07 novembro 2008

Música & Poesia

Ascende o Crepúsculo (Marina Lima)

Em parte a gente é arte
Em outra parte é técnica
Sou de carne e osso
E eletrônica
Cara, me dá um sorriso
Que a vida é crise
Toma um kamicase
Pega, chuta, muda
Que o amor é só roleta-russa
Não existe regra
Nem exceção
Basta um certo estilo de improvisação
Cara, a vida é brisa
Me leva pro Japão
Ou nessa madrugada
Vem e barbariza
Ascende o crepúsculo
De Cubatão




Canção (Allen Ginsberg)

O peso do mundo
é o amor.
Sob o fardo
da solidão,
sob o fardo
da insatisfação


o peso
o peso que carregamos
é o amor.

Quem poderia negá-lo?
Em sonhos
nos toca
o corpo,
em pensamentos
constrói
um milagre,
na imaginação
aflige-se
até tornar-se
humano -
sai para fora do coração
ardendo de pureza -

pois o fardo da vida
é o amor,

mas nós carregamos o peso
cansados
e assim temos que descansar
nos braços do amor
finalmente
temos que descansar nos braços
do amor.

Nenhum descanso
sem amor,
nenhum sono
sem sonhos
de amor -
quer esteja eu louco ou frio,
obcecado por anjos
ou por máquinas,
o último desejo
é o amor
- não pode ser amargo
não pode ser negado
não pode ser contigo
quando negado:

o peso é demasiado
- deve dar-se
sem nada de volta
assim como o pensamento
é dado
na solidão
em toda a excelência
do seu excesso.

Os corpos quentes
brilham juntos
na escuridão,
a mão se move
para o centro
da carne,
a pele treme
na felicidade
e a alma sobe
feliz até o olho -

sim, sim,
é isso que
eu queria,
eu sempre quis,
eu sempre quis
voltar
ao corpo
em que nasci.

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