Lucas não foi um revolucionário ou herói dos escravos – na sua sanha não fazia distinção se atacava ricos, pobres, negros ou brancos, escravos ou libertos. “É um personagem bem pouco conhecido de nossa historiografia, até mesmo entre os baianos. É possível ainda que muitos dos crimes atribuídos a Lucas tenham sido praticados por outros escravos que se passavam por ele. Existem algumas obras que ajudam a desvendar o mito. Entre elas, Lucas, o salteador, de Alberto Silva; Lucas, o demônio negro, romance de Sabino de Campos; A Flor dos Romances Trágicos, de Câmara Cascudo; A Verdadeira História de Lucas de Feira e o espetáculo músico teatral Escravo Lucas, o Cristo Exu da Bahia, ambos de minha autoria”, afirma o professor Franklin Machado.
Mesmo sendo uma incógnita na história feirense (alguns dizem que ele foi ladrão, outros contam que não era um verdadeiro criminoso, pois roubava dos ricos para dar aos pobres. Outros só conhecem o seu nome. Outros nem mesmo possuem informação alguma sobre sua existência) o álbum em quadrinhos Lucas da Vila de Sant´Anna da Feira apresenta a personagem. Baseada em fontes oficiais, literatura de cordel e registros orais, a trama se situa no meio-termo que tem alimentado as discussões sobre Lucas da Feira, que podem ser resumidas à pergunta: ele era um herói ou um bandido? Desenhada por Hélcio Rogério, a HQ já está circulando nas livrarias especializadas.
Várias pessoas leram o álbum antes de circular e comenta na contracapa: "...nesta obra nos é apresentado um ilustre ´desconhecido´ da História do Brasil, e não por isso menos importante” José Salles, Professor de História, roteirista de quadrinhos e editor da Júpiter II. "É com orgulho que se aprecia uma HQ onde, a cada quadro, se percebe o prazer com que se quis contar a história de Lucas da Feira, através de narrativa ágil e detalhada, junto a uma arte bela e envolvente" Gustavo Machado, desenhista de quadrinhos. “Adorei ‘Lucas da Vila de Sant’Anna da Feira’(...), bela celebração à escrita e delicioso antídoto contra essa memória amnésica de que grande parte de nós é feita.” Júlio Emílio Braz, escritor de literatura infanto-juvenil e roteirista de quadrinhos.
“ ...é uma criativa obra que resgata parte da memória do nosso País e que agrada, não só pelo belo visual artístico, como também pelo seu conteúdo histórico!" Elmano Silva (Mano), quadrinhista, artista plástico, teatrólogo e poeta. " ...cavalheiros da novíssima geração de quadrinhistas brasileiros com o estufo ideal para narrar parte da intensa aventura que foi a vida de Lucas da Feira." Sebastião Seabra, Mestre do Quadrinho Nacional. "Além de prestar homenagem aos mitos e artes populares, o cordel, as trovas e aboios, os autores manejam bem a arte dos quadrinhos, (...) compondo na mente do leitor um filme ilustrado, com ares de épico". Spacca, quadrinhista.
" ...narrativa comovente da vida de um homem destemido e sensível que decidiu fugir da atávica escravidão para viver sua liberdade, mesmo que turbulenta, por longos vinte anos". Júlio Shimamoto, Mestre do Quadrinho Nacional. "A polêmica trajetória do lendário escravo Lucas de Feira, misto de herói e salteador, ressurge em pleno século XXI, no traço vigoroso de Hélcio Rogério, e no roteiro denso e embasado”. Carlos Ribeiro, escritor e professor da UFRB.
Eis o bando responsável pela quadrinização de uma das figuras negras da Bahia que sai da invisibilidade histórica:
Hélcio Rogério (ilustração) – Trabalha como ilustrador e arte-finalista para revistas, jornais e agências publicitárias. Autodidata, iniciou sua carreira como ilustrador de quadrinhos em 1998, participando da revista independente Brazuca Comics, publicada pelo Museu de Arte Contemporânea de Feira de Santana. Desde então tem colaborado em jornais locais e diversas revista nacionais a exemplo da Impacto, Lorde Kramus, Billy the Kid, Tianinha e Área 71. Dono de um traço forte e dinâmico, possui como principais influências os desenhistas Mozart Couto, Rodval Matias, Julio Shimamoto, John Buscema e Frank Miller. (helciorogerio@gmail.com)
Marcos Franco (pesquisa e roteiro) – Atua como roteirista de Quadrinhos desde 1994, tendo trabalhos publicados em revistas como Turma do Xaxado, Impacto, Boca do Inferno, Projeto Continium, Tempestade Cerebral e Área 71. Também participou de diversos fanzines brasileiros, da Expofanzines - Mostra Internacional de Fanzines de Ourense, na Espanha - e foi vencedor do 2° Concurso Nacional de Roteiros, promovido pelo HQ Festival Sergipe de Quadrinhos. TEM como influências os roteiristas brasileiros Rubens Francisco Lucchetti, Júlio Emílio Braz, Elmano Silva, Ataíde Braz e Gian Danton. (marcosfranco@ymail.com)
Marcelo Lima (pesquisa e roteiro) – Foi um dos vencedores da 10ª Feira HQ do Piauí, na categoria Roteiro, e premiado no Intercom Nordeste do Piauí pela HQ “Marcha da Maconha em Quadrinhos”. É roteirista da HQ “Kuei e a Senhora de Sárvar”, em parceria com Joel Santos, e editor da revista baiana “Área 71”. Ainda não sabe quais influências têm, mas ama a ideia de misturar quadrinhos e cultura nordestina, suas duas grandes paixões. Gosta do interior e adora a capital, vivendo em um eterno trânsito de corpo e espírito. (marcelocaterpillar@gmail.com)
Fica a sugestão de quadrinizar outras personagens invisíveis da nossa história como Maria Felipa, a heroína negra d Independência da Bahia, Besouro o capoeira do Recôncavo, Negro D´Água, figura ligada ao Rio São Francisco e muitos outros personagens que estão na memória coletiva. Basta pesquisar!.
Sabe-se que muitos tentaram e desistiram de produzir quadrinhos pela grande dificuldade em conseguir finanças para a edição e distribuição. Esse trabalho foi viabilizado por meio de leis de incentivo e editais públicos (e os amantes de quadrinhos devem procurar esse caminho, entre outros). Depois desse belo trabalho, outros virão, com toda certeza. Um deles é São Jorge da Mata Escura e, fase de produção.
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