22 fevereiro 2011

Altos e Baixos em Salvador (1)

O que falta nessa cidade?
Verdade.
Que mais por sua desonra?
Honra.
Falta mais
quer se lhe ponha.
Vergonha?” (Gregório de Mattos)




De tanto ver triunfar as nulidades;

de tanto ver prosperar a desonra, de tanto ver crescer a injustiça.

De tanto ver agigantarem-se os poderes nas mãos dos maus,

o homem chega a desanimar-se da virtude,

a rir-se da honra e a ter vergonha de ser honesto” (Ruy Barbosa)


Acessibilidade


Cerca de 500 mil pessoas (16% do continente populacional de Salvador segundo dados do IBGE) possui algum tipo de deficiência. Este número elevado não é respeitado o Decreto 5.296/04, que regulamenta a Lei de Acessibilidade (10.098/00). A lei obriga os poderes públicos a garantirem acessibilidade, nos espaços, seja público ou privados, às pessoas com deficiência e mobilidade reduzida (idosos, crianças, gestantes, obesos). Mas em Salvador isso não acontece. As calçadas estão esburacadas e estreitas, ausência de rampas, de avisos auditivos e sinalizadores, além de transporte coletivo ineficiente para pessoas com deficiência. Na Bahia são mais de dois milhões de pessoas com algum tipo de deficiência, ou seja, cerca de 15% da população do Estado. Como sempre acontece por essas bandas, não houve a aprovação nem implementação do Conselho Municipal dos Direitos de Pessoas com Deficiência. Um atraso de vida!


Memória


A Bahia de tanta diversidade cultural não possui até hoje um espaço reservado à documentação, memória e resgate das expressões culturais do povo baiano. A arquiteta Lina Bo Bardi tentou construir, no início dos anos 60, um acervo de qualidade. A ditadura militar e o desinteresse dos governantes locais relegaram o acervo aos porões do Solar do Unhão. Sei do esforço da Secretaria de Cultura do Estado mas precisam com urgência documentar as danças, procissões, rezadeiras, curandeiros, lendas e crenças, o cancioneiro dos morros, das praias e da caatinga, os carnavais e as receitas tradicionais, os boiadeiros, vaqueiros, as rendeiras e os artesãos. São essência da nossa cultura a se perder de vista.


Xixi

A cultura de fazer xixi na rua continua sendo uma das práticas mais populares e persistentes na capital das tradições. O mau cheiro, entretanto, aguça a memória. A Praça Castro Alves, aos pés do poeta são um dos 53 locais públicos mais procurados por quem batiza com xixi as ruas do Centro Histórico de Salvador. A lista dos mijódromos inclui a Avenida Tancredo Neves, Suburbana e Contorno, as praias de Boa Viagem, e do Cantagalo, Largo dos Mares, fim, de linha da Ribeira e o terminal Rodoviário de Salvador.



Planejamento


A improvisação é a tônica entre nós, e poucos são os que se dedicam ao planejamento. Tudo aqui é festa em última instância. Nada de preparação, pesquisa e boa atuação. “Todo planejador devia andar com um mapa no bolso. O mapa representa o espaço, e as relações econômicas e sociais se realizam nele. É preciso, por exemplo, começar a pensar a Bahia de forma espacial”, escreveu o economista Armando Avena. A falta de planejamento e de manutenção do espaço público pelos poderes públicos cria uma crise de gestão em Salvador. A coleta de lixo é ineficaz, o centro e periferia são tomadas pelo crime, monumentos abandonados....



Tecnologia

A cidade carece de um sistema estadual de ciência e tecnologia capaz de formular políticas e buscar o consenso dos diversos setores representados, interessados em prover o governo de sugestões para um plano consistente em ciência, tecnologia e inovação, a curto e longo prazo.


Virada


Salvador está precisando urgentemente de uma virada histórica. É uma cidade de 500 anos que ainda mantém hábitos medievais. Você tem os senhores feudais encastelados, o populacho e lixo, muito lixo nas ruas” (Fabio Cascadura, vocalista e guitarrista da banda Cascadura – A Tarde. 08/02/2011. Caderno 2)

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Quem desejar adquirir o livro Bahia um Estado D´Alma, sobre a cultura do nosso estado, a obra encontra-se à venda nas livrarias LDM (Piedade), Galeria do Livro (Boulevard 161 no Itaigara e no Espaço Cultural Itau Cinema Glauber Rocha na Praça Castro Alves), na Pérola Negra (ao lado da Escola de Teatro da UFBA, Canela) e na Midialouca (Rua das Laranjeiras,28, Pelourinho. Tel: 3321-1596). E quem desejar ler o livro Feras do Humor Baiano, a obra encontra-se à venda no RV Cultura e Arte (Rua Barro Vermelho, 32, Rio Vermelho. Tel: 3347-4929.

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