30 janeiro 2019

Pioneiro da caricatura brasileira


Há 140 anos (em dezembro) morria o primeiro caricaturista brasileiro Manuel de Araújo Porto-Alegre.  Gaúcho, ele foi o primeiro artista a publicar uma caricatura no Brasil, em 1837. Entre 1837 e 1839, de volta de sua viagem à Europa, Manuel de Araújo Porto-Alegre produziu uma série de litografias satíricas que eram vendidas em unidades separadas nas ruas do Rio de Janeiro.

 


O aparecimento relativamente tardio da caricatura na nossa história é revelador da demora que a imprensa levou para chegar até nós. Embora no período colonial o Brasil tenha sido privado da imprensa por determinação real, a caricatura já se manifestava de outras formas como expressão do povo nas festas de carnaval, de bumba-meu-boi, na malhação de Judas, e através de bonecos e fantasias que satirizavam pessoas e costumes da época. Foi em 1837 o ano da primeira caricatura brasileira.

 


Pintor, arquiteto, autor dramático, poeta e diplomata, Manoel de Araújo Porto-Alegre (1806-1879), depois Barão de Santo Ângelo, tão logo volta ao Brasil, tratou de divulgar a arte desenvolvida nos seus anos no exterior, publicando em dezembro de 1837 a primeira charge brasileira no Jornal do Commercio, que satiriza Justiniano José da Rocha, político de relevo da época.

 


Com a vinda para o Brasil da família real portuguesa e a abertura dos portos, em 1808, é que estabeleceram aqui as primeiras oficinas gráficas. Começou, a partir daí, o desenvolvimento da impressão de livros e periódicos. Os jornais, no entanto, eram apenas tolerados, e quem se manifestava contra o governo sofria as sanções da censura e da perseguição. Os jornais, até então, não publicava caricaturas. Estas circulavam apenas como estampas avulsas, ainda de forma tosca e sem qualidade. As inovações técnicas, chegadas ao Brasil em meados do Século XIX, permitiram o advento da gravura e, consequentemente da caricatura, na imprensa brasileira, causando considerável impulso, assegurando novas condições à crítica e ampliando sua influência. Nesse sentido, o texto humorístico foi precursor da caricatura, que somente apareceu quando as técnicas da gravação permitiram conjugar as palavras coim a atração visual do desenho e da imagem.



A primeira caricatura brasileira, atribuída a Manoel de Araújo Porto Alegre (1837), apareceu como uma estampa avulsa e foi exibida pelo Jornal do Comércio do Rio de Janeiro, nº277, de 14 de dezembro de 1837. A caricatura, mais propriamente a charge, tratava de uma crítica às propinas recebidas por um funcionário do governo relativas ao Correio Oficial.

 


O aparecimento da caricatura passou a dar à imprensa recursos de enorme amplitude e a anunciava uma mudança que iria justificar o processo político. Era uma época de grandes mudanças, marcadas pela extinção do tráfico negreiro (lei de 1850), pela Guerra do Paraguai (1864-1870) e pela consolidação do Império.



A profusão de imagens nas mídias emergentes (jornais, cartazes, estampas e espetáculos teatrais) constitui uma revolução visual. São sinais de uma consciência da cidade em transformação. A imprensa ilustrada provoca um impacto no imaginário, nos costumes, na consciência dos fatos do tempo vivido, na percepção da cidade. As evoluções técnicas tipográficas, como a da gravura em bois de bout (“em madeira de topo”), fazem com que texto e imagem possam se associar na mesma página, barateando a produção de jornais, que se sucedem: La Silhouette (1829-1830), La Caricature (1830-1835, que une o romancista Honorpé de Balzac ao editor Charles Philipon), Le Charivari (1832-1872), Le Magasin Pittoresque, entre outros.

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