16 março 2010

Juarez Paraíso, um inovador (1)

Professor, pintor, escultor, gravador, fotógrafo, muralista, publicitário, cenógrafo, figurinista, decorador e artífice. Artista gráfico de todas as técnicas (xilogravura, metal, serigrafia, offset), pintor de todas as tintas (do pincel à pistola). Um artista completo. Juarez Paraíso nasceu em 1934 na pequena Arapiranga. Seus pais vieram, parar em Salvador no início na década de 30. Deles herdou a rara sensibilidade – a mãe tocava bandolim e o pai era professor. Com apenas 14 anos entrou para a Escola de Belas Artes. Com 16, por necessidade, iniciou carreira de professor de desenho. Formou-se em pintura, gravura e escultura. Começou a ensinar na UFBa. Em 1992 passou a ser diretor da Escola de Belas Artes da UFBa. As atitudes, aliadas ao seu audacioso trabalho, tornaram Juarez uma espécie de maldito, dentro do fechado mundo artístico de Salvador.

Na adolescência Juarez era fã de histórias em quadrinhos, apaixonado pelos traços dos artistas Alex Raymond (Flash Gordon), Burne Hogarth (Tarzan), Harold Foster (Príncipe Valente) e Will Eisner (O Spirit). Mais tarde essa influência quadrinística irá aparecer em seus trabalhos. “Aqueles desenhistas das histórias em quadrinhos foram os primeiros a chamar a atenção do menino para uma arte mais nova. Eles representam uma quebra da tradição: nas formas atrevidas quer substituíam a realidade do bom desenho, no exagero, na atmosfera que criavam, e no assunto desenvolvido em torno das eternas lutas do bem contra o mal. A influência dos quadrinhos surge nas entrelinhas de trabalhos de Juarez, pelo uso de estratégicos recursos do domínio das arte que provocam o mesmo impacto, como a distorção de que,m tem o domínio do correto, bem diferente da outra de quem não sabe fazer corretamente”, escreveu a crítica de arte Matilde Matos no livro A Obra de Juarez Paraíso.Na Escola de Belas Artes foi aluno de Raymundo Aguiar, mestre que nas horas vagas fazia caricatura para a imprensa alternativa utilizando-se do pseudônimo K-Lunga. Também foi aluno dos mestres Alberto Valença, Emídio Magalhães e Mendonça Filho.


Temido e odiado pelos acadêmicos, rejeitado pelos medalhões e amado, sobretudo, por seus alunos, Juarez Paraíso faz parte da segunda geração de artistas baianos modernos. Fez duas bienais nacionais de artes plásticas (1966 e 1968), três números da Revista da Bahia, a Galeria Convívio, e participou de toda a luta para criar uma associação de artistas modernos, um sindicato e conseguiu a regulamentação da profissão. Esses ideais morreram com a suspensão da segunda bienal, em 68 e a prisão de Juarez. Mais tarde ele fez diversos murais paras a cidade, monumentos, esculturas, a decoração do Carnaval baiano (um deles com tema em louvor a Jorge Amado), foto-design e no cinema viveu Pedro Arcanjo no filme Tenda dos Milagres, dirigido por Nélson Pereira dos Saltos. Dirigiu o curta sobre a gravura da Bahia na década de 60.


Em 1966 ele fez uma arte ambiental no Cine Tupy, obra futurista de terceira dimensão. Ele sempre buscou a experimentação e a pesquisa nas artes plásticas. O desenho a bico-de-pena e o trabeculado de linhas são o seu forte. A habilidade e a desenvoltura em tratar o material sobre o papel ou tela fazem de Juarez Paraíso o mestre da sua época. Sua obra está marcada pela qualidade e modernidade. Expôs no Peru, Espanha, Chile, EUA, entre outros países apresentando trabalhos em pintura, desenho, fotografia, serigrafia, gravura, tapeçaria, cenário para teatro e cinema, sempre com tendências vanguardistas. Artista dos mais renovadores, sempre em constante pesquisa não só nas artes gráficas como também no campo da escultura e mural. Em 1996 conclui seu mandato de diretor da Escola de Belas Artes e se aposentou como professor após 44 anos no exercício da profissão e recebeu o título de Professor Emérito.


E Jorge Amado o descreveu com dois adjetivos opostos, mas não contraditórios: solidário e solitário. “Solidário com a vida, com a luta do homem, com o tempo e o chão presentes, com as vocações violentadas, com os jovens, armado em guerra contra a injustiça, a miséria, as limitações, contra tudo quanto lhe parece feio e mau (…) solidário com seu tempo, sua terra, seu povo, seus artistas – generoso, militante, solidário promotor de cultura (…) criador vário e inquieto, múltiplo, que não se parece com nenhum outro, solitário em sua criação”.

No livro A Obra de Juarez Paraíso (2006), a crítica de arte Matilde Matos escreveu: “Artistas talentosos, há muitos. São raros os que fazem da arte a razão primordial de suas vidas e se dedicam em pensamentos, palavras e obras à sua evolução. Entre esses, com a capacidade de liderar movimentos que provocam mudanças no espaço da arte, destaca-se um em privilegiadas gerações. Da que surgiu nos anos 60, esse artista é Juarez Paraíso. (...) Ao mestre Juarez Paraíso, devesse a formação da grande maioria dos artistas baianos surgidos entre os anos 60 e começo dos 90. (...). Juarez Marialva Tito Martins Paraíso nasceu sob o signo de Virgem e seu santo é Oxossi. Acredita no amor, na solidariedade e no homem”.


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Quem desejar adquirir o livro Bahia um Estado D´Alma, sobre a cultura do nosso estado, a obra encontra-se à venda nas livrarias LDM (Piedade), Galeria do Livro (Boulevard 161 no Itaigara e no Espaço Cultural Itau Cinema Glauber Rocha na Praça Castro Alves) e na Pérola Negra (ao lado da Escola de Teatro da UFBA, Canela) E quem desejar ler o livro Feras do Humor Baiano, a obra encontra-se à venda no RV Cultura e Arte (Rua Barro Vermelho, 32, Rio Vermelho. Tel: 3347-4929


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3 comentários:

Anônimo disse...

A UNITED PHOTO PRESS - ONG sem fins lucrativos, lança em Abril, o concurso internacional de fotografia video escrita criativa e pintura "PORTUGAL 2010" com 10 mil euros em prémios, sendo um dos prémios a eleição das 10 melhores fotos na categoria ambiente inserido no Ano Internacional da Biodiversidade no valor total de 1.300 euros em prémios, no qual fomos eleitos representantes pelas Nações Unidas (+ info no final da página)

Vimos por este meio solicitar uma futura parceria nas áreas que estejam disponiveis.
(divulgação, prémios, espaços para futuras exposições, etc...)
Flyer do Press Release em anexo

O regulamento do concurso sairá em Abril, no entanto poderemos adiantar que as parcerias nacionais e internacionais que estamos a efectuar com as associações fotográficas e outras, consiste na divulgação do concurso pelos seus associados e com o logótipo no site.
Em parceria, a United Photo Press dará a essas mesmas associações a possibilidade dos associados participarem no concurso de 10 mil euros em prémios, com a mesma taxa de inscrição dos membros internacionais da United Photo Press.

Outros eventos de destaque da UNITED PHOTO PRESS (click para ir directo para o evento)
A exposição internacional da United Photo Press "PSR" foi reconhecida pela comissária europeia da prevenção e segurança rodoviária Eva Prodilóva.
O Secretariado da Convenção da Diversidade Biológica das Nações Unidas, elegeu a United Photo Press como parceiro para levar a mensagem “2010 Ano Internacional da Biodiversidade” junto dos portugueses, no território nacional e no estrangeiro.
A United Photo Press é a cordenadora fotográfica nacional do projecto LIMPAR PORTUGAL


A United Photo Press revela-se nos trabalhos que produz. E esses devem-se à confiança que nos é diariamente manifestada por muitas entidades nacionais e internacionais com que colaboramos – e que são parceiros, patrocinadores/apoiantes ou ainda instituições com que nos relacionamos em vários projectos que desenvolvemos. Todas elas nos emprestam o seu prestígio ao associarem o seu nome aos nossos projectos, e tal como nos orgulhamos de apresentar os seus nomes sabemos também que damos o nosso melhor para permitir a estas mesmas entidades continuar o seu bom trabalho.

www.unitedphotopress.com

Silvia Aleluia Ferreira disse...

Muito bom esse texto, é sempre bom novas descobertas.


Diogo Rocha Braga disse...

Bom dia,Gutemberg
Gostaria do seu contato para te mandar o meu poema sobre Juarez Paraíso para você apreciar e também produzirmos algum material.

Fico no aguardo.Diogo Rocha Braga.