Na vila francesa de Châtillon-sur-Seine, ela era Alice Prin. Na Paris boêmia e genial dos anos 20, tornou-se Kiki de Montparnassi, uma das figuras mais carismáticas e adoradas do período entre guerras. Companheira de Man Ray e musa de outros tantos como Moise Kisling, Fujita Tsuguharu, Perkrog, Calder, Léger, Utrillo, Picasso, Cocteau, Modigliani entre outros. Ela foi eternizada em quadros, fotos e manifestos. Mas não pense que Kiki foi apenas musa de uma geração que procurava eliminar a ressaca da Grande Guerra. Ela foi uma das primeiras mulheres emancipadas daquele século. Muito além da liberdade emocional e sexual, Kiki ansiava por outra liberdade – de expressão de pensamento.
Nesta graphic novel biográfica de Catel Muller e José Louis Bocquet conhecemos a vida de Kiki como modelo e cantora, as noites nos cabarés, o longo relacionamento com Man Ray, a amizade com Fujita, sua biografia censurada (com prefácio de Ernest Hemingway), enfim, a ascensão e queda de uma estrela que assombrou e conquistou uma geração de artistas.
SURREALISMO - O pintor polonês Maurice Mendjisky a retratou em “Kiki de Montparnasse”, tela de 1921 e foi a foto mais representativa da surrealismo. Depois, a moça roliça, de nariz proeminente e cabelos à la Louise Brooks, que ganhava uns trocados posando para pintores do bairro francês, ainda se envolveria com outros artistas, como Moïse Kisling, Fujita Tsuguharu e, finalmente, Man Ray, seu grande amor. E ela aparece na foto mais famosa do autor: “O violino de Ingres”. A imagem de 1924 é tão forte que serve de referência para a capa de “Kiki de Montparnasse”, volumosa biografia em quadrinhos escrita por José-Louis Bocquet e ilustrada por Catel Muller, ambos franceses. A história desta mulher de personalidade forte, que participou de movimentos artísticos importantes como o movimento dadaísta, foi pesquisada por Bocquet. O livro tem 416 páginas
Durante os sete anos em que viveram juntos, Kiki e Man Ray tiveram uma relação tumultuada, em que os dois experimentaram outros parceiros. Mas foi através do fotógrafo que ela fez amizades com artistas como Jean Cocteau, Marcel Duchamp, Pablo Picasso e Ernest Hemingway. A trajetória de Alice Prin é contada em detalhes, da infância pobre aos últimos dias, também vividos sem dinheiro e às custas da ajuda de outros. São 30 capítulos da artista que entrou para o circuito artístico francês por conta do trabalho de modelo vivo.
PSEUDÔNIMO - Kiki de Montparnasse é a biografia de Alice Prin, que usava o pseudônimo como modelo, atriz, pintora e musa de vários artistas da Paris na primeira metade do século 20. O álbum de Cate e José-Louis Boucquet foi premiado no Festival de Angoulême de 2008.
Ícone sexual da vida boemia de Paris, Kiki era uma mulher que se viu envolvida em uma vida que não estava prevista para ela e que soube aproveitar ao máximo. Saiu de uma cidade pequena francesa para cair, sem querer, nas ruas de Paris em plena entreguerras. Mesmo sendo modelo sua principal trabalho, atividade que defendeu com dignidade em um tempo em que se considerava prostitutas às modelos, também triunfou como pintora, como cantora de cabaré e como atriz.
Chegou a ser a personagem mais popular da noite parisina e coroada rainha de Montparnasse. Para ela todos os dias eram u
ma grande festa, tal era sua paixão pela vida que mesmo nos inumeráveis momentos de penúria econômica, sempre se sobrepôs porque na verdade se conformava com pouco. E quando teve dinheiro o dedicou a gastá-lo com seus amigos e, nos últimos anos, a compartilhar o pouco que tinha então com diversas instituições benéficas. Esta é a faceta abordada na obra.
AUTORES - José-Louis Bocquet publicou seu primeiro romance pela Gallimard. Desde então, assinou outros sete e também biografias dedicada a Henri-Georges Clouzot, Georges Lautner e René Goscinny. Como escritor de quadrinhos, começou nas páginas da Metal Howling, e, em seguida, assinou uma dúzia de álbuns com artistas como Serge Clerc, Arno, Max, Philippe Berthet, Francis Vallès, Andréas Geffe e Stanilas. Kiki de Montparnasse é sua primeira graphic novel.
Catel Muller ilustrou mais de cinquenta livros, como as aventuras de Marion & Charles, com Fanny Joly, e a L´Encyclo dês filles, com Sonia Feertchak. Nos quadrinhos, criou a série Lucie, com a escritora Véronique Grisseaux. Desde então, três outros volumes desta heroína muito moderna foram publicadas. Catel também co-assinou, com De Metter, Le Sang dês Valentines, publicado pela Casterman e vencedor do prêmio Angoulême, em 2005.
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