14 dezembro 2009

O que é necessário saber sobre mundialização e cultura (4)

A cartografia do consumo mundial independe das realidades nacionais. Aos consumidores são propostos (ou impostos) uma gama extensa, mas uniforme de bens semelhantes, produzidos e distribuídos em grande escala. O processo de mundialização se acelera na Europa, nivelando-o com os Estados Unidos. A tríade (Estados Unidos, União Européia e Japão) apresenta um núcleo hegemônico de produção cujo mercado segmentados apresentam demandas relativamente homogêneas.

O livro “Consumidores e cidadãos: conflitos multiculturais da globalização”, de Nestor Garcia Canclíni, trata do significado de cada um desses papéis em meio às mudanças culturais que alteram a relação entre o público e o privado e entre o local e o global. “Os atos pelos quais consumimos são algo mais do que simples exercícios de gostos, caprichos e compras irrefletidas, tal como costumam ser explorados pelas pesquisas de mercado”, declara Canclini. O autor critica o modelo neoliberal de globalização, em que as decisões políticas e econômicas são tomadas em função do consumo imediato, enquanto nos países da periferia a população encontra-se em condições pouco ou nada favoráveis de trabalho e sem memória histórica. Como a globalização incorpora, dentro de cada nação, diferentes nações e setores, a sua relação com as culturas locais e regionais não está somente no sentido de homogeneíza-las, pois as diferenças são convertidas em desigualdades. A globalização – em sua pretensão democrática e plural – se dá de forma seletiva, pois os direitos são desiguais e os objetos de consumo se restringem às elites.

LEMA

Pense global, aja localmente. É o lema das grandes corporações. O local não está necessariamente em contradição com o global, pelo contrário, encontram-se interligados. A globalização se realiza através da diferenciação. Há um nivelamento cultural (a padronização se vincula apenas a alguns segmentos sociais), preservando as diferenças entre os diversos níveis de vida. Um mundo nivelado não é um mundo homogêneo. A modernidade não é apenas um modo de ser, ela é também ideológico. Conjunto de valores que hierarquiza os indivíduos, ocultando as diferenças-desigualdades de uma modernidade que se quer global.

“Os jovens vivem hoje a emergência das novas sensibilidades, dotadas de uma especial empatia com a cultura tecnológica, que vai da informação absorvida pelo adolescente em sua relação com a televisão à facilidade para entrar e mover-se na complexidade das redes informáticas. Diante da distância e da prevenção com que grande parte dos adultos sente e resiste a essa nova cultura – que desvaloriza e torna obsoletos muitos de seus saberes e destrezas -, os jovens experimentam uma empatia cognitiva feita de uma grande facilidade na relação com as tecnologias audiovisuais e informáticas e de uma cumplicidade expressiva; com seus relatos e imagens, suas sonoridades, fragmentações e velocidades, nos quais eles encontram seu idioma e seu ritmo. Pois diante das culturas letradas, ligadas à língua e ao território, as eletrônicas, audiovisuais, musicais ultrapassam essa adstrição, produzindo novas comunidades que respondem a novos modos de perceber e de narrar a identidade. Estamos diante de novas identidades, de temporalidades menos largas, mais precárias, mas também mis flexíveis, capazes de amalgamar e de conviver com ingredientes de universos culturais muito diversos”. É o que escreveu Jesús Martin Barbero no artigo “Globalização comunicacional e transformação cultural”, incluído no livro Por uma outra comunicação.

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