O jumento esteve presente por três vezes na vida de Jesus: no seu nascimento, na fuga para o Egito e no domingo de Ramos, conforme conta a Bíblia. No Brasil, este animal foi o meio de transporte mais importante para o redescobrimento do país pelos Bandeirantes, sendo também um elemento decisivo para o fim da escravatura, pois substituiu a força de trabalho escravo a partir de meados do século XIX. Por fim, o jegue terminou por assumir um papel fundamental no Nordeste brasileiro, e claro, no estado da Bahia.
A população de jumentos no Nordeste era de 17 milhões em 1964, depois, passou para oito milhões em 1977, diminuiu para dois milhões em 1981, atualmente, chega a um milhão. O motivo da matança deste animal que um dia já foi sagrado era para o fabrico da vacina anti-rábica, bem como o consumo de sua carne tida como muito saborosa.
A idade de vida de um jumento no Brasil é de 15 anos, enquanto que em países como a Espanha e o Egito, o animal chega a viver de 30 a 40 anos. O desprezo pelo jumento é resultado da urbanização das cidades do interior do Nordeste, como a Bahia, por exemplo. Por mais pobre que seja a família, hoje se adquire uma motocicleta por apenas R$ 50 mensais, um carro por R$ 200 mensais, e estes automotores são mais rápidos, agüentam cargas cada vez mais pesadas e não empacam.
Chama-se asinino o jumento de bom porte e orelhas grandes, o muar é o animal fruto do cruzamento de uma égua com um jumento, já o híbrido é mais resistente, no entanto, não gera descendente. O jegue carregou em suas costas a prosperidade que o Recôncavo baiano esbanja hoje, tanto que se para o Nordeste ele foi a “mola propulsora” do desenvolvimento, se não fossem os asininos e os muares, certamente, boa parte da economia baiana não existiria.
Ter um jumento hoje em dia, é sinônimo de atraso, de lentidão, e no mundo moderno a palavra de ordem é rapidez, agilidade. Atualmente, compra-se um jegue por um mísero R$ 1, o pobre animal está tão desvalorizado que seus donos terminam por deixá-los à beira de estradas, dando-lhes um destino nada justo. Não podemos esquecer que o jegue é um dos símbolos fundamentais da cultura nordestina, sua contribuição para a economia desta região é inegável. O jegue é para o nordestino o mesmo que o camelo é para beduíno do deserto.
Quase 70% do rebanho de jegues da Bahia foram dizimados em nome da exportação para consumidores japoneses e europeus que gostavam de sua carne. Segundo o IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), os maiores rebanhos baianos estão em Itamarajú, Monte Santo, Mata do São João e Miguel Calmon.
Os tempos áureos do uso do jegue se deram nos canaviais e nas fazendas dos barões do cacau, mas quando estas duas culturas entraram em crise, junto com a mecanização do campo, foi decretada a restrição do emprego do bicho como ajudante do trabalho rural. Mas, apesar de tantos desprezos, o animal ainda sobrevive em muitos municípios baianos como principal transporte humano e de cargas.
A corrida de jegue é uma das manifestações mais engraçadas das cidades baianas. A disputa mistura competição e festa num hilário espetáculo da zona rural do Recôncavo. Proporcionando boas gargalhadas, a competição feita sobre jegues fantasiados acontece anualmente em vários municípios, a mais tradicional é a de São Gonçalo dos Campos, a 105 quilômetros de Salvador. A corrida de jegue foi criada há 20 anos como forma de estimular a preservação dos animais, na época ameaçados de extinção. Atualmente, a festa faz parte do calendário de eventos da região. Trata-se de uma grande festa com muita comida típica e música noite a dentro, sem hora de acabar. Tudo isto só para homenagear os maiores trabalhadores do nordeste, os jegues. Ao longo do dia, diversos páreos de corrida de jegues são disputados, até a escolha do grande campeão da festa.
Foi o jegue quem inspirou Monteiro Lobato a criar o personagem “Burro Falante”, do Sito do Pica Pau Amarelo. Se Luiz Gonzaga, o Rei do Baião, fez versos em louvor asinino, o consagrando em canções como “O jumento é o nosso irmão” e “Apologia ao jumento”, até hoje Genival Lacerda procura sucesso maior do que a música “De quem é esse Jegue?”. Como somente um artista é capaz de traduzir tão bem a importância de algo ou de um sentimento, bem melhor é terminar o texto valendo-se dos versos tão sábios de Luiz Gonzaga: “O jegue foi o transporte que levou nosso Senhor, vosmicê fique sabendo que o jumento tem valor/ Agora, meu patriota, em nome do meu sertão, acompanhe o seu vigário nessa terna gratidão, recebe nossa homenagem ao jumento, nosso irmão”.
A população de jumentos no Nordeste era de 17 milhões em 1964, depois, passou para oito milhões em 1977, diminuiu para dois milhões em 1981, atualmente, chega a um milhão. O motivo da matança deste animal que um dia já foi sagrado era para o fabrico da vacina anti-rábica, bem como o consumo de sua carne tida como muito saborosa.
A idade de vida de um jumento no Brasil é de 15 anos, enquanto que em países como a Espanha e o Egito, o animal chega a viver de 30 a 40 anos. O desprezo pelo jumento é resultado da urbanização das cidades do interior do Nordeste, como a Bahia, por exemplo. Por mais pobre que seja a família, hoje se adquire uma motocicleta por apenas R$ 50 mensais, um carro por R$ 200 mensais, e estes automotores são mais rápidos, agüentam cargas cada vez mais pesadas e não empacam.
Chama-se asinino o jumento de bom porte e orelhas grandes, o muar é o animal fruto do cruzamento de uma égua com um jumento, já o híbrido é mais resistente, no entanto, não gera descendente. O jegue carregou em suas costas a prosperidade que o Recôncavo baiano esbanja hoje, tanto que se para o Nordeste ele foi a “mola propulsora” do desenvolvimento, se não fossem os asininos e os muares, certamente, boa parte da economia baiana não existiria.
Ter um jumento hoje em dia, é sinônimo de atraso, de lentidão, e no mundo moderno a palavra de ordem é rapidez, agilidade. Atualmente, compra-se um jegue por um mísero R$ 1, o pobre animal está tão desvalorizado que seus donos terminam por deixá-los à beira de estradas, dando-lhes um destino nada justo. Não podemos esquecer que o jegue é um dos símbolos fundamentais da cultura nordestina, sua contribuição para a economia desta região é inegável. O jegue é para o nordestino o mesmo que o camelo é para beduíno do deserto.
Quase 70% do rebanho de jegues da Bahia foram dizimados em nome da exportação para consumidores japoneses e europeus que gostavam de sua carne. Segundo o IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), os maiores rebanhos baianos estão em Itamarajú, Monte Santo, Mata do São João e Miguel Calmon.
Os tempos áureos do uso do jegue se deram nos canaviais e nas fazendas dos barões do cacau, mas quando estas duas culturas entraram em crise, junto com a mecanização do campo, foi decretada a restrição do emprego do bicho como ajudante do trabalho rural. Mas, apesar de tantos desprezos, o animal ainda sobrevive em muitos municípios baianos como principal transporte humano e de cargas.
A corrida de jegue é uma das manifestações mais engraçadas das cidades baianas. A disputa mistura competição e festa num hilário espetáculo da zona rural do Recôncavo. Proporcionando boas gargalhadas, a competição feita sobre jegues fantasiados acontece anualmente em vários municípios, a mais tradicional é a de São Gonçalo dos Campos, a 105 quilômetros de Salvador. A corrida de jegue foi criada há 20 anos como forma de estimular a preservação dos animais, na época ameaçados de extinção. Atualmente, a festa faz parte do calendário de eventos da região. Trata-se de uma grande festa com muita comida típica e música noite a dentro, sem hora de acabar. Tudo isto só para homenagear os maiores trabalhadores do nordeste, os jegues. Ao longo do dia, diversos páreos de corrida de jegues são disputados, até a escolha do grande campeão da festa.
Foi o jegue quem inspirou Monteiro Lobato a criar o personagem “Burro Falante”, do Sito do Pica Pau Amarelo. Se Luiz Gonzaga, o Rei do Baião, fez versos em louvor asinino, o consagrando em canções como “O jumento é o nosso irmão” e “Apologia ao jumento”, até hoje Genival Lacerda procura sucesso maior do que a música “De quem é esse Jegue?”. Como somente um artista é capaz de traduzir tão bem a importância de algo ou de um sentimento, bem melhor é terminar o texto valendo-se dos versos tão sábios de Luiz Gonzaga: “O jegue foi o transporte que levou nosso Senhor, vosmicê fique sabendo que o jumento tem valor/ Agora, meu patriota, em nome do meu sertão, acompanhe o seu vigário nessa terna gratidão, recebe nossa homenagem ao jumento, nosso irmão”.
Um comentário:
O certo é jeque ou jumento, tire essa dúvida.
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