Em 1994, a música Tonada de Luna Llena, do CD "Fina Estampa", foi imortalizada na cena final de A Flor do Meu Segredo, do amigo espanhol Pedro Almodóvar. Caetano também deu A Luz de Tieta ao filme Tieta do Agreste, do cineasta Cacá Diegues. Em 2003, uma música gravada para o filme "Frida" da diretora Julie Taymor, o levou aos palcos do Oscar. Gravou trilhas para os filmes “Fale com Ela” e “Lisboeta e o Prisioneiro”.
Em 2004, no CD "A Foreign Sound" fez releituras de canções em inglês, com clássicos de Paul Anka, Elvis Presley, Cole Porter, entre outros, com destaque para "Come as You Are",do Nirvana, além de "Feelings" de Morris Albert, uma das canções mais gravadas de todos os tempos. Em 2006 foi lançado Cê, em seguida Cê ao vivo. Em 2008, Roberto Carlos e Caetano Veloso e a Música de Tom Jobim. E em 2009, Ziie e Zie.
Assim é Caetano Veloso, um dos artistas mais inquietantes da música brasileira. Ele sempre buscou o novo e recusou o óbvio. Essa ~e uma das razões da sua permanência e atualidade. Em suas composições recentes, ele usou as batidas do rap e do samba. Inovações é o que ele mais faz. Basta lembrar o rock Eclipse Oculto, a bossa nova Você é linda, a salsa Quero ir a Cuba e o samba enredo É hoje (do CD Uns, 1983) ou mesmo as marcantes Podres Poderes, O Quereres e Língua (Velô, 1984), Fora da Ordem, O Cu do Mundo e Itapuã (Circuladô, 1991), o neo rap Haiti e Desde que o Samba é Samba (Tropicália 2, 1993) ou as preciosidades latinas de Fina Estampa (1994). Essas são algumas pérolas, existem muito mais
No dia 07 de fevereiro de 1976 publiquei uma página inteira no caderno de cultura da Tribuna da Bahia com o título: Caetano Veloso – Um equilíbrio ecológico da MPB onde conto a trajetória do artista até seus últimos discos, na época, Qualquer Coisa e Joia. Também quando foi lançado Muito, um dos discos mais importantes de sua carreira e que a crítica resolveu boicotá-lo, escrevi uma reportagem sobre o trabalho, faixa por faixa o que me fez ganhar o Prêmio Parker Estudantil na época.
“Caetano Veloso é o pensamento na canção”, afirmou Celso Favaretto (Revista Cult, n.49, 2001).
“ OBRA DE Caetano Veloso é o lugar por excelência onde a canção brasileira se pensa”, escreveu Francisco Bosco (Banalogias, Ed. Objetiva, 2007)
Para André Luiz Barros, Caetano Veloso é “o filósofo popular do Brasil” (Revista Bravo! Novembro 1997)
Já o ensaísta Guilherme Wisnik (Caetano Veloso, PubliFolha, 2005) escreveu: “Caetano é alguém que não se cansou de se autoexplicar ao longo de sua vida artística, e cuja obra tem a capacidade de pensar a cultura do país”.
Caetano Veloso é um “compositor neo barroco”, termo defendido por Severo Sarduy (O Barroco e o Neobarroco, Perspectiva, 1979)
Ao utilizar-se de várias fontes, literárias ou não, Caetano Veloso contribui para a inventividade de seu repertório. Ele adaptou traços estilísticos do rock às práticas musicais nacionais, fundindo o primitivismo, o folclórico e o regional ao moderno civilizado, o nacional e o estrangeiro. “A ideia do canibalismo cultural servia-nos, aos tropicalistas, como uma luva” revelou Caetano em seu livro de memórias Verdade Tropical (1997, p.247). Cae ora copia, parafrasea, glosa, presta homenagem, ora estimula a reflexão daquilo que é constituído como cânone do poeta barroco Gregório de Mattos.
“Sou um mulato nato/no sentido lato/mulato democrático do litoral”
Caetano Veloso gravou 48 discos e publicou cinco livros. No cinema, dirigiu Cinema Falado, além de ter atuado, no início da carreira, como crítico de cinema, em jornais de sua terra natal. Até aventurou-se como ator de cinema e pianista de teatro. Foi estudante de filosofia em Salvador. Vindo com 18 anos de idade de Santo Amaro, junto com a irmã mais nova, Maria Bethânia, teve de trocar o piano de casa, pelo violão do apartamento de Salvador.
Caetano foi homenageado como a Personalidade do ano de 2012 da Academia Latina de Gravação, dia 14 de novembro, em Las Vegas. A celebração precedeu a cerimônia de entrega do XIII Prêmio Grammy Latino 2012.
“Eu não espero pelo dia em que todos os homens concordem/Apenas sei de diversas harmonias bonitas possíveis sem juízo final”
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