11 agosto 2008

O que está acontecendo, de fato, no mundo

A jornalista americana Elizabeth Kolbert viajou da Groelândia à Antártida (passando pela Inglaterra, Holanda, Islândia, Porto Rico, entre outros), visitou vilas esquimós que precisaram mudar de lugar devido ao degelo marinho no Ártico, viu também casas rachadas pela desintegração do permafrost no Alasca, conversou com dezenas de cientista. O resultado foi uma série de reportagens publicadas pela revista New Yorker, que valeu à autora o National Magazine Award de 2006. O livro foi editado em 2005 nos EUA sob o título de Fieldnotes From a Catastrophe. No Brasil a editora Globo está publicando sob o nome de Planeta Terra em Perigo (O que está, de fato, acontecendo no mundo).

O aquecimento global do Antropoceno (período geológico marcado pela transformação da Terra pelo homem) mudará a face do planeta com uma velocidade jamais observada. O governo Bush bloqueou toda e qualquer tentativa de acordo internacional contra emissões de gases. Ao lançar gás carbônico no ar para gerar energia e mover carros e fábricas, os seres humanos já estão rompendo a estabilidade do planeta. E clima instável significa fome, guerra e morte.

Os americanos, ao longo de mais de 25 anos, receberam alertas sobre os perigos do aquecimento global. Livros inteiros já foram escritos sobre a história dos esforços para chamar atenção para o problema. As principais geleiras do mundo estão encolhendo. No Mar Ártico um pequeno exemplo explica que o gelo, que derrete, pode trazer alterações não só climáticas, mas de costumes locais. No vilarejo de Shishmamed (519 habitantes), no Alasca, a população teve que trocar o trenó por barcos, já que não é mais possível trafegar por cima do gelo, nem ir à caça das focas. Exemplos vivenciados pela autora e os estudos científicos descritos no livro Planeta terra em perigo aproximam o leitor da realidade ambiental; e faz um resgate da história das civilizações, que não deixaram de contribuir para o desastre ecológico que está próximo.

Logo no primeiro Império do mundo (criado há 4.300 anos) já havia escritos informando que as construções das cidades e o mau uso dos recursos naturais prejudicariam a caça, a pesca, a agricultura e o meio ambiente; e que isso poderia causar a extinção das espécies talvez também a humana. O livro comprova por meio de estudos e pesquisas que existe um embate ambiental político em torno do tema aquecimento global e que nessa relação complexa - entre a ciência e a política - existe um abismo que está entre aquilo que sabemos e aquilo que nos recusamos a saber.

Em algumas regiões do planeta os índices de aquecimento ainda são sutis, em outras partes os sinais já não podem mais ser desprezados. Vários congressos e seminários são realizados para chamar a atenção sobre o assunto e, nos documentos sugerem medidas práticas que podem ser tomadas diante das descobertas científicas, incluindo a redução na emissão de gases do efeito estufa. Os representantes dos Estados Unidos sempre rejeitam.

A idéia de que a vida na Terra muda de acordo com o clima é aceita há muito tempo. A pesquisa é minuciosa sem ser enfadonha. As informações sobre a ciência d climatologia aparecem numa linguagem clara e detalhada. Belo trabalho jornalístico.

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