22 março 2007

Genaro de Carvalho

Artista plástico. Genaro Antonio Dantas de Carvalho nasceu a 10 de novembro de 1926, na Gamboa de Cima, Salvador e faleceu no dia 02 de janeiro de 1971. O apego às artes veio de seu pai, Carlos Alberto, comerciante e pintor domingueiro. Aos 18 anos viaja para o Rio, estudando na Sociedade Brasileira de Belas Artes e, ao mesmo tempo, completando o seu curso científico no Colégio Andrews. No mesmo ano volta a Bahia e participa, juntamente com o pintor Carlos Bastos e o escultor Mário Cravo, do movimento de Arte Moderna, abrindo uma frente contra o academismo de então. Um ano depois Genaro sofre um distúrbio na tiróide, seguida de forte crise nervosa e é assistido pelo médico Peregrino Júnior. A pintura foi sua terapêutica, destinada a garantir a coordenação dos movimentos e a disciplinação da atenção, conseguindo recuperá-lo.

Em 1944, Genaro está entre os participantes da 1ª Mostra de Arte Moderna na Bahia. No mesmo ano teve formação em desenho com Henrique Campos Cavaleiro, na Sociedade Brasileira de Belas Artes, do Rio. No ano seguinte, aproximando-se do médico e escritor Peregrino Júnior, por motivo de saúde, mereceu desse orientação no seu interesse pela obra sobre a Amazônia, da autoria do médico. O próprio artista assinalaria, posteriormente, o nome de Peregrino Júnior como uma das fontes de influência na concepção temática, de caráter ecológico, que assumiria mais tarde. Fez sua primeira exposição individual em 1945, na sede da Associação Brasileira de Imprensa, no Rio, e um ano após, no Museu Nacional de Belas Artes, RJ. Somente em 1947 faz seu “debut” na Bahia, expondo na Biblioteca Pública de Salvador e, em seguida, em Fortaleza. Entre 1946 e 1949 participa do movimento de arte moderna na Bahia, viajando para a França, teve aprendizagem junto a André Lhote e de lá mandava crônicas sobre arte para uma coluna de jornal de Salvador sob o título Pintura.

O ano de 1950 é decisivo na carreira do artista. Primeiro, conclui, após prolongado trabalho, o afresco de 200 m2 denominado Festas Regionais, no Hotel da Bahia. Este trabalho lhe confere o prestígio crítico como um dos raros pintores brasileiros a dominar o muralismo. Segundo, por ter participado de quatro salões na França e, finalmente, foi naquela mesma data que fez sua primeira tapeçaria intitulada Plantas Tropicais, medindo 2 m X 1,40 cm. Em 1952 seu temperamento irrequieto e versátil o leva a percorrer novos caminhos no campo estético. Dedica-se à decoração de interiores, fazendo desenhos para móveis modernos, estilo “funcional”, ao lado dos arquitetos Lev Smarcevsky e Antônio Rebouças. Em 1954, Genaro foi visitado na Bahia pelo artista francês Jean Lurçat, consagrado tapeceiro e pintor, motivado pela admiração que lhe causaram os murais do Hotel da Bahia. A consagração do seu trabalho, no entanto, virá em 1955, quando a enciclopédia Delta-Larousse cita Genaro como o fundador da tapeçaria-mural no Brasil. Expõe, então, pela primeira vez, na Petite Galerie do Rio de Janeiro, tapeçarias. Em 1957, no Museu de Arte Moderna em SP e no Museu de Arte Moderna no Rio, e, no ano seguinte no Museu de Arte Moderna (Pampulha), em BH. 1959 é grandemente ocupado por viagem aos Estados Unidos e um ano após faz exposições em Porto Alegre, São Paulo, na Bahia, no Rio, em Zurich (Suiça) e Hamburgo (Alemanha).

Mas Genaro não se contém nos tapetes e quadros onde explora tudo que a cor pode dar, fixando, com talento as nuances tropicais com sensualidade. Parte para os tecidos e por encomenda desenha toda uma linha para a coleção Brasiliane (1960) da Companhia Teodoro Industrial. Em 1961 expõe em Buenos Aires e passa bastante tempo em Mar del Plata, onde pinta uma série de cartões para tapeçaria. 1962 é o ano que inaugura com uma mostra de 60 obras, entre tapeçarias, desenhos e pinturas, a Petite Galerie de SP, expondo, no mês seguinte, dezembro, na galeria de igual nome, no Rio. Em 1963 ele se dispõe a um grande esforço de comunicação de sua arte, sem usar mercado: organiza a exposição para o navio-escola Custódio de Mello, no cruzeiro de vários continentes, e, em setembro do mesmo ano, faz a experiência de uma exposição ar livre, no Campo Grande, em Salvador. Em 1964, visita os EUA e no ano seguinte participa da 2º Bienal Internacional de Tapeçaria em Lausanne, Suíça, a convite, e ainda no mesmo ano, participa de uma exposição coletiva no Museu Hermitage de Leningrado e em Hamburgo. Com um acervo de 30 tapeçarias e 30 cartões-modelos, inaugura em 1966 a sede Brazilian-American Cultural Institute, em Washington. Em 1969 vê publicado o livro Genaro da série Plásticos da Bahia, com 10 reproduções policrômicas da pintura para tapeçaria e 11 desenhos de figuras. Abril de 1971 marca a exposição da série Mulatas, na capela do antigo Solar do Unhão, sede do Museu de Arte Moderna da Bahia.

Do ponto de vista crítico a última etapa de Genaro é explícita recondução ao figurativo. As mulatas são figuradas sob rigor anatômico e os elementos vegetais se reproduzem em seus novos quadros sob a própria denominação botânica, conforme se verifica nos catálogos de 1971. Sobre sua pintura dessa última fase, escreveram Jorge Amado, Mário Schemberg, Maria Eugênia Franco, Romano Galeffi, Carlos Eduardo da Rocha, Odylo Costa Filho, e outros. Genaro ainda estava no Rio de Janeiro acompanhando sua última exposição quando, por algum motivo de saúde, desejou voltar rápido para a sua cidade. Há alguns anos já padecia de hipertensão. Faleceu, em consequência de acidente vascular cerebral, a 02 de julho de 1971, em Salvador, Bahia. O desenho, a pintura e a tapeçaria foram os meios de expressividade de Genaro de Carvalho. Para os seus críticos mais íntimos, será justo somar-se o muralismo, a decoração de interior, as colagens e as assemblagens. Bem poucos artistas brasileiros, em vida, tiveram a consagração espiritual e material conseguida por Genaro de Carvalho. Sua arte, hoje, se espalha pelos quatro cantos do Mundo.

5 comentários:

Délio disse...

Ótima matéria.Eu tinha muita curiosidade sobre o artista Genaro de Carvalho, uma vez que possuo um tapete de sua autoria, chamado Pássaro Tropical. Você saberia me informar sobre mercado? (compra e venda, valor das obras, etc..)
Grato, Délio.
e-mail: deliogoncalves@ig.com.br

Ferreira disse...

estou fazendo uma pesquisa sobre Genaro de Carvalho e gostaria de saber mais sobre ele. Vc. pode me ajudar?
A propósito a data de falecimento è 02 de julho e não 2 de janeiro.

Grande abraço

Ferreira

Denise Vasconcelos disse...

Vi obras de tapeçaria dele, de Kennedy Bahia e outros no Mercado Livre. Dá uma olhada! Boa sorte!

.::Morphina::. disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
.::Morphina::. disse...

Bem resumido, mas bem detalhado os fatos importantes. sou estudante de Artes Plásticas na EB/UFBA e estou fazendo uma pesquisa sobre ele e gostaria de saber quais as fontes você utilizou e se poderia compartilhar.
Meu email: thaychan@hotmail.com