O ano de 1917 foi simbólico na política
e nas artes. A classe trabalhadora e os intelectuais de esquerda, exilados,
assumem o poder na Rússia. Na mesma época o Dadaísmo (o mais marginal de todos
os movimentos artísticos, pregando a não-arte) começava sua marcha para ocupar
os museus, o que aconteceu mais arte, saindo da margem para o centro.
Para o século XX, 1917 (ou seja, 90 anos
atrás), o ano da Revolução Russa foi o detonador de décadas de lutas
ideológicas que se travaram pelo mundo inteiro entre o Comunismo, as
Democracias Liberais e o Nazi-fascismo, provocando a Segunda Guerra Mundial
(1939-1945) e, em seguida, a longa Guerra Fria (1947-1989).
As ideologias floresciam. O socialismo,
impulsionado pela Revolução Russa de 1917, preconizava a formação de uma
sociedade igualitária, controlada pelo Estado, e desfraldava a bandeira do
paraíso construído na Terra, em que não haveria a exploração do homem pelo
homem. O capitalismo, herdeiro da Revolução Francesa de 1789, prometia a
felicidade através da realização puramente individual, que seria a chave para a
conquista de uma vida cercada de confortos materiais.
Na Revolução de Outubro de 1917, os
bolcheviques invadiram os prédios públicos, prenderam os integrantes do Governo
Provisório e tomaram o poder. Com a ausência de Lênin, o grupo foi liderado por
Leon Trotski, que, assim como seu companheiro, foi também um dos principais
teóricos do movimento socialista, desenvolvendo a idéia - original de Marx - da
“revolução permanente”, que prega um combate total ao modelo capitalista.
A partir daí, os bolcheviques ganhariam
outro nome: Partido Comunista da União Soviética. O impacto da guerra foi
enorme em muitos aspectos. Mudou o modo como cada indivíduo via a si mesmo e
seu lugar no mundo. O hedonismo da década de 20 e a violência denunciavam uma
perda coletiva da inocência. Em todas as nações combatentes, a burocracia e a
indústria se expandiram muito.
Nos EUA, a falta de mão-de-obra deu um
novo papel para a mulher e para os negros, que abandonaram as lavouras do sul e
foram trabalhar nas fábricas do norte. Mas a ascensão dos oprimidos foi seguida
por uma divisão social mais acentuada. A guerra havia provocado um frenesi
xenófobo entre os norte-americanos.
Houve uma guerra mundial. Seu fim foi o
começo da idade do jazz. Com forte marcação rítmica, uso frequente da síncope e
pela improvisação sobre um tema melódico, suas raízes está na fusão de ritmos
trazidos pelos africanos (como o spirituals e o blues) com a música européia
dos séculos XVIII e XIX (caso dos hinos, marchas e operetas). Sob a base de uma
música composta de improviso, o jazz acaba por expressar fortemente as emoções
do músico.
Em 1917 a Dixieland Jazz Band,
um grupo branco, faz a primeira gravação de jazz, Livery Stable Blues. Vende um milhão de cópias, lançando o jazz
como música popular. Freddie Keppard, líder de uma banda negra, rejeitou a
chance de fazer o primeiro disco de jazz - tinha medo de que outros músicos
copiassem seu estilo. O instrumento que se sobressaia nas formações da época
era o trompete, daí serem trompetistas os grandes músicos de então: Buddy
Bolden, Joe “King” Oliver, Louis Armstrong e Bix Beiderbecke.
Um comentário:
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