07 abril 2011

EXU – O Orixá da Comunicação e do Movimento (2)

Segundo o escritor Alberto Mussa, Elegbara (literalmente, “dono do poder” e título de uma de suas obras lançada em 1997) é um dos nomes, ou títulos, de Exu, orixá que interfere em todas as ações humanas, permitindo que elas se realizem. Ele é, mitologicamente falando, o responsável pelo “movimento” que conduz o homem ao seu destino. Por isso, um dos seus símbolos é a encruzilhada. Exu é também o orixá da sexualidade, porque — para os nagô (me parece) — o destino de um homem é o seu próprio desejo. No cristianismo (que baliza toda a visão de mundo ocidental), há um fundo platônico, uma associação entre as ideias de Verdade, Bem, Beleza e Justiça. No candomblé, esses conceitos perdem espaço e são dissolvidos pelo “erotismo”, presente em Exu. Não por acaso que os missionários cristãos logo associaram Exu ao demônio. É incrível observar que ainda hoje ele seja visto assim.


Na África na época das colonizações, o Exu foi sincretizado erroneamente com o diabo cristão pelos colonizadores, devido ao seu estilo irreverente, brincalhão e a forma como é representado no culto africano, um falo humano ereto, simbolizando a fertilidade.


Por ser provocador, indecente, astucioso e sensual é comumente confundido com a figura de Satanás, o que é um absurdo dentro da construção teológica yorubá, posto que não está em oposição a Deus, muito menos é considerado uma personificação do Mal.Mesmo porque nesta religião não existem diabos ou mesmo entidades encarregadas única e exclusivamente por coisas ruins como fazem as religiões cristãs, estas pregam que tudo o que acontece de errado é culpa de um único ser que foi expulso, pelo contrário na mitologia yoruba, bem como no candomblé cada uma das entidades (Orixás) tem sua porção positiva e negativa assim como o próprio ser humano.


DEMONIZAR - Com o crescimento do Cristianismo, os cristãos, outrora perseguidos, passaram a ser os perseguidores. Para justificarem os seus preconceitos, começam a demonizar os Deuses das Antigas Religiões Pagãs. Pouco a pouco, o Diabo passou a ser vinculado aos antigos Deuses. O Diabo, antes um ser sem forma definida, passa a ter uma forma física, tais como pés de animal, asas de morcego, rabo de boi, garras afiadas, enormes dentes, olhos grandes e ameaçadores, chifres, e uma cor quase sempre avermelhada, amarronzada, ou enegrecida. A imagem do Diabo foi elaborada a partir dos elementos representativos de vários Deuses ditos pagãos. Nada foi original, pelo contrário, o Diabo enquanto ser mitológico cristão é um plagio de uma coleção de mitos, símbolos, e superstições dos povos da Antiguidade.


A principio, foram os Deuses Indígenas os primeiros a serem demonizados, tais como Anhangá (ou Anhanguera), um Deus do Panteão Tupi-Guarani, erroneamente identificado como um “espírito malfazejo”. Com a entrada maciça dos povos africanos, em substituição a mão de obra escrava indígena a partir do século XVII, foi a vez dos Deuses Africanos serem renegados. Os europeus, em sua maioria, viam os povos primitivos (indígenas e africanos), como seres “inferiores”. Contudo, alguns europeus não se demoraram a tentar disseminar a sua religião, e consequentemente a sua cultura, entre os povos nativos.


Exu praticamente não possui ewós ou quizilas. Aceita quase tudo que lhe oferecem.

Exu tem a capacidade de ser o mais sutil e astuto de todos os orixás. E quando as pessoas estão em falta com ele, simplesmente provoca mal entendidos e discussões entre elas e prepara-lhes inúmeras armadilhas. Diz um orìkì que: “Exu é capaz de carregar o óleo que comprou no mercado numa simples peneira sem que este óleo se derrame”. E assim é Exu, o orixá que faz: O erro virar acerto e o acerto virar erro.

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Um comentário:

Patricia Thor disse...

Boa tarde, queria pedir autorização para postar esse texto num grupo de uma rede social que participo. Colocarei sua assinatura..
se puder me enviar sua resposta por email , agradeço..
thor8luc@gmail.com
Patricia