28 setembro 2009

Pornografia deixa a alcova para passear à luz do dia (1)

A crítica e curadora francesa Catherine Millet, diretora da revista Art Press, especialista em Salvador Dali e Yves Klein viu o polêmico relato de seu passado libertino se transformar no grande sucesso editorial da França em 2001. Suas orgias por bosques parisiense foram traduzidas para 24 idiomas. No Brasil, “A Vida Sexual de Catherine M” foi lançado pela Ediouro e figurou na lista dos dez livros mais vendidos. O livro se transformou num fenômeno literário mundial, traduzido para 45 línguas, vendeu mais de 1,2 milhão de exemplares e transformou sua autora numa celebridade. Nele, uma mulher de 50 anos conta como se entregava a homens que nunca vira antes, nos locais mais inesperados, como um bosque de Paris, um estacionamento subterrâneo, um cemitério, uma estação de trem e mesmo no escritório da revista Art Press, fundada e dirigida pela própria Millet, crítica de arte e especialista em Salvador Dalí.

A vida real colocou Millet diante de um problema que consistia em conciliar a vida de mulher totalmente livre com um casamento duradouro. Ela é casada há muitos anos com o escritor e fotógrafo Jacques Henric, autor de Lendas de Catherine M, e viveu um casamento totalmente aberto. Na obra Catherine fala da própria sexualidade com uma espécie de objetividade indiferente, sem um grão de culpa, nem de romantismo, nem de paixão. Fala do que a excita como se descrevesse o que lhe dá sono.

No seu depoimento assumidamente autobiográfico, desde a primeira adolescência, nutria em suas fantasias masturbatórias o desejo de se entregar a muito homens de uma só vez. Perdida a virgindade, aos 18 anos, dedicou-se a pôr a fantasia em prática. Clubes privados em Paris, parques mais ou menos retirados da cidade, em todos os lugares ela serviu a astros do cinema, poderosos homens de negócios e a trabalhadores humildes. Suas orgias na maioria das vezes era com homens dos quais nunca conheceria o rosto.
Mais que uma narrativa picante, porém, o livro ode ser visto como o registro de uma profunda mudança de hábitos sexuais que estaria em curso na sociedade contemporânea. Daí, talvez, venha boa parte de sua enorme força. O relato das orgias de Catherine M não seria apenas uma confissão isolada, mas a crônica de novos costumes, ainda ocultos.
Trata-se da nova idade da pornografia da qual Catherine é uma expoente: agora, a pornografia quer deixar a alcova, já não se contenta com sua existência clandestina. Mas quer passear à luz do dia. Daí a adequação do estilo sem nenhuma culpa que caracteriza a autora. Trata-se de um discurso de afirmação, não de arrependimento.
O próprio marido de Catherine Millet, o romancista e também crítico de arte Jacques Henric poucos dias após o lançamento do livro da mulher, publicou um outro, com fotos dela. São cerca de 30 nus de Catherine clicados por Henric a partir dos anos 70. O título: Lendas de Catherine M. Sete anos após o sucesso mundial de “A Vida Sexual de Catherine M”, ela conta em outro livro, “Dia de Sofrimento”, como o ciúme penetrou em seu casamento.
A diretora da Art Press se mantém no comando da revista desde a sua fundação, e considera que seu trabalho como crítica de arte é o que a torna de fato uma figura relevante. Mas é inegável que foi o livro sobre sua vida sexual que a tornou conhecida mundialmente. "A Vida Sexual de Catherine M." foi traduzido para 45 línguas, vendeu mais de 1 milhão de exemplares e fez com que sua autora passasse três anos viajando pelo mundo para falar sobre ele. Que a repercussão do livro foi tremenda ela não nega, como já publicado pela imprensa inúmeras vezes, mas assume que não era, de maneira nenhuma, esperada.
Millet diz que começou a escrever o livro como forma de explicar como ela e seus amigos haviam praticado uma ideologia de liberdade sexual, assunto muito abordado e discutido na própria Art Press em artigos sobre psicanálise ou sobre escritores voltados para a literatura erótica, como Georges Bataille. Para ela, nada dessa bagagem intelectual realmente explicava suas experiências individuais. Era necessário devolver complexidade ao tema da liberdade sexual; as teorias desenvolvidas a esse respeito, muitas delas feitas por homens, transformaram algo tão polêmico em umas poucas idéias simplistas.
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