24 julho 2007

Anos rebeldes na febre sixties

Balanço do Século XX

A elegante boemia da belle époque deu brilho ao início do século XX. Na década de 10, começa a idade do jazz, blues e samba. A humanidade caminha rumo à modernidade na década de 20. A depressão tomou conta dos anos 30. O existencialismo é a filosofia que se tornou moda entre os jovens nos 40. O rock and roll e a bossa nova surgiram entre os alegre e ingênuos anos 50, com destaque para os ícones Marilyn Monroe, Marlon Brando, Elvis Presley e James Dean. O homem vai ao espaço e os jovens fazem a revolução dos costumes com os hippies em Woodstock e o psicodelismo na febre dos rebeldes anos 60. Os anos 70 foram definidos como a era da incerteza, do culto ao corpo e da explosão punk e reggae. O pós-modernismo chega na década dos anseios do yuppie, dos clones dos ícones como Michael Jackson, Madonna e Prince. É o marketing do passado reciclado. Os anos 90 surgem como a década do cyberpunk e dos computadores. Vale quem tem mais informações. É o balanço do século XX, um passado que continua presente nas recordações de muitos.

1960/1970: “A Terra é azul”. O mundo soube disso, em abril de 1961, através do emocionado testemunho de um russo, Yuri Gagarin, o primeiro homem a realizar uma viagem espacial. A liberação sexual foi possível graças ao advento da pílula anticoncepcional. Houve o Maio de 68. Na moda, figuras exóticas como Twiggy e Veruschka. Com uma tesoura e alguma audácia, Mary Quant inventou a minissaia e revolucionou a moda na década de 60. Twiggy é a cara dos anos 60, símbolo de rebeldia da mulher, de sua ânsia por independência. Paco Rabanne criou a moda fórmica (ele introduziu o metal, o plástico e o couro na moda feminina) e Oscar de La Renta os panos ciganos. Yves St. Laurent abriu lojas para o seu prêt-à-porter.

Os hippies surgiram com seu flower power e depois de um apogeu, em Woodstock, sumiram inteiramente. Ainda na moda, dominava batas, colares, brincos, estampados. Era o psicodelismo. Todos se abriram aos filósofos orientais, às aventuras sentimentais, ao exotismo de outras geografias, à vida no campo. Em Amsterdã, surgiu a pornografia e a imprensa livre, underground. A revista Playboy alcançou tiragens que ninguém previa. Passou a ter mais imitadores pelo mundo do que a revista Time. Os quadrinhos se liberam com o movimento underground. Aparecem heroínas – Barbarella, Valentina -, reflexo dos movimentos feministas.

Ziraldo lança o gibi Pererê, a primeira a refletir toda a euforia de uma época, com personagens tipicamente brasileiros. Henfil cria Os Fradinhos. Mauricio de Sousa cria os personagens Mônica, Cascão e Chico Bento. O maior mito do cinema novo, Glauber Rocha torna-se símbolo de sucesso do cinema brasileiro no exterior com os filmes Deus e o Diabo na Terra do Sol, Terra em Transe, Dragão da Maldade contra o Santo Guerreiro. Lolita, livro proibido na década anterior, virou filme de Stanley Kubrick. Os filmes começaram a ter autor: Bergman, Truffaut, Resnais e Godard. Fellini e Marcellio Mastroianni descobriram juntos a bilheteria, com La Doce Vita. Elizabeth Taylor elevou seu preço para um milhão de dólares por filme. Pagaram pelo prejuízo pelo menos por Cleópatra, o maior fracasso financeiro do cinema. O romance Sementes do Diabo (que virou O Bebê deRosemary) foi o início da moda comercial do satanismo. O assassinato da atriz Sharon Tate foi o mais esmiuçado pelas manchetes.

A bossa nova viajou muito bem para os EUA, onde todo mundo dançava o twist. O destaque era para o talento elegantíssimo de Tom Jobim e o canto de João Gilberto. Depois, surgiram os Beatles marcando o início da fase iê-iê-iê e da fama mundial, e Londres virou a swinging city. No comando da Jovem Guarda, Roberto e Erasmo Carlos arrebatam as paradas com versões de rock estrangeiros, doces baladas e novos padrões de comportamento jovem. Armados de guitarras e discursos inflamados, Caetano Veloso e Gilberto Gil semeiam a polêmica nos festivais de MPB, colhem prestígio e inventam a Tropicália. Foi o período do protesto. Profeta do protesto, o cantor popular Bob Dylan estoura nas paradas com a composição Blowin´in the Wind (Soprando no Vento) e torna-se um hino do movimento pelos direitos civis. Jimi Hendrix reinventou a guitarra elétrica e trouxe o blues para a era da eletrônica. O explosivo grupo de rock Rolling Stones cantou os sonhos de revolta de uma geração.

Julian Beck foi o criador do mais importante acontecimento teatral da década de 60: o Living Theatre (teatro vivo). Andy Warhol, James Rosenquist e Roy Lichtenstein anunciam a pop art, arte adequada para a sociedade de consumo. Cassius Clay conquista a medalha de ouro nos Jogos Olímpicos e quatro anos depois derrota o campeão mundial Sonny Liston. Em 65 repete a dose. Pelé faz mil gols. Os aviões aumentaram de tamanho e tiveram que ser chamados de Jumbo. Viu-se muita novela na tevê. Criou-se então o projeto Minerva e o Mobral. O Carnaval da Bahia já era reconhecido nacionalmente depois que Caetano Veloso lançou Atrás do Trio Elétrico. Surge o poema-processo, que pôs fim na palavra como construtor do poema.

Nenhum comentário: