Toda cultura produz alguma forma de arte e literatura sexualmente explícita, mas nem todas distinguem o erótico do pornográfico, e a pornografia não é definida da mesma forma em todos os casos. O advento da imprensa ofereceu um meio mais eficaz de disseminar o saber, mas também gerou atividades subsidiárias que tiveram proveito da formação de um público leitor urbano e do poder d reprodução de imagens. A circulação privada de manuscritos concorria com um mercado menos regulamentado de figuras impressas. Gravuras de Marcantonio, Raimondi e de Agostino Carracci, antes produções artísticas únicas, tornaram-se produtos populares. Enquanto as pinturas eróticas de Ticiano no palácio Escorial de Filipe II ficava escondidas sob uma cortina e só eram vistas por visitantes selecionados pelo monarca, as estampas e os livros populares eram encontrados em livrarias na maioria dos centros urbanos.
As reações das autoridades ao surgimento do material impresso erótico e obsceno refletiu uma inquietante transição social: de uma sociedade em que o acesso ao conhecimento era restrito à elite e intelectual para uma sociedade que divulgava seus segredos cotidianos indiscriminadamente. Ampla circulação de segredos políticos, sexuais e científicos no século 16 levou ao surgimento de mecanismo de censura, usados para definir os limites entre o lícito e o ilícito. Era um modo de controlar a circulação de mercadoria moralmente perigosa e imprópria, agora não mais restritas ao mundo dos humanistas, mas ao alcance de um público mais amplo. O papa Paulo IV estabeleceu em 1559 o Index de Livros Proibidos para expurgar escrito protestante do mundo católico, além do conteúdo moral da arte e da literatura. Os esforços da Inquisição e do Índex em vez de erradicar esse tipo de literatura proibida, deram-lhe um status especial ao dificultar sua aquisição. Nas áreas reservadas das livrarias, os livreiros mantinham uma literatura erótica burguesa para um público ávido. Uma cultura ilícita prosperou como reação às restrições.
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