09 maio 2008

Música & Poesia

Havana-me (Joyce / Paulo César Pinheiro)

Havana-me
Não esqueço teu povo em momento algum
Cubana-me
Me convida a dançar, quebra o meu jejum
Serena-me
Me lambuza de cana, tabaco e rum, havana-me

Havana-me
Bota uma cubalibre, limão e sal
Cubana-me
Me carrega em teu ritmo sensual
Irmana-me
Nossa música tem sangue tropical, havana-me

Tira-me pra bailar,
Quero ouvir teu som caribenho
Por ti, mestiço, eu tenho amor
Me pega pelo quadril
Teu par ainda é o Brasil, havana-me


As Palavras Ressuscitarão (Jorge de Lima)

As palavras envelheceram dentro dos homens
separadas em ilhas,
as palavras se mumificaram na boca dos legisladores;
as palavras apodreceram nas promessas dos tiranos;
as palavras nada significam nos discursos dos homens públicos.
E o Verbo de Deus é uno mesmo com a profanação dos homens de Babel,
mesmo com a profanação dos homens de hoje.
E, por acaso, a palavra imortal há de adoecer?
E, por caso, as grandes palavras semitas podem desaparecer?
E, por acaso, o poeta não foi designado para vivificar a palavra de novo?
Para colhê-la de cima das águas e oferecê-la outra vez aos homens do continente?
E, não foi ele apontado para restituir-lhe a sua essência,
e reconstituir seu conteúdo mágico?
Acaso o poeta não prevê a comunhão das línguas,
quando o homem reconquistar os atributos perdidos com a Queda,
e quando se desfizerem as nações instaladas ao depois de Babel?
Quando toda a confusão for desfeita,
o poeta não falará, do ponto em que se encontrar,
a todos os homens da terra, numa só língua — a linguagem do Espírito?
Se por acaso viveis mergulhados no momento e no limite,
não me compreendereis, irmão!

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