10 abril 2008

Religiões atravessaram os séculos num rastro de destruição (2)

César Borgia (1476/’507), filho de um dos papas mais corrupto da história, Alexandre VI (1431/1503), foi um modelo de sadismo e manipulação política na Itália. Foi um assassino, torturador e maníaco pelo poder. O imperador Carlos V (1500-55) da Áustria e Espanha, além da crueldade, condenou toda a população da Holanda à morte por insurreição. Na Rússia, Ivã o Terrível (1530-84) seguiu com sua próprio versão da moda européia, atirando súditos para os ursos, de modo que pudesse observar suas reações.

Um dos piores crimes legais da história aconteceu na Europa nos séculos 16 e 17, na chamada caça às bruxas onde as perseguições foram conduzidas tanto por protestantes quanto por católicos. Foi também o período do culto à permissividade com trabalhos de Boccaccio, Aretino e outros. Se a perseguição religiosa e a amoralidade política foram os primeiros dois grandes crimes do século 16, o terceiro configurou-se no progressivo aumento da escravidão que seguiu à descoberta do Novo Mundo.

Já o século 17 foi um período de desorientação ética. Houve muito mais guerras civis que internacionais, mais divisões dentro das religiões que entre elas, mais flutuações erráticas entre o permissivo e o puritano, muito pouca criatividade moral. A espécie parecia estar perdida. Crescia a extensão da caça às bruxas, tanto puritanos quanto católicos se empenhavam para manter o domínio masculino.

O século 18 (1700-1800) foi um período de impressionantes desigualdades, em que as classes mais altas tenderam à permissividade e a insensibilidade, e a classe média, bastante impressionada, queria seu quinhão, assumir o comando e instaurar o sistema de valores daqueles que estavam no estrato superior. Esse anseio competitivo gerou uma significativa insensibilidade ética. O século 18 começou como um século de devassos. No século 19 (1800-1900) houve uma enorme distância tecnológica e educacional entre nações colonizadoras e colônias, razão por que foi fácil par as nações do Velho Mundo construir seus impérios, e para suas classes dominantes fazerem dos valores imperialistas a norma. Na França, o excêntrico e amoral Marques de Sade se destacou e Friedrich Nietzsche levou o conceito de super herói amoral às últimas conseqüências. O austríaco Sacher Masoch, pregava os prazeres da degradação e da humilhação.

No século XX a Primeira Guerra Mundial custou aproximadamente 12 milhões de vidas militares e cerca de 20 milhões de baixas civis; Veio a Segunda Guerra e milhares de mortes. Os homens não se contentaram com a bomba atômica que pulverizou, em minutos, Hiroshima e Nagasaki. Eles desenvolveram artefatos muito mais terríveis – dos campos de concentração, dos “gulags”, dos massacres, dos êxodos em massa de refugiados, da Aids, do Ebola e de tantas outras doenças virulentas praticadas por supostos líderes redentores. Hoje temos bombas de hidrogênio (termonucleares) e muitas outras poderosíssimas. Foi o século do Holocausto que gerou Adolf Hitler, Joseph Stalin, Joseph Mengele, Adolf Eichmann, Mão Tse-Tung, Pol Pot e tantos outros notórios assassinos. Mas tivemos também Albert Schweitzer, Alexander Fleming, Christian Barnard, Irmã Dulce, Madre Teresa de Calcutá...

E com toda essa matança, os Estados Unidos se fortaleciam com a indústria do entretenimento. E tome-lhe cultura digestiva e não reflexiva para os povos dominados. O que acontecerá neste século XXI? Você é responsável por alguma mudança, afinal você também faz parte desse universo. Se informe, reflita sua vida ao redor e reclame de todos os seus direitos. Conheça a letra de Nando Reis, Igreja cantada pelo grupo Titãs: “Eu não gosto de padre/Eu não gosto de madre/Eu não gosto de frei./Eu não gosto de bispo/Eu não gosto de Cristo/Eu não digo amém./Eu não monto presépio/Eu não gosto do vigário/Nem da missa das seis./Eu não gosto do terço/Eu não gosto do berço/De Jesus de Belém./Eu não gosto do papa/Eu não creio na graça/Do milagre de Deus./Eu não gosto da igreja/Eu não entro na igreja/Não tenho religião”.

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