Quero ficar
no teu corpo feito tatuagem
Que é
pra te dar coragem
Pra seguir
viagem
Quando a
noite vem
E também
pra me perpetuar em tua escrava
Que você
pega, esfrega, nega
Mas não
lava
Quero brincar
no teu corpo feito bailarina
Que logo
se alucina
Salta e
te ilumina
Quando a
noite vem
E nos
músculos exaustos do teu braço
Repousar frouxa,
murcha, farta
Morta de
cansaço
Quero pesar
feito cruz nas tuas coisas
Que te
retalha em postas
Mas no
fundo gostas
Quando a
noite vem
Quer ser
a cicatriz risonha e corrosiva
Marcada a
frio, a ferro e fogo
Em carne
viva
Corações de
mãe
Arpões, sereias
e serpentes
Que te
rabiscam o corpo todo
Mas não
sentes. (Tatuagem, de Chico Buarque e Ruy Guerra, 1973)
Dragões, caravelas
e sereias até pouco tempo podiam apenas ser vistos no corpo de marinheiros e surfistas, que usavam esse tipo de recurso quase como uma identidade. O hábito de se tatuar parecia estar totalmente associado ao mar. Era sinônimo de rebeldia e coragem. Atualmente essa imagem mudou. E a tatuagem está novamente na moda. E em terra firme o número de pessoas que adere à nova febre é impressionante, principalmente jovens e mulheres. A tatuagem conquistou novos espaços, tornou-se urbana e ganhou formas diferentes, mais exóticas. Elas são maiores, os desenhos mais variados, quase como os grafites que vemos pelos muros das grandes cidades

São inúmeros
os grupos que buscam nela sua marca. Os punks, skin heads e roqueiros têm uma atração especial pelos desenhos macabros. Eles têm caveiras, monstros, aranhas com teias enormes espalhados por todo o corpo. A ideia é chocar, representar da forma mais clara possível a podridão da sociedade e toda a revolta que eles sentem. “Tattoo you”, diz a capa de um dos discos dos Rolling Stones. Milhares de jovens através do mundo seguiram a ordem de seus ídolos, nos anos 70, e cobriram parte do corpo com diversos desenhos.
Ainda hoje
a tatuagem é bastante discriminada e as pessoas que as possuem são vítimas de todos os tipos de preconceitos. Tradicionalmente associada à marginalidade, a tatuagem já não se encaixa neste estereótipo. Que o digam os milhares de jovens do mundo inteiro que expressam em seus corpos passagens marcantes da vida, feitas para exibição ou auto-afirmação.
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