18 abril 2007

Monteiro Lobato e o mundo infantil (1)

Hoje, José Bento Monteiro Lobato faria 125 anos se vivo fosse. Escritor respeitado por seus contos e pelo romance “Urupês”, Lobato é antes de tudo amado pelas crianças brasileiras como seu maior e mais conhecido autor. Por escolha, já que se desencantara dos adultos, decidiu-se a escrever só para crianças e, com o Sítio do Picapau Amarelo, criou um universo próprio, um mundo de encantamento que vai tomando forma ao longo dos numerosos títulos que compõem sua vasta obra. Na história da literatura brasileira e, em especial, da literatura infantil, cabe a Monteiro Lobato posição de relevo. Ele abriu um caminho, criou uma série de tipos no cenário da história infantil e trabalhou de modo pessoal e original nesse campo, desvendando uma trilha nova.

E é sempre tempo de ler e conhecer Lobato. Aquele que não o conhece ainda, faça uma visita à Biblioteca Monteiro Lobato (no bairro de Nazaré) onde o visitante poderá ler textos informativos sobre a vida e obra do autor de Narizinho Arrebitado. 18 de abril é o Dia Nacional do Livro Infantil e, apesar do aumento da produção de autores brasileiros para crianças e jovens, principalmente a partir da década de 70, a figura de Monteiro Lobato continua a ter lugar de destaque. Trata-se do mais importante escritor do gênero infanto-juvenil, não apenas porque produziu uma obra ampla e coerente, como porque criou um riquíssimo universo ficcional que influenciou as gerações seguintes.

Em toda a sua obra, Lobato revela-se, principalmente, um escritor preocupado com a natureza: um ecologista, numa época em que o termo nem era conhecido. Sua defesa do verde nacional teve início em 1914e continua mais atual do que nunca. Passados 93 anos, os protestos do escritor contra as queimadas em sítios e fazendas, a que nomeou “uma velha praga”, identificam-se com a emergente preocupação ecológica de nossos dias. Defendeu o binômio saúde-educação como único caminho para a recuperação do caipira. Depois, uma passagem pelos Estados Unidos o convenceu de que os alicerces da prosperidade econômica eram o ferro e o petróleo. A partir daí, iniciou violentas críticas ao governo brasileiro que acabaram por levá-lo à prisão durante a ditadura de Getúlio Vargas.

CARREIRA

Monteiro Lobato nasceu em 1882, numa fazenda de Taubaté, Estado de São Paulo. Em 1904, formou-se em Direito, chegando a se tornar promotor público, cargo que abandonou em 1911 para administrar a fazenda que herdara do avô. Sua carreira literária começou em 1918 com um artigo publicado no jornal O Estado de S.Paulo. Nesse artigo “Urupês”, Lobato lançou um dos mais famosos personagens da literatura brasileira: Jeca Tatu, símbolo do caipira brasileiro e que serviria de ponto de partida para as críticas do autor o subdesenvolvimento do país e à inércia das autoridades.

Fazendeiro, escritor, pintor, editor, bacharel, homem público, misto de conservador e revolucionário, 125 anos depois e seu nascimento, continuam indefinidos os contornos da vasta, variada, polêmica e quase sempre esplêndida obra de Lobato. Homem de ação, reflexão e criação. Procurou petróleo, lutou por ele – antes da Petrobrás virar realidade. Foi perseguido. Lutou pelo saneamento rural, pela indústria do aço, pela reforma ortográfica. Foi perseguido – por políticos e politiqueiros, por gramáticos e gramatiqueiros, e pela ditadura. A defesa da tese da existência do petróleo do País foi uma luta pelo qual passou seis meses na prisão, em 1941.

A obra mais importante de Monteiro Lobato, porém, foi a série de histórias que escreveu para crianças, iniciada com a publicação de “Reinações de Narizinho”, em 1921. Antes dessa publicação, não existiam nos livros para crianças, escritos no Brasil, características da obra literária. Pioneiro do abrasileiramento da linguagem, criticava abertamente as traduções portuguesas então correntes no Brasil. Além de tornar a linguagem mais coloquial e, portanto, mais acessível às crianças, ousou criar neologismos, fazer inúmeros jogos de palavras, sem duvidar da capacidade de reflexão de seus pequenos leitores. Ele foi o primeiro escritor a tratar a literatura infanto-juvenil com seriedade. Seus livros não são apenas divertidos. Eles procuram informar e educar os jovens leitores. Outra novidade foi a discussão de temas políticos e sociais que empolgavam o mundo naquele tempo e a valorização da cultura popular, uma das vertentes do modernismo a qual ele antecipou.

2 comentários:

Anônimo disse...

COMO VOCÊ É?

Lorena disse...

Nós da escola particular zona norte adoramos o blog, parabéns pelo trabalho excelente tema, amamamos!