11 janeiro 2007

Humor gráfico na Bahia (4)

A tira de quadrinhos Fala Menino, do ilustrador Luís Augusto, discute o relacionamento do mundo adulto com a infância apresentando a diversidade do universo infantil e contribuindo para que a criança tenha voz atuante na sociedade. É uma das mais premiadas. A tira está sendo publicada no jornal A Tarde, além de vários livros editados e acaba de alçar seu vôo mais alto. Ganhou as telas das TVs dos lares baianos. Trata-se de uma série de 15 capítulos (de 45 segundos cada) que ficou no ar na programação das emissoras da Rede Bahia. Depois os episódios serão reapresentados pela TVE.

A turma do Fala Menino é formada por 26 amigos. Alguns chamam a atenção pelas características quase nunca presentes em histórias em quadrinhos como Rafael que é deficiente visual, Bruninho com síndrome de Down, e Caio, um cadeirante. A maneira de tratar temas tão delicados funciona como um alerta para pais, educadores e adultos de uma maneira geral aprenderem a lidar com assuntos que fazem parte da vida de qualquer criança. As histórias que Lucas nos conta são sobre o relacionamento do mundo adulto com a infância. Ele nos fala de diferenças físicas ou sociais, de superação de limites, de inclusão, de responsabilidade social com a naturalidade das lições que apenas a infância sabe dar.

Antônio Luiz Ramos Cedraz é um dos mais importantes quadrinhistas da Bahia, principalmente na área do quadrinho infantil, gênero que alcançou o auge das historietas cômicas nas séries Lúbio, Zé Bola, Joinha, Ana, Pipoca e agora Xaxado. Durante muitos anos Cedraz vem publicando seus trabalhos na Bahia, em outros estados e até fora do país. Ele está no mercado há mais de 40 anos, sempre batalhando, lutando para abrir espaço para os quadrinhos nacionais, mas com muita humildade. Nunca desistiu da luta, mesmo que batalhasse com dificuldades e enfrentando o todo poderoso syndicate norte americano.


Da simplicidade do traço à criatividade da narrativa, Xaxado retrata a vida rural com todas as suas lendas e mistérios. São aventuras de um garoto, neto de um famoso cangaceiro que vivia com o bando de Lampião, às voltas com problemas do dia a dia, junto com seus pais e amigos. A Turma do Xaxado reúne personagens tipicamente brasileiros e já recebeu diversos prêmios. Todo o trabalho tem um bom acabamento visual das personagens, com precisão no traço e originalidade temática. Através de um enredo fluente, falando de um cotidiano em que se misturam o real e o simbólico, o objetivo e o subjetivo, o autor constrói uma atmosfera da qual é difícil ficar alheio. Através de Xaxado penetramos no universo gráfico de Cedraz, o imaginário infantil cria asas e viaja na mente de todos nós.

Flávio L
uiz faz charge e ilustrações no Correio da Bahia, publicou a revista Jayne Mastodonte (uma aventureira musculosa), já publicou tiras (Rota 66, sobre um cacto e uma caveira de bisão em algum lugar da estrada mais americana, e Job um lutador, um cão dálmata, atrapalhado com seus próprios limites, que ele busca a todo custo vencer, se envolvendo nas mais variadas modalidades esportivas), tem uma revista Au da Bahia, o capoeirista. O rapaz é um dos mais premiados cartunistas da Bahia, tendo no currículo prêmios em diversos salões no Brasil e exterior.

O ilustrador Wilton Bernardo tem um trabalho voltado para o quadrinho infantil, além do site oficinahq voltado para os interessados no desenho de humor. Por pressão do mercado, alguns profissionais têm que pagar pela falta de opções e pela imposição da dura realidade, onde a sobrevivência fala mais alto do que a ideologia da liberdade total de criação.

O desenhista de Flash Gordon, Jim das Selvas e o Agente Secreto X-9, Alex Raymond afirmou certa vez: “Cheguei, honestamente, à conclusão de que a História em Quadrinhos, em si, é uma forma de arte. Reflete a vida e o tempo com mais precisão e é mais artística do que a ilustração de revista, pois é inteiramente criativa. Um ilustrador trabalha com máquina fotográfica e modelos; um desenhista de histórias-em-quadrinhos começa com uma folha em branco e ´sonha´ inteiramente a obra – ele, ao mesmo tempo, é roteirista de cinema, diretor, montador e ator”. Nos quadrinhos temos a literatura (a narrativa), a imagem (o desenho), o som (através da onomatopéia), os diálogos (através dos balões) e todas as nuances do desenvolvimento das sequências de imagens, as cores, o formato e os tipos de letras dos diálogos. Quando esses elementos se combinam em uma obra, a química é perfeita: não há como ficar imune ao artista. Ele nos domina, manipula nossas emoções e, de quebra, nos faz refletir. Nessa folha de papel em branco o artista pode recriar um mundo e assim, começa a nossa viagem pelos quadrinhos.





Um comentário:

Anônimo disse...

Ói eu ali:)

Grande abraço, meu irmão!