Bem ou Mal (Maurício Gaetani)
Pode ser que seja normal
Acordar querendo te ver
Pode ser que seja fatal
Para mim, ficar sem você
Pode ser que o amor seja assim
E o remédio seja esperar
Pode ser que eu ria de mim
Quando tudo isso acabar
Antes que eu sinta mais saudades de você
Quem sabe a gente não se encontra pela rua
Ainda é cedo e tudo pode acontecer
A chance é toda sua
Pode ser seu jeito de olhar
Um sorriso basta pra mim
Faz o mundo inteiro parar
Faz o coração dizer sim
Pode ser que eu queira demais
E você nem queira saber
Pode ser que seja fugaz
Mas eu quero estar com você
Eu visto a roupa mais bonita pra te ver
Quem sabe a gente não se encontra pela rua
A noite cai e tudo pode acontecer
Debaixo dessa lua
Bem ou mal
Tudo se mistura, tudo é natural
Prazer e tortura juntos, bem ou mal
Se você quer calma, eu quero um temporal
De amor e prazer
Coisa tua (Música: Waltel Branco/Letra: Alice Ruiz)
Assim que vi você
logo vi que ia dar coisa
coisa feita pra durar,
batendo duro no peito
até eu acabar virando
alguma coisa
parecida com você
parecia ter saído
de alguma lembrança antiga
que eu nunca tinha vivido,
mas ia viver um dia
alguma coisa perdida
que eu nunca tinha tido
alguma voz amiga
esquecida no meu ouvido
agora não tem mais jeito,
carrego você no peito
poema na camiseta
com a tua assinatura
já nem sei se é você mesmo
ou se sou eu que virei alguma coisa tua
É preciso que a música aparente
no vaso harmonizado pelo oleiro
seja perfeitamente consistente
com o gesto interior, seu companheiro
e fazedor. O vaso encerra o cheiro
e os ritmos da terra e da semente
porque antes de ser forma foi primeiro
humildade de barro paciente.
Deus, que concebe o cântaro e o separa
da argila lentamente, foi fazendo
do meu aprendizado o Seu compêndio
de opacidades cada vez mais claras,
e com silêncios sempre mais esplêndidos
foi limando, aguçando o que escutara.
A voz do mar (Geraldo Carneiro)
Na nave língua em que me navego
só me navego eu nave sendo língua
ou me navego em língua, nave e ave.
eu sol me esplendo sendo sonhador
eu esplendor espelho especiaria
eu navegante, o anti-navegador
de Moçambiques, Goas, Calecutes,
eu que dobrei o Cabo da Esperança
desinventei o Cabo das Tormentas,
eu desde sempre agora nunca mais
cultivo a miração das minhas ilhas.
eu que inventei o vento e a Taprobana,
a ilha que só existe na ilusão,
a que não há, talvez Ceilão, sei lá,
só sei que fui e nunca mais voltei
me derramei e me mudei em mar;
só sei que me morri de tanto amar
na aventura das velas caravelas
em todas as saudades de aquém-mar.
--------------------------------------------------------
Nenhum comentário:
Postar um comentário