE, DE QUE MORREMOS NUMA ENCHENTE.
INTERESSANTE QUE MINHA MÃE FOI Á SALVADOR ENCONTRA-LO, E ELE JÁ ESTAVA COM A NAIRA, MAS ELA SÓ FOI PORQUE ELE ENVIAVA INÚMERAS CARTAS DE AMOR PRA ELA, DIZENDO QUE ESTAVA CONSTRUINDO NOSSA CASA, E QUE BREVE VOLTARIA PARA NOS BUSCAR.
MAS É ASSIM MESMO, PESSOA SEM CARATER E SEM ESCRÚPULOS, SÓ PODERIA INVENTAR DIVERSAS MENTIRAS.
E MAIS UMA DELAS É QUE ELE NUNCA FOI ARQUITETO.
QIUEM MERECIA DESTAQUE EM JORNAIS E REVISTAS É MINHA MÃE, QUE NOS CRIOU SOZINHA, TRES FILHOS COM IDADE DE 5,6 E 7 ANOS QUE ELE ABANDONOU NA RUA.
MINHA MÃE UMA MULHER DÍGNA, QUE CASOU COM ELE QUANDO TINHA 18 ANOS DE PAPEL PASSADO.
E QUANDO ELA QUIS DIVORCIAR, TEVE QUE SER POR EDITAL, PORQUE ELE FAZIA QUESTÃO DE NUNCA MAIS RESPONDER.
AH OUTRA COISA, MINHA IRMÃ ESTEVE EM SALVADOR, JÁ NA ADOLESCENCIA PARA VE-LO , E ELE VEIO COM ELA PRO RIO, E ELA ESTEVE COM ELE NO ALMOÇO NO LEBLON, QUANDO ELE TOMOU UM PORRE FINGINDO SER QUEM NÃO ERA.
USURPANDO A IDENTIDADE DE UM DESENHISTA.
BOM, QUE BOM QUE AGORA VOCE ESTÁ CIENTE DA VERDADEIRA HISTÓRIA.
E SE QUISER TENHO PROVAS REAIS DE TUDO QUE ESTOU ESCREVENDO, PARA QUEM SABE UM DIA VC PUBLICAR.
A VERDADEIRA HISTÓRIA DE UM JORNALISTA MEDÍOCRE, HIPÓCRITA, CAFAGESTE, MENTIROSO QUE INFELIZMENTE FOI MEU PAI.

OBRIGADA SR.GUTEMBERG PELO RETORNO.

Anônimo disse...

E IA ME ESQUECENDO, A NAIRA "ESPOSA", PARA MIM AMANTE, CONHECEU A MINHA MÃE E NÓS TRÊS , OS FILHOS, INCLUSIVE ELA VEIO AO RIO DE JANEIRO COM MEU PAI QUANDO ELE TENTOU NOS SEQUESTRAR PARA LEVAR PARA BAHIA. ELA TINHA CIÊNCIA DE TUDO, PARTICIPAVA DE TODA ESSA SUJEIRA. POIS MINHA MÃE PRECISAVA TRABALHAR, E ELE JUNTO COM A NAIRA APROVEITOU A OPORTUNIDADE QUE MINHA MÃE NÃO ESTAVA EM CASA,PARA NOS LEVAR ESCONDIDO, FICANDO CONOSCO POR 3 DIAS ESCONDIDO NUM PRÉDIO EM COPACABANA.MASA GRAÇAS A DEUS MINHA MÃE CONSEGUIU NOS ENCONTRAR.

BOM SR.GUTEMBERG, EU SEI QUE O SR. NÃO TEM NADA A VER COM ESSA HISTÓRIA, MAS EU QUERO MUITO DEIXAR REGISTRADO ESSA VERDADE.
ESSA É A HISTÓRIA REAL, PURA E VERDADEIRA, INCLUSIVE EU SEI QUE TENHO UM IRMÃO EM SALVADOR, POR PARTE DE PAI.
MAS NÃO TENHO A MÍNIMA VONTADE DE CONHECE-LO.

OBRIGADA POR PODER DEIXAR MEU COMENTÁRIO REGISTRADO NO SEU BLOG, ESPERO QUE OUTRAS PESSOAS, TENHAM A CURIOSIDADE DE CONHECER ESSA HISTÓRIA.
DARIA ATÉ UM LIVRO.

BOA NOITE.