05 janeiro 2009

Prazer da aventura e da descoberta, Tintin (1)

O maior símbolo dos quadrinhos da França, Tintin, comemora no próximo dia 10 de janeiro, 80 anos de criação. Nesse dia, em 1929, o jovem repórter Tintin (pronuncia-se tã tã) partiu para sua primeira aventura, rumo à União Soviética. Publicado entre 10 de janeiro de 1929 e 08 de maio do mesmo ano, as tiras em preto e branco das aventuras de Tintin no país dos soviéticos faziam parte do suplemento juvenil de um diário católico de Bruxelas, na Bélgica, Les Vingtième Siécle. O suplemento saía às quintas-feiras e se chamava Le Petit Vingtième. Seu autor era um roteirista e desenhista de 21 anos, Georges Remi. Ele usava o pseudônimo de Hergé. “Her” é o som em francês da letra R, de Remi, e “Ge” de Georges. O sucesso de seu personagem foi tão grande que no ano seguinte irá ser publicado na França, no semanário católico Coeurs Vaillants.

Educação e respeito humano, características de Tintin eram, na verdade, pontos de honra para seu criador. O valor mais importante para Hergé era a sociabilidade, o esforço máximo para evitar mágoas. Escoteiro na infância, o que marcou o seu caráter social e cooperativo. Tintin é o alter ego de seu criador, o repórter aventureiro e audacioso que Hergé não conseguiu ser. Acompanhado de seu fiel cachorro Milu e de seu amigo, o capitão Archibald Haddock, Tintin viaja o mundo inteiro seguindo sua curiosidade e buscando a verdade e a justiça.

SUCESSO
A chave do sucesso de Tintin é a palavra aventura. Viagens aos países longínquos, descobertas de mundos novos, encontro com seres diferentes. A qualidade das aventuras de Tintin é creditada ao talento e rigor profissional de Hergé, que chegou até a levar quatro anos para produzir um único álbum do herói (Vôo 714 para Sidney). Mesmo contando com uma grande equipe de auxiliares, Hergé, para criar um álbum partia de uma idéia básica, depois ia enchendo-a de detalhes e passava a fazer uma decupagem do roteiro, como no cinema. Então fazia esboços das sequências dos quadrinhos, indicando os ângulos em que cada quadro iria ficar, e nos balões já colocava um texto resumido. Em seguida o trabalho era passado a equipe de dez pessoas. Especialistas em aviões, automóveis, paisagens, trajes e tudo mais. Por último vinha o texto final, o letreiramento dos balõezinhos e o acabamento dos desenhos a nanquim. Só então uma prova de cada página, em azul, ia para as mãos do colorista. Graças a isto os leitores acreditavam nas histórias de Tintin como se fossem verdadeiras, ou baseadas em fatos reais. Mas todo esse realismo e respeito só foi adquirido com o lançamento de “O Lotus Azul” em 1936, considerado o melhor de todos seus álbuns.
Repórter astuto e ousado, Tintin viajava pelo mundo todo combatendo bandidos e traficantes sem pátria. A sua ingenuidade e a compulsiva luta pelo bem de todos são creditadas às influências do escotismo durante a infância de Hergé. Apesar de ser escrito para crianças, o grande trunfo de Tintin é agradar também os adultos. O mesmo enfrentava problemas da época, como terrorismo, e chegava a visitar regiões pouco conhecidas, como o Tibete. Foi o primeiro personagem em quadrinhos capaz de fazer rir e de instruir ao mesmo tempo os leitores.
VISÃO
A primeira aparição em história em quadrinhos do menino louro, de topete fora de moda, ocorreu em 1929. Foi no episódio “Tintin no pais dos sovietes”, que até hoje é lembrado como uma aula de anticomunismo camuflado. Os soviéticos do pós-revolução de 1917 eram rotulados como mentirosos e bobões. Tintin, segundo os estudiosos dos quadrinhos, sempre refletiu, em suas histórias, uma certa visão primitiva do mundo. A primeira aventura, a visão da Rússia revolucionária, refletia a visão da classe média da sociedade Ocidental de então. Hergé não tinha a menor preocupação com a exatidão dos fatos ou com o rigor das formas.
Foi exatamente pelas visões muitas vezes colonialistas de seus quadrinhos que Hergé carregou a pecha de racista e de fascista. Mas, em sua primeira obra prima, uma aventura no meio do conflito sino-japonês, pode mostrar um outro lado da sua personalidade: o desejo de paz entre os povos. Essa mudança ocorreu quando ficou amigo e passou a ter a ajuda de um estudioso de Belas Artes, o chinês Tchang Tchong Jen, o mesmo Techang que se transformou em personagem de suas histórias e amigo de Tintin.

Um comentário:

Anônimo disse...

Olá, meu caro

Indiquei o seu nome e os seus livros para um colega meu. Ele fará o TCC dele será uma HQ. Creio que o ajudará bastante. É isso. Gsotei do blog, da escrita, do tema. valeu

Sim, quando haverá aula?

dá uma visitada no meu blog www.raphaelleal.blogspot.com