15 janeiro 2009

Edgar Allan Poe (1809-1849)


Há 200 anos, no dia 19 de janeiro de 1809, nascia, na cidade de Boston, o poeta, romancista e crítico literário Edgar Allan Poe. Precursor das literaturas policial e de ficção científica, foi também um dos primeiros autores a se dedicar aos contos literários. Sua obra é tão significativa que deixou rastros nos trabalhos de autores como Bradbury, Lovecraft, Doyle, Kafka, Henry James, Baudelaire, Mallarmé, Rimbaud, Proust, Maupassant, Verne, Thomas Mann, Fernando Pessoa, Machado de Assis e tantos outros.

Ele era um jovem aventureiro, romântico, orgulhoso e idealista. Foi expulsos das universidades por não se enquadrar nos padrões comportamentais daquela época. Boêmio, vivia no luxo, se entregando à bebida, ao jogo e às mulheres. Foi para a Grécia e ingressou no exército lutando contra os turcos. Perdeu-se nos Balcans chegando até a Rússia, sendo repatriado pelo cônsul americano. De volta a América, descobre que sua mãe adotiva havia falecido.

Aos 22 anos, vivendo na miséria, publica Poemas. Já em Baltimore procura pelo irmão Willian e assiste a morte dele. Allan Poe passa a viver com uma tia muito pobre e viúva com duas filhas. Durante dois anos vive em miséria profunda. Mas vence dois concursos de poesias e o editor Thomaz White entrega-lhe a direção do "Southern Literary Messenger".
Em 1833 lança Uma aventura sem paralelo de um certo Hans Pfaal. Dirige a revista por dois anos. Allan Poe gozava de uma certa reputação com leitores assíduos. Depois de sua vida estabilizada, aos 27 anos casa-se com sua prima de 13 anos, Virgínia Clemn. No ano de 1838 trabalha na Button’s Gentleman Magazine na companhia de sua esposa. O casal vivera na Filadélfia, Nova York e Fordham. Em 1847, sofre com a morte de sua esposa vitimada pela tuberculose.
Poe escreveu novelas, contos e poemas, exercendo larga influência em autores fundamentais como Baudelaire, Maupassant e Dostoievski. Mas admite-se que seu maior talento era em escrever contos. Escreveu contos de horror ou "gótico" e contos analíticos, policiais. Os contos de horror apresentam invariavelmente personagens doentias, obsessivas, fascinadas pela morte, vocacionadas para o crime, dominadas por maldições hereditárias, seres que oscilam entre a lucidez e a loucura, vivendo numa espécie de transe, como espectros assustadores de um terrível pesadelo.
Entre os contos, destacam-se O gato preto, Ligéia, Coração denunciador, A queda da casa de Usher, O poço e o pêndulo, Berenice e O barril de amontillado. Os contos analíticos, de raciocínio ou policiais, entre os quais figuram os antológicos Assassinato de Maria Roget, Os crimes da Rua Morgue (este considerado o marco inicial do moderno romance policial) e A carta roubada, ao contrário dos contos de horror, primam pela lógica rigorosa e pela dedução intelectual que permitem o desvendamento de crimes misteriosos.
Em seus contos, Poe se concentrava no terror psicológico, vindo do interior de seus personagens ao contrário dos demais autores que se concentravam no terror externo, no terror visual se valendo apenas de aspectos ambientais. Poe ressaltava suas virtudes intelectuais para fugir da desgraça pessoal.
Em 1849, Allan Poe lança O Corvo. Eureka e Romance Cosmogônico lhe atribuem a fama necessária para provocar a censura da imprensa e da sociedade. Desiludido, volta para Richmore e depois vai para Nova York e entrega-se à bebida. Antes de seguir para a Filadélfia, resolve encontrar-se com velhos amigos. Na manhã seguinte, Poe é encontrado por um amigo em estado de profundo desespero, largado numa taberna sórdida, de onde o transportaram imediatamente para um hospital.
Estava inconsciente e moribundo. Ali permaneceu, delirando e chamando repetidamente por um misterioso "Reynolds", até morrer, na manhã do domingo seguinte, aos 39 anos e deixando uma vasta obra em sua vida de sacrifícios e desordem. Era 7 de outubro de 1849, e os Estados Unidos perdiam o gênio visionário, o poeta de amplos recursos e contista conhecido sobretudo por suas histórias de mistério e horror, fonte de inspiração direta para a renovação literária européia no final do século XIX.
A primeira obra de Poe adaptada para o cinema foi O Poço e o Pêndulo (1909), por Henri Desfontaines, há um século. Depois diversos cineastas tentaram adaptar outras obras do escritor, mas nenhuma chegou a qualidade de um Buñuel (que assinou o roteiro do filme dirigido por Jean Epstein em 1928, A Queda da Casa de Usher) e Felini (que dirigiu Toby Dammit, episódio de Histórias Extraordinárias). Agora o aventureiro Sylvester Stallone promete para este ano a estréia da cinebiografia Poe, com roteiro assinado pelo ator. Poe merecia coisa melhor.

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