“Eu canto quando estou alegre, e quando estou triste também. Eu canto quando estou juntinho e quando estou longe de quem é meu bem. Se a noite é de lua bela, de mil estrelas a brilhar, debruço na minha janela, começo a cantar”. Essa é a introdução popular de RITA TAVARES nesse seu Arrebenta.
“Então, quê?” a primeira música do CD é de sua autoria e fala da relação amorosa, do sentimento de afeto, “balançando no meu pensamento/sonhar com nós dois bem juntinho/poder desfrutar do seu carinho/você é quem decide, benzinho/não ou sim/você é quem decide, coração/sim ou não”. A segunda canção, mais percussiva, também é de sua autoria: Arrebenta. Lá na Europa, a saudade da Bahia bateu forte e o resultado foi: “Arrebenta, a vida do mar arrebenta/arrebenta, também quero me rebentar/arrebenta, o meu coração arrebenta/arrebenta tamanha saudade de lá”.
Ave de Mañana é de autoria de Andrés Molina e Juando Gil, um bolero contemporâneo. Carta a los Reyes é de Rita que procura alguém romântico e disposto a aguentar firme “os trancos e barrancos de uma relação”, uma balada. Já O Sorriso do Chico, também de Rita, é bem autoral, memorial: “Eu quero ser a Rita/que o sorriso do Chico levou/Imagina, eu, bonita/com o sorriso Buarque na boca/que coisa louca/Rita Lee e eu aqui, coisa pouca.../E como ser a Hayworth/Personalidade forte/Deusa cênica, sensual/se o meu filme eu levo sem
muito argumento/É só lamento/Rita comum,Rita normal. Me espelho em personagens/Mil ideias, mil imagens/Não custa nada sonhar/Mas eu sei/que estou mais pra Carolina/todo o dia na janela/vendo o tempo passar. E como ser a Pavone/Tiuri-tiurá no meu nome/Rita batendo o martelo/meu Brasil verde amarelo/ou que sabe, a Santa Rita/ou a Baiana do Azevedo/até a Ritatá do Ló/te asseguro que de todas levo um pouco/pelo menos nesse sonho/onde eu a Rita/Lá Osita, a Birita/De Santana, Bahia, Sertão/E no mais, eu sou da Cunha Tavares/navegando pelos ares/e, constante distração...”. Um dos pontos altos do CD. Dá vontade de ouvir diversas vezes.
Neura é um samba, rápido, onde a compositora já sofre o amor tragédia por antecipação. Suspiro, como o nome diz, é romântica, leve e lenta, acalenta: “As fotos e as cartas só contam histórias/dos bons momentos congelados na memória...”. Devo Despertar é do venezuelano Jesus Pinguino, versão da própria Rita. E Rita faz releituras paras as canções Saia do Caminho, de Custódio Mesquita e Evaldo Ruy, e Eu Vim da Bahia, de Gilberto Gil. Essa última tem uma introdução especial, de baianidade, para mostrar de onde veio. E encerra com a popular “canto no inverno, canto no verão, canto noite e dia...”
É o canto bossa novista de Rita Tavares (orgânico, visceral, confessional), delicada, sensual, voz pequena mas harmoniosa, ritmada que veio para ficar. Agora é preciso que os baianos conheçam mais essa cantora, compositora e instrumentista que sabe o que quer, tem jingado, personalidade, ótima voz. E não precisa mais sair de sua terra(a não para shows) para ser reconhecida pelos baianos. Vamos ouvi-la. O CD está disponível no Tom do Saber e na Pérola Negra.
Essa é a Rita que já conhecia da Rádio Educadora.
Rita que sorrir para o mundo
Rita de encanto profundo
Rita de olhar sensual
Rita menina natural
Rita de voz sussurrada
Rita de vida agitada
Rita de canto suave
Rita, profundidade.
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2 comentários:
O som da Rita é realmente encantador. Peculiar demais!
Apaixonante. São os prazeres que a música nos proporciona.
Kleidir
A Rita sabe conquistar corações...
Gutemberg
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