Os álbuns de figurinhas exercem um grande fascínio sobre as crianças e adolescentes. No momento, estão circulando cerca de 30 nas bancas de jornais e revistas. A febre voltou e a garotada fica ansiosa para completar seus álbuns, cujas figurinhas ou cromos reproduzem imagens fotográficas ou desenhos de artistas de cinema, personagens de quadrinhos, futebol, animais e uma infinidade de temas. Muitas crianças quando têm figurinhas repetidas, fazem troca ou “bafo”. Conheça um pouco mais dessa mania de mais de um século.
Utilizando a estampa de personagens consagrados como os da Turma da Mônica, Jaspion, Pica Pau, Snoopy, Bob Esponja, Zé Carioca e Popeye, estão de volta os álbuns de figurinhas. As editoras adotam os lançamentos regionalizados. Um álbum é lançado primeiro em uma região e, dependendo da aceitação, o lançamento é feito em outra região. Isto evita a falta de figurinhas e permite lançamentos semestrais.
Os Super-Heróis da Marvel com figurinhas do Capitão Marvel, Homem Aranha, Justiceiro, X-Men, Os Vingadores e muitos outros fizeram sucesso no Brasil. Quando o garoto começa a comprar as figurinhas nas bancas para completar o álbum, alguns que falta ele troca com os amigos na escola ou faz o tradicional bafo. A brincadeira bafo é feita quando se tem vários cromos duplicatas. Então os garotos colocam as figurinhas no chão e bate com a mão semi-fechada (em forma de concha), “abafando” a figurinha para ela virar para o lado direito.
“A figurinha hoje não é mais artística. Antes era colorida a mão e tinha uma série de formatos, abrangendo toda a cultura universal. Atualmente, é mais comercializada, enquanto que, naquela época, era mais informativa e cultural. Basta conhecer as estampas do sabonete e creme dental Eucalol que dava condições às pessoas de terem conhecimento geral”. A opinião é de Antônio Marcelino, fundador do Tempostal, o templo dos postais. E ele mostrou, emocionado, as estampas de Eucalol, “verdadeira enciclopédia”, apresentando o Brasil antigo, lendas, danças, brasões, uniformes do Brasil colonial, a vida de grandes vultos. No verso das estampas, as legendas informativas das imagens. Marcelino mostrou também o álbum de Branca de Neve, dos 40, e muitos outros, mas sua verdadeira paixão é pelo cartão-postal.
PÚBLICO - Destinados a um público quase que exclusivo e necessariamente infantil, muitas crianças quando têm figurinhas repetidas fazem trocas ou bafo. Além das diferentes abordagens que podem ter, como futebol, animais, atores, transportes e outros temas já incorporados ao universo temático do livro de figurinhas os álbuns deixam muito pouco espaço para que aflorem outras atualidades, como a mulher, o negro, o operário, o índio, o meio ambiente, o Carnaval e/ou festas populares.
Para o jornalista Gonçalo Júnior, “os temas variam de acordo com os modismos da época. Outrora traziam as fotografias de tricampeões mundiais de futebol, como Pelé e Tostão; depois, a seleção dos principais inventores ou aqueles que fizeram a nossa história; a seguir, os ases da Fórmula 1; até chegar aos personagens de quadrinhos e, por fim, os fantásticos intergaláticos e heróis da televisão que fazem a fantasia da garotada. Elas são as imortais figurinhas para colecionar. E não tem dado outra: geração vem, geração vai e elas estão aí”.
“Como explicar isso?”, pergunta Gonçalo. “Talvez uma análise mais aprofunda sobre o assunto seja uma tarefa para psicólogos, cientistas sociais e colegas afins. Mesmo a grosso modo, o que causa tanta euforia nos colecionadores de figurinhas? Seria o suspense do próximo pacotinho, a figurinha tão esperada? A curiosidade infantil em montar as seqüências e ter a história (narrada em cromos – outra denominação das figurinhas) ou esse nosso incansável desejo de conquista, de completar aquele desafio? Provavelmente isso e um pouquinho mais, já que as figurinhas não fascinam só seu público-alvo, as crianças. Muitos adultos aproveitam a empolgação dos seus filhos e netos e se entregam por completo a essa aventura de completar o álbum, até financiando altos investimentos em pacotinhos”.
Apesar do alto custo para se completar um álbum, nem sempre as figurinhas são distribuídas com “boas intenções”. Ainda hoje é comum – e a imprensa tem denunciado – no interior do estado, a circulação de figurinhas “enganosas”, prometendo milhares de prêmio valiosos como inúmeras bicicletas, televisores e até carros – que nunca são ganhos. Elas se caracterizam por desenhos malfeitos, papel de baixa qualidade e impressão inferior, facilmente falsificável. O golpe é o mesmo em todo lugar: o colecionador só ganha o valioso prêmio se completar uma seqüência ou página (tipo quebra-cabeça). O detalhe: gastam-se “fortunas” na busca da figurinha premiada que nunca é encontrada – sequer chegam a ser impressa. A não ser que o prêmio seja um jogo de copos ou uma bandeja de custo menor. (Esta reportagem foi anteriormente publicada no jornal A Tarde, 28/07/1991). Amanhã contaremos como essa mania começou.
Utilizando a estampa de personagens consagrados como os da Turma da Mônica, Jaspion, Pica Pau, Snoopy, Bob Esponja, Zé Carioca e Popeye, estão de volta os álbuns de figurinhas. As editoras adotam os lançamentos regionalizados. Um álbum é lançado primeiro em uma região e, dependendo da aceitação, o lançamento é feito em outra região. Isto evita a falta de figurinhas e permite lançamentos semestrais.
Os Super-Heróis da Marvel com figurinhas do Capitão Marvel, Homem Aranha, Justiceiro, X-Men, Os Vingadores e muitos outros fizeram sucesso no Brasil. Quando o garoto começa a comprar as figurinhas nas bancas para completar o álbum, alguns que falta ele troca com os amigos na escola ou faz o tradicional bafo. A brincadeira bafo é feita quando se tem vários cromos duplicatas. Então os garotos colocam as figurinhas no chão e bate com a mão semi-fechada (em forma de concha), “abafando” a figurinha para ela virar para o lado direito.
“A figurinha hoje não é mais artística. Antes era colorida a mão e tinha uma série de formatos, abrangendo toda a cultura universal. Atualmente, é mais comercializada, enquanto que, naquela época, era mais informativa e cultural. Basta conhecer as estampas do sabonete e creme dental Eucalol que dava condições às pessoas de terem conhecimento geral”. A opinião é de Antônio Marcelino, fundador do Tempostal, o templo dos postais. E ele mostrou, emocionado, as estampas de Eucalol, “verdadeira enciclopédia”, apresentando o Brasil antigo, lendas, danças, brasões, uniformes do Brasil colonial, a vida de grandes vultos. No verso das estampas, as legendas informativas das imagens. Marcelino mostrou também o álbum de Branca de Neve, dos 40, e muitos outros, mas sua verdadeira paixão é pelo cartão-postal.
PÚBLICO - Destinados a um público quase que exclusivo e necessariamente infantil, muitas crianças quando têm figurinhas repetidas fazem trocas ou bafo. Além das diferentes abordagens que podem ter, como futebol, animais, atores, transportes e outros temas já incorporados ao universo temático do livro de figurinhas os álbuns deixam muito pouco espaço para que aflorem outras atualidades, como a mulher, o negro, o operário, o índio, o meio ambiente, o Carnaval e/ou festas populares.
Para o jornalista Gonçalo Júnior, “os temas variam de acordo com os modismos da época. Outrora traziam as fotografias de tricampeões mundiais de futebol, como Pelé e Tostão; depois, a seleção dos principais inventores ou aqueles que fizeram a nossa história; a seguir, os ases da Fórmula 1; até chegar aos personagens de quadrinhos e, por fim, os fantásticos intergaláticos e heróis da televisão que fazem a fantasia da garotada. Elas são as imortais figurinhas para colecionar. E não tem dado outra: geração vem, geração vai e elas estão aí”.
“Como explicar isso?”, pergunta Gonçalo. “Talvez uma análise mais aprofunda sobre o assunto seja uma tarefa para psicólogos, cientistas sociais e colegas afins. Mesmo a grosso modo, o que causa tanta euforia nos colecionadores de figurinhas? Seria o suspense do próximo pacotinho, a figurinha tão esperada? A curiosidade infantil em montar as seqüências e ter a história (narrada em cromos – outra denominação das figurinhas) ou esse nosso incansável desejo de conquista, de completar aquele desafio? Provavelmente isso e um pouquinho mais, já que as figurinhas não fascinam só seu público-alvo, as crianças. Muitos adultos aproveitam a empolgação dos seus filhos e netos e se entregam por completo a essa aventura de completar o álbum, até financiando altos investimentos em pacotinhos”.
Apesar do alto custo para se completar um álbum, nem sempre as figurinhas são distribuídas com “boas intenções”. Ainda hoje é comum – e a imprensa tem denunciado – no interior do estado, a circulação de figurinhas “enganosas”, prometendo milhares de prêmio valiosos como inúmeras bicicletas, televisores e até carros – que nunca são ganhos. Elas se caracterizam por desenhos malfeitos, papel de baixa qualidade e impressão inferior, facilmente falsificável. O golpe é o mesmo em todo lugar: o colecionador só ganha o valioso prêmio se completar uma seqüência ou página (tipo quebra-cabeça). O detalhe: gastam-se “fortunas” na busca da figurinha premiada que nunca é encontrada – sequer chegam a ser impressa. A não ser que o prêmio seja um jogo de copos ou uma bandeja de custo menor. (Esta reportagem foi anteriormente publicada no jornal A Tarde, 28/07/1991). Amanhã contaremos como essa mania começou.
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