04 maio 2007

Música & Poesia

Por Enquanto (Renato Russo)


Mudaram as estações e nada mudou

Mas eu sei que alguma coisa aconteceu

Está tudo assim tão diferente

Se lembra quando a gente chegou um dia a acreditar

Que tudo era pra sempre

Sem saber

Que o pra sempre, sempre acaba

Mas nada vai conseguir mudar o que ficou

Quando penso em alguém

Só penso em você

E aí então estamos bem

Mesmo com tantos motivos pra deixar tudo como está

E nem desistir, nem tentar

Agora tanto faz

Estamos indo de volta pra casa



Cadê? (Luis Turiba)

Se a poesia do dia-a-dia se evaporar, não se apavore
Se o buquê do vinho tinto fugir do cálice, não se cale
Se o vapor do teu calor não mais chover, não chore
Se uma lágrima rolar na face o meu habitat, álibi-se.

Se o fogo azul do travesseiro negar-se às trevas, trave
Se o tempo virar rotina e o apetite pitar teu cinto, sinta
Se a chama suave do amor chamuscar tua nave, chave
Se as estrelas perderem a trilha e o sol murchar, minta

Se a fere louca apertar tua boca e te deixar verde, sede
Se o Deus das trevas voar, fluir, dançar em ti, não toque
Se a fome, a sede, o sol do senhor secar teu pasto, saque

Se o silêncio penetrar tua alma com luz extrema, que pena!
Final, se não sou traço, se não sou virgula, tampouco tremas
Sou linguagem. E de todas as fuselagens – saco um poema.

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