06 abril 2010

Inteira e profunda

Para falar dessa criatura, só mesmo com poesia:

Tempestade


Tempestade

é o que sinto ao me aproximar de você

quando sinto seu cheiro espalhando no ar

e sua pele a me acariciar.


Tempestade

é quando vejo esse seu pingar

esse balanço de arrepiar

que faz minha pele eriçar.


Tempestade

É sentir seus lábios a me tocar

e o gosto doce desse amar

e seu corpo todo a me dominar.


Tempestade, tempestade, tempestade

sinto como ar.


Cathy é uma daquelas criaturas que encanta. Basta conhecer para se apaixonar. E foi assim nosso encontro. A turma do contra (feito novela folhetinesca) não gostou nada dessa união e fez tudo para acabar. Mas a vida dá voltas e, mesmo distante, nossa união é cada vez mais forte. O destino vai atrasar o relógio dos contra. Isso tenho certeza.


“A gente vai contra a corrente/até não poder resistir/na volta do barco é que sente/o que deixou de cumprir/faz tempo que a gente cultiva/a mais linda roseira que há/mas eis que chega a roda-viva/e carrega a roseira pra lá...” (Roda-Viva, de Chico Buarque).


Mas voltando a essa menina de olhos reluzentes, passou por Salvador como um cometa brilhante. Agora essa pepita está em Barreiras, iluminando aquela região do Oeste baiano. E de lá me manda uma foto sua acompanhada de um livro especial, A Sombra do Vento, de Carlos Ruiz Zafón. A obra é sedutora, uma homenagem ao poder místico dos livros.


“...a arte de ler está morrendo muito aos poucos, que é um ritual íntimo, que um livro é um espelho e não podemos encontrar nele o que carregamos dentro de nós, que colocamos nossa mente e alma na leitura, e que esses bens estão cada dia mais escassos” (p.396).


Na dedicatória, Cathy escreveu: “Nosso encontro, nossa amizade, nossa história é guarda por mim feito prece, feito mantra de amor (…) Você sempre será uma extensão do melhor que tenho dentro, aqui, o que sua amizade tornou os meu caminhos mais ensolarados, porque amar você me deixou mais bonita. Você, sem saber, fez comigo o que a Primavera faz com as cerejeiras (lembrei-me de Neruda). E para lhe falar um ´tantinho´ mais de meu amor, amizade e gratidão por você, deixo-te com Guimarães Rosa, que parece ter presenciado o nosso encontro de almas: ´Ah, naquela hora eu gostava dela na alma dos olhos, gostava da banda de fora de mim(...)´. Te amo, inteira e profunda. Parabéns”.


“Amor não se agradece. Quem dá o que canta lá dentro do coração – se enriquece”, escreveu Thiago de Mello.


Presente maior este de Cathy no dia do meu aniversário, 03 de abril. Conhecê-la é crescer como ser humano, é respirar o profissionalismo que poucos na área possui, é atravessar o ciúme de um bando de corjas, e continuar a viver porque você pulsa em mim, apesar de todas as tramoias que tentaram nos envolver. Somos bem maiores. E como disse o poeta Mário Quintana: “Todos estes que aí estão

atravancando o meu caminho, eles passarão. Eu passarinho!”


E assim como o personagem de Zafón, fiquei com o olhar triste e outonal.


Cathy, quando chega o verão lembro do seu calor, de sua inspiração. No outono é aquela melancolia, seus olhos brilham mas não se sinta vazia. No inverno o frio chega de mansinho na noite para lembrar os ventos de acoite. E na primavera o brilho de sua alma faz florescer nosso jardim, não se perca de mim. E para você vai esse poema de quatro estações:


Estações


Sou seu homem de longas estações

serei verão quando exigires calor

serei inverno quando pedires cobertor

serei primavera quando desejares fragrâncias

serei outono quando quiseres instâncias.


Quero o seu corpo suavemente

no leito ou na natureza crua

amo não só no ímpeto da carne

pois seu nome é meu ato de amor

é o esparmo de que padece o meu sexo

é o vazio quando estás distante

pois estas na minha vida, na minha memória.


Quando de volta a sua loucura com brandura

sua língua que me falava sem som

a descobrir o sabor do sal da minha pele

e com o meu suor arrastou ainda o meu cheiro

sua loucura e a semente mais saudável do meu corpo.


Amo com fervor as grandes estações humanas

amo com o impulso da vida selvagem

essa fome que me leva a deslizar pelo seu corpo quente

e me subornas para que eu me apazigue

mas lhe resgato dos vendavais com paixão

e lhe assusto quando faço da cama o princípio e o fim

você reclama do pecado de viver assim

pecado é a sua boca, o seu jeito, o seu pelo, o seu sexo

a sua testa franzida quando vais gritar de gozo.


Você tem a força de uma música do Led Zeppelin, a simplicidade de uma canção dos Beatles, a leveza de uma composição de Caetano, a complexidade nas letras de Gil, a suavidade na voz de Gal, a transparência postura de Bethânia, a baianidade no ritmo e no gingado de Jau e a globalização no som de um Tom Jobim. Sem você, o que será de mim? (não ouso pensar nisso, ainda bem, enfim!)..


Caligrafia



Você é inteligente e instigante

vive sob o signo da multiplicidade

das confluências e dos campos disciplinares

transita entre um movimento e outro

é aberto a outras linguagens

a outras sensibilidades

e está sempre atento ao meu mundo e ao seu.


E na dança do tempo

entre o estranho e o insólito

entre o belo e o feio, o bem e o mal

você passeia nesse território natural.


Na caligrafia do amor escreve

à flor da pele

alcança primeiro com os olhos

depois com o olfato faz o extrato

sintetiza no toque e no paladar

tem sensações que vai além do mar.


Viaja nos verbos do infinito

e na pele a condição transparece

nos gestos, entrecortados por suspiros vulgares

e respirações profundas

e num impulso subterrâneo

jorra um gozo insano

é a delicadeza se encontrando

na sombra do medo e do desconhecido

tudo nesse espaço infinito.


Por e-mail Cathy escreveu:

Ariano, só podia ser. Ariano desassossegado, ansiado, ansioso, nervoso, cuidadoso, extremoso, impetuoso, saudoso. Ariano com fome de felicidade causada pelas pequenas coisas e pelas grandes pessoas que só os arianos têm. Ariano que respira amor e inspira liberdade. Ariano de vida doida, ariano enviesado, perecível ao tempo. Ariano que vive de amor fundo, que vive sempre por um segundo. Ariano libertino como um bom pedaço de mim é. Ariano vidente, que vê tranquilamente todas as horas do fim. Ariano sem grandes segredos e muitos medos. Ariano-Centauro: metade homem, metade menino. Ariano de forças naturais desenfreadas. Ariano-Ogum: primeiro orixá a descer do céu para a Terra. Ariano-sangue. Ariano-guerreiro, que briga sem cessar, que ensina as pessoas como forjar suas armas para a guerra. Ariano que descansa de suas batalhas onde o rio encontra o mar. E se Ogum tecia o ferro e o aço, esse Ariano tece as palavras, e assim vai abrindo caminho no coração e na alma das pessoas. Ariano, eu te saúdo! Agora e sempre! Com toda a minha saudade e o meu amor de sempre...Cathy

Quem desenhar conhecer um pouco mais de Cathy seu blog é: O Buraco da Minha Fechadura - http://blogcathyblog.blogspot.com

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Quem desejar adquirir o livro Bahia um Estado D´Alma, sobre a cultura do nosso estado, a obra encontra-se à venda nas livrarias LDM (Piedade), Galeria do Livro (Boulevard 161 no Itaigara e no Espaço Cultural Itau Cinema Glauber Rocha na Praça Castro Alves) e na Pérola Negra (ao lado da Escola de Teatro da UFBA, Canela) E quem desejar ler o livro Feras do Humor Baiano, a obra encontra-se à venda no RV Cultura e Arte (Rua Barro Vermelho, 32, Rio Vermelho. Tel: 3347-4929

3 comentários:

Cathy Rodrigues disse...

"Num deserto de almas também desertas, uma alma especial reconhece de imediato a outra" (Caio Fernando Abreu)
*
Oh meu amigo, lavei minha alma com lágrimas, recordações e profunda esperança hoje cedo com suas palavras e poesias. Você é minha lufada de vento gentil e fresco. Quando eu não estou triste, eu sou você, sou criança brincando de crescer. Como filha de Iansã, eu tenho mudado a direção dos meus ventos, buscando outro tempo, buscando você.Você que me conduziu ao melhoramento do meu amor, do meu "de dentro", do meu abraço, da minha amizade e lealdade.Você não é poesia, nem prosa, você nem ao menos cabe num verso, de tão grandioso que és. Eu desejo profundamente que o tempo, que transforma tudo em quase nada, não faça isso conosco.

"Onde está eu, onde está você? Estamos cá, dentro de nós..." (Maria Bethânia)

Gente é coisa dura, e fere (e você sabe do que estou a falar). Mas, o que importa, é que fiquei dentro de você, e você dentro de mim, e no final é isso que conta: gente dentro de outra gente...

"Na minha memória – tão congestionada – e no meu coração – tão cheio de marcas e poços – você ocupa um dos lugares mais bonitos" (Caio Fernando de Abreu)

"Te desejo uma fé enorme, em qualquer coisa, não importa o quê, como aquela fé que a gente teve um dia, me deseja também uma coisa bem bonita, uma coisa qualquer maravilhosa, que me faça acreditar em tudo de novo, que nos faça acreditar em tudo outra vez" (Caio Fernando Abreu)

* Sempre acho você na doçura, no amor desmedido e simples de Caio F. Abreu...

Um beijo, da sua eterna princesa Cathy

Gutemberg disse...

Cathy

Você é especial

sabe disso

Guto

Anônimo disse...

Querido,largue mao dessa ladra vadia...ela nao vale nem a comida do cachorro abandonado...