Na década de 60 o então prefeito de Ipiaú, o ex-secretário da Agricultura e Reforma Agrária, Euclides Neto, decretou a Lei do Jegue. Desde então ficou permitido a todo o jegue ipiauiense trafegar livremente pelas ruas e se alimentar dos pastos públicos. Reconhecimento raro e digno pelos anos de trabalho escravo pela economia da cidade. O reconhecimento político-social como este só é superado pelo reconhecimento científico que veterinários tem para com o animal. A biologia molecular explica que a mistura do sangue eqüino com o sangue do jumento dá muito mais resistência aos muares com o aumento do teor da hemoglobina, apesar deste híbrido ser geralmente estéril. Por outro lado, não são poucos os relatos de memória prodigiosa e habilidades especiais, a exemplo de abrir porteiras e passar por debaixo de cercas.
Carlos Querino, técnico da Secretaria Municipal de Transporte, que conhece a história do transporte de massa de Salvador com a palma da mão, garante que a introdução do jegue como animal de tração dos antiguíssimos bondes (antes da eletrificação do sistema), foi a grande tecnologia para colocar o sistema soteropolitano entre os mais eficientes do país. “A vantagem sobre o cavalo é porque o jegue tem memória de ponto, inclusive do tempo de parada do bonde. Salvador foi a primeira capital a experimentar o jegue, depois foi São Paulo, Rio de Janeiro e Recife a aposentarem os cavalos. Isso é o que os cientistas querem inventar e ainda não conseguiram: Um transporte ecologicamente correto, silencioso e de energia facilmente renovável”, pontua Querino.
Também assim como o baiano, o jegue povoa o imaginário fantástico de brasileiros e estrangeiros com piadas, músicas, peças teatrais e literárias, passando pelo o universo sexual até chegar na iconografia política. Política sim, e porque não? Se nos Estados Unidos o jumento é o símbolo do Partido Democrata, na Bahia o candidato a vereador pelo PMDB mais votado nas eleições de 1986 foi, nada menos, que Bira do Jegue, que montou no jumento “Nino” para fazer campanha e foi flagrantemente copiado por Fernando Henrique Cardoso e por Carlos Menen, da Argentina. Humorista criado com “leite de jega preta”, Bira escreveu uma peça no melhor estilo besteirol: Sou um Jegue na Cama, que, “injustiçada tal qual o animal”, não recebeu a merecida atenção dos patrocinadores.
Foi o jegue quem inspirou Monteiro Lobato a criar o personagem “Burro Falante”, do Sito do Pica Pau Amarelo, invariavelmente dono dos conselhos mais sensatos. Se Luiz Gonzaga, o Rei do Baião, fez versos em louvor asinino, o consagrando em canções como “O jumento é o nosso Irmão”e “Apologia ao Jumento”, até hoje Genival Lacerda procura sucesso maior do que a música “De quem é esse Jegue?”. Para completar, a sabedoria popular nos diz que o jegue é o único animal que já nasce alfabetizado, comparando o rincho (quem relincha é cavalo) do jumento ao A, E, I, O, U, sempre repetindo o ipsilone (Y) no final. Por isso, baiano, se em alguma briga de trânsito o compararem a este animal de carga, não se sinta inferiorizado. Levante a cabeça, estufe o peito e passe soberano, tal qual jegue enfeitado na Lavagem do Bonfim.
Carlos Querino, técnico da Secretaria Municipal de Transporte, que conhece a história do transporte de massa de Salvador com a palma da mão, garante que a introdução do jegue como animal de tração dos antiguíssimos bondes (antes da eletrificação do sistema), foi a grande tecnologia para colocar o sistema soteropolitano entre os mais eficientes do país. “A vantagem sobre o cavalo é porque o jegue tem memória de ponto, inclusive do tempo de parada do bonde. Salvador foi a primeira capital a experimentar o jegue, depois foi São Paulo, Rio de Janeiro e Recife a aposentarem os cavalos. Isso é o que os cientistas querem inventar e ainda não conseguiram: Um transporte ecologicamente correto, silencioso e de energia facilmente renovável”, pontua Querino.
Também assim como o baiano, o jegue povoa o imaginário fantástico de brasileiros e estrangeiros com piadas, músicas, peças teatrais e literárias, passando pelo o universo sexual até chegar na iconografia política. Política sim, e porque não? Se nos Estados Unidos o jumento é o símbolo do Partido Democrata, na Bahia o candidato a vereador pelo PMDB mais votado nas eleições de 1986 foi, nada menos, que Bira do Jegue, que montou no jumento “Nino” para fazer campanha e foi flagrantemente copiado por Fernando Henrique Cardoso e por Carlos Menen, da Argentina. Humorista criado com “leite de jega preta”, Bira escreveu uma peça no melhor estilo besteirol: Sou um Jegue na Cama, que, “injustiçada tal qual o animal”, não recebeu a merecida atenção dos patrocinadores.
Foi o jegue quem inspirou Monteiro Lobato a criar o personagem “Burro Falante”, do Sito do Pica Pau Amarelo, invariavelmente dono dos conselhos mais sensatos. Se Luiz Gonzaga, o Rei do Baião, fez versos em louvor asinino, o consagrando em canções como “O jumento é o nosso Irmão”e “Apologia ao Jumento”, até hoje Genival Lacerda procura sucesso maior do que a música “De quem é esse Jegue?”. Para completar, a sabedoria popular nos diz que o jegue é o único animal que já nasce alfabetizado, comparando o rincho (quem relincha é cavalo) do jumento ao A, E, I, O, U, sempre repetindo o ipsilone (Y) no final. Por isso, baiano, se em alguma briga de trânsito o compararem a este animal de carga, não se sinta inferiorizado. Levante a cabeça, estufe o peito e passe soberano, tal qual jegue enfeitado na Lavagem do Bonfim.
Um comentário:
Através de um colega da Facom, vim tomar contato com o seu blog. Considero-o interessante, a começar pela leveza dos textos, do layout utilizado e a variedade de assuntos abordados. Aproveito o ensejo para lhe informar sobre outras fontes biográficas de Cipriano Barata, fora do circuito livreiro atual. Gostaria de manter contato com você, Gutemberg. Acompanho seu trabalho desde a publicação de "Cronologia", no Correio da Bahia, na década de 80.
Um abraço(leitor76@uol.com.br)
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