Personagem obrigatório nos acontecimentos sociais de Nova York, ele usava seus cabelos, tintos, platinados e quando rarearam foram substituídos por perucas no mesmo tom e corte. Óculos de aros coloridos ele já usava na década de 50. Na moda, lançou o clássico e trivial look despojado: calça jeans, tênis e paletó escuro. No universo povoado por pessoas e situações do então “submundo das artes”, Warhol foi o responsável pelo lançamento do grupo Velvelt Underground na cena pop novaiorquina dos anos 60. O grupo não só apresentou Lou Reed ao mundo como mostrou aos hippies que havia muito mais sujeira embaixo do tapete do que o movimento flower power imaginava. Além de Lou Reed e John Cale, cabeças do Velvet, no Greenwich Village, Wahol introduziu a cantora alemã Nico ao grupo e passou a incluí-la na maioria de suas performances, projetos multimídia e filmes.

Em 1969, Warhol fundou a revista Interview, uma espécie de órgão oficial do grupo eclético que ele frequentava: artistas, modelos, fotógrafos, roqueiros, estilistas de moda, atores e gente famosa simplesmente por ser famosa. Ele editou livros, produziu filmes e apresentações no estúdio que mantinha em Manhattan, chamado Factory (Fábrica) e viveu cercado por uma fauna de gente pouco convencional. Depois era visto com frequência na discoteca Studio 54.
SURPRESA

Responsável pela frase de que todo mundo, no futuro, seria famoso por 15 minutos, Warhol foi um marco na arte norte americana. Retratou personalidades e produtos com a frieza de uma máquina tendo conquistado fama e prestígio só comparáveis aos grandes artistas do século. Na época, o diretor do Museu de Arte Moderna de Nova York, Richard Oldenburg resumiu o perfil do artista que ajudou a criar as bases da pop art: “Warhol fez seu estilo de vida uma obra de arte... Foi uma das primeiras pessoas a se transformar, por ser artista plástico, em estrela”.
Em 1982 aproxima-se da tv a cabo e cria Andy Warhol's TV e Andy Warhol's Fifteen Minutes para MTV, em 1986. Data dessa época a sua intensa colaboração e amizade com Jean-Michel Basquiat, jovem e promissor artista que ele promoveu e ajudou a se firmar no universo das artes plásticas novaiorquinas, tanto quanto outros, como Francesco Clemente e Keith Haring. Seus últimos trabalhos datam de 1986 com a série de pinturas intitulada The Last Supper, baseados em Da Vinci e um revival do grande tema da pop art intitulado Ads que remetem aos trabalhos iniciais baseados nos apelos da publicidade e do consumo e nos objetos do cotidiano.
Warhol morreu no dia 22 de fevereiro de 1987, aos 58 anos, de complicações cardiovasculares, depois de uma operação da vesícula. A tempo de ver quase concretizada uma de suas profecias: “no futuro, todo mundo será mundialmente famoso por 15 minutos”. Ele ganhou a eternidade. Em 1994 foi inaugurado o The Andy Warhol Museum em Pittsburgh, Pensilvânia. Quando morreu ficou-se sabendo que esse homossexual assumido e torturado, que não consumava suas paixões (a primeira delas foi Truman Capote), era um católico ortodoxo, que mantinha em seu quarto uma imagem do Sagrado Coração. Era este talvez o lado mais fascinante da personalidade de Warhol: sua capacidade de surpreender-se, e de surpreender.
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