15 dezembro 2009

Mergulhe nessa terceira onda (1)

Terceira onda, modernidade tardia e pós modernidade foram as denominações de estudiosos a sociedade pós-industrial. Para Alvin Toffler, as mudanças ocorridas na sociedade se processam como ondas do mar. E três grandes ondas são as responsáveis pelas transformações que alteraram a vida em sociedade, o modo de trabalho e produção, a política e o comportamento humano ao longo dos séculos. O que distingue uma onda de outra é um sistema diferente de criar riqueza. A alteração da forma de produção de riqueza é acompanhada de profundas mudanças sociais, culturais, políticas, filosóficas, institucionais.

A primeira onda foi a sociedade nômade para a sociedade agrícola. O domínio do solo transformou a civilização, que, além de extrair o seu sustento, passou a fixar-se nele. As famílias tornaram-se multi-geracionais e trabalhavam juntas, consumindo o que produziam. Na primeira onda a forma de criar riqueza era cultivando a terra. Os meios de produção de riqueza eram, portanto, a terra, alguns implementos agrícolas (a tecnologia incipiente da época), os insumos básicos (sementes), e o trabalho do ser humano (e de animais), que fornecia toda a energia que era necessária para o processo produtivo. Do ser humano se esperava apenas que tivesse um mínimo de conhecimento sobre quando e como plantar e colher e a força física para trabalhar.

A segunda onda assolou o mundo no século 18 com a Revolução Industrial, que transformou o modo de vida com que as pessoas deixassem o campo para viverem nos centros urbanos e trabalharem nas fábricas. Na segunda onda, a forma de criar riqueza passou a ser a manufatura industrial e o comércio de bens. Os meios de produção de riqueza se alteraram. A terra deixou de ser tão importante, mas, por outro lado, prédios (fábricas), equipamentos, energia para tocar os equipamentos, matéria prima, o trabalho do ser humano, e, naturalmente o capital (dada a necessidade de grandes investimentos iniciais) passaram a assumir um papel essencial enquanto meios de produção. Do ser humano passou a se esperar que pudesse entender ordens e instruções, que fosse disciplinado e que, na maioria dos casos, tivesse força física para trabalhar. Essa nova forma de produção de riquezas também trouxe profundas transformações sociais, culturais, políticas, filosóficas, institucionais, etc., em relação ao que existia na civilização predominantemente agrícola. Nós todos conhecemos bem as características desta civilização industrial, porque nascemos nela e, em grande parte, ainda continuamos a viver nela.

A terceira onda se iniciou na segunda metade do século 20 e tem como propulsores o advento do conhecimento – ou a Revolução da Informação – e a globalização entre outros inúmeros fatores que se relacionam nessa cadeia de mudanças. É a terceira onda que caracteriza a transição para a pós-modernidade. Na terceira onda, a principal inovação está no fato de que o conhecimento passou a ser, não um meio adicional de produção de riquezas, mas, sim, o meio dominante. Na medida em que ele se faz presente, é possível reduzir a participação de todos os outros meios no processo de produção. O conhecimento, na verdade, se tornou o substituto último de todos os outros meios de produção. Na guerra, por exemplo, um centímetro quadrado de silício, na forma de um chip programado, pode substituir uma tonelada de urânio. O conhecimento se tornou ingrediente indispensável de armamentos inteligentes, que são programáveis para atingir alvos específicos e selecionados. Para derrotar o inimigo, freqüentemente basta destruir seu sistema de informações.

CHAVE

E na informação e no conhecimento que está a chave da reorganização mundial. Assim os valores pós-modernos afetam a vida em velocidade. Segundo Martin-Barbero, a pós-modernidade é uma nova maneira de estar no mundo e afeta o sentido do convívio social. Na sociedade na qual a linguagem multimídia impera, vivemos a simulação. A sociedade pós-moderna deseja viver o presente, fazer do hoje o mundo ideal. E assim morrem as grandes utopias e, em seu lugar, entra a performance.

O resultado disso é uma crise de identidade vivida pelo sujeito pós-moderno, que, por ser plural (não tem uma identidade fixa, essencial ou permanente), não sabe qual é o seu lugar no mundo. Ele busca entender qual o seu lugar na nova sociedade porque as transformações ocasionadas com a onda de mudança “estão também mudando nossas identidades pessoais, abalando a idéia que temos de nós próprios como sujeitos integrados”, informa Stuart Hall em sua obra “A identidade cultural na pós-modernidade”.

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