A menstruação não desce
A chuva não dá sinal
Quem seu mal no mel padece
Seu bem conserva no sal
Vai doer de novo o parto
Vai secar de novo o açude
Vida aqui tem sala e quarto
Quem não couber que se mude
O amor daqui de casa
Tem um sentimento forte
Que nem gemido na telha
Quando sopra o vento norte
Que nem choro de boi morto
Três dias depois da morte
Quem só conhece o conforto
Não merece boa sorte
O amor daqui de casa
Tem um sentimento forte
Com gosto de umbu travoso
Com cheiro de couro cru
O amor daqui de casa
Bate asas no verão
Faz parte da natureza
É arte do coração
Cadê? (Luis Turiba)
Se a poesia do dia-a-dia se evaporar, não se apavore
Se o buquê do vinho tinto fugir do cálice, não se cale
Se o vapor do teu calor não mais chover, não chore
Se uma lágrima rolar na face o meu habitat, álibi-se.
Se o fogo azul do travesseiro negar-se às trevas, trave
Se o tempo virar rotina e o apetite pitar teu cinto, sinta
Se a chama suave do amor chamuscar tua nave, chave
Se as estrelas perderem a trilha e o sol murchar, minta
Se a fere louca apertar tua boca e te deixar verde, sede
Se o Deus das trevas voar, fluir, dançar em ti, não toque
Se a fome, a sede, o sol do senhor secar teu pasto, saque
Se o silêncio penetrar tua alma com luz extrema, que pena!
Final, se não sou traço, se não sou virgula, tampouco tremas
Sou linguagem. E de todas as fuselagens – saco um poema.
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