25 julho 2007

Culto ao corpo. Era da incerteza

Balanço do Século XX

A elegante boemia da belle époque deu brilho ao início do século XX. Na década de 10, começa a idade do jazz, blues e samba. A humanidade caminha rumo à modernidade na década de 20. A depressão tomou conta dos anos 30. O existencialismo é a filosofia que se tornou moda entre os jovens nos 40. O rock and roll e a bossa nova surgiram entre os alegre e ingênuos anos 50, com destaque para os ícones Marilyn Monroe, Marlon Brando, Elvis Presley e James Dean. O homem vai ao espaço e os jovens fazem a revolução dos costumes com os hippies em Woodstock e o psicodelismo na febre dos rebeldes anos 60. Os anos 70 foram definidos como a era da incerteza, do culto ao corpo e da explosão punk e reggae. O pós-modernismo chega na década dos anseios do yuppie, dos clones dos ícones como Michael Jackson, Madonna e Prince. É o marketing do passado reciclado. Os anos 90 surgem como a década do cyberpunk e dos computadores. Vale quem tem mais informações. É o balanço do século XX, um passado que continua presente nas recordações de muitos.

1970-1980: O pop-filósofo Tom Wolfe definiu os anos 70 como “A Década do Eu”. Ou seja, depois dos anos 60, em que a vida comunitária foi a chave, as pessoas começaram a se voltar para si mesmas, para uma espécie de “novo individualismo”, ou até, como queriam muitos, “novo egoísmo”. Isso explicaria por que John, Paul, George e Ringo resolveram acabar com os Beatles e seguir carreiras isoladas; por que Simon continuou com a música, enquanto Garfunkel preferiu ser ator de cinema; por que Crosby, Stills, Nash & Young se separaram. O rock fragmentou-se numa quantidade de estilos e idiomas – progressive rock, heavy metal, glitter rock, entre outros.

O rock se transformou num negócio bilionário. A Inglaterra estava na recessão e a juventude sem perspectiva liderou o movimento punk contestando o rock milionário. O grupo Sex Pistols colocou o movimento em foco para os meios de comunicação de massa. Além dos garotos rebeldes do punk rock, Bob Marley e toda a tropa de músicos negros jamaicanos inflamaram ingleses e americanos com a batida pulsante do reggae. Na segunda metade dos anos 70, o estilo disco dominou os EUA e se espalhou pelo mundo. A palavra disco vem de discotheque. E os subúrbios do mundo tiveram acesso à discoteca através do filme Os Embalos de Sabado à Noite, cuja trilha sonora, em álbum duplo dos Bee Gees, se tornou o maior sucesso de venda de todos os tempos. No cinema o destaque foi para 2001, uma Odisséia no Espaço, de Stanley Kubrick. Mais tarde, este mesmo cineasta lança o filme Laranja Mecânica, mostrando um futuro desolador e violento.No Brasil, os aplausos vão para o filme Macunaíma, de Joaquim Pedro.

A comida natural, juntamente com a vegetariana e a macrobiótica, foi um must dos anos 70, assim como diversas outras programações da linha de saúde em voga naquele tempo, tipo correr nos calçadões, parar de fumar, entre outros. Todas as bandeiras que as feministas agitaram na década (morte ao sutiã, igualdade de direitos, ampla liberdade sexual) resultaram na febre da “amizade colorida”. Foi a década que misturou tudo. A mulher ganhava (e queria mais) autonomia e mostrava isso através do psicodelismo e do look típico.

No Brasil, era a época do milagre econômico. Grandes obras – a Ponte Rio-Niterói, enormes hidrelétricas, a Transamazônica – eram contratadas quase com a mesma facilidade com que hoje se constrói uma pracinha. O poder da classe média aumentava. Junto com tal milagre, o país vivia o inferno da ditadura. A imprensa era censurada, os partidos controlados, passeatas proibidas. Começaram a surgir uma série de jornais alternativos, após Pasquim, que tiveram vida efêmera, como Flor do Mal, Presença e o baiano Verbo Encantado. Com a censura, surge as revistas eróticas que tomaram um maior impulso.

Imprensada pela censura e empobrecida pelo exílio de vários artistas de peso, a MPB resistiu. Nomes como Milton Nascimento, Gonzaguinha, João Bosco, Novos Baianos foram revelados. São os anos da música nordestina (Fagner, Belchior,Alceu Valença, Ednardo, Geraldo Azevedo, Zé Ramalho), da vanguarda erudita (Walter Franco, Marcus Vinícius). A presença da mulher como força de produção, na música é um dado importante na década: Joyce e Sueli Costa, Leci Brandão, Marina Lima, Ângela Ro Ro, Cátia de França, Marlui Miranda, Simone, Elba Ramalho, Rita Lee e tantas outras. O caminho da improvisação esteve constantemente em pauta com a música instrumental de Wagner Tiso, Egberto Gismonti, Nana Vasconcelos, Hermeto Paschoal, Nivaldo Ornellas.

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