13 julho 2007

Música & Poesia

Miséria (Arnaldo Antunes, Sérgio Britto e Paulo Miklos)

Miséria é miséria em qualquer canto

Riquezas são diferentes

Índio, mulato, preto, branco

Miséria é miséria em qualquer canto

Riquezas são diferentes

Miséria é miséria em qualquer canto

Filhos, amigos, amantes, parentes

Riquezas são diferentes

Ninguém sabe falar esperanto

Miséria é miséria em qualquer canto

Todos sabem usar os dentes

Riquezas são diferentes

Miséria é miséria em qualquer canto

Riquezas são diferentes

Miséria é miséria em qualquer canto

Fracos, doentes, aflitos, carentes

Riquezas são diferentes

O Sol não causa mais espanto

Miséria é miséria em qualquer canto

Cores, raças, castas, crenças

Riquezas são diferenças

A morte não causa mais espanto

O Sol não causa mais espanto

A morte não causa mais espanto

O Sol não causa mais espanto

Miséria é miséria em qualquer canto

Riquezas são diferentes

Cores, raças, castas, crenças

Riquezas são diferenças

Índio, mulato, preto, branco

Filhos, amigos, amantes, parentes

Fracos, doentes, aflitos, carentes

Cores, raças, castas, crenças

Em qualquer canto miséria

Riquezas são miséria

Em qualquer canto miséria .

Canção da Mais Alta Torre (Arthur Rimbaud. Tradução de Augusto de Campos)

Inútil beleza

A tudo rendida,

Por delicadeza

Perdi minha vida.

Ah! que venha o instante

Que as almas encante.

Eu me digo: cessa,

Que ninguém te veja:

E sem a promessa

Do que quer que seja.

Não te impeça nada,

Excelsa morada.

De tanta paciência

Para sempre esqueço:

Temor e dolência

Aos céus ofereço,

E a sede sem peias

Me escurece as veias.

Assim esquecidas

Vão-se as Primaveras

Plenas e floridas

De incenso e de heras

Sob as notas foscas

De cem feias moscas

Ah! Mil viuvezas

Da alma que chora

E só tem tristezas

De Nossa Senhora!

Alguém oraria

À Virgem Maria?

Inútil beleza

A tudo rendida,

Por delicadeza

Perdi minha vida.

Ah! que venha o instante

Que as almas encante!

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