09 janeiro 2008

Mail Art/Arte Postal (1)

Nos anos 60/70 e principio dos anos 80 começou a se desenvolver em várias partes do mundo a arte-postal (mail art), que era transgressiva, ate no suporte. Agora com a internet ela está voltando com toda força. Um e-mail pode ser concebido sob a forma de mail-art. Essa forma de comunicação criativa teve origem na revolução científico-industrial que permitiu o funcionamento a nível universal dos serviços dos correios desde logo se assumindo como uma ruptura com a tradição artística que significaram os movimentos e escolas artísticas do início do século e do pós-guerra. Dadaístas, futuristas e surrealistas como Schwitters e Duchamp aderiram à arte postal para divulgar os seus pontos de vista e trocar mensagens criativas.

Esse tipo de arte reveste um caráter anti-comercial e anti-consumista, personalizado que se opõe aos fenômenos de massas que as tecnologias introduziram na difusão de certas formas de expressão artística. O circuito da arte postal convencionou que todas as obras recebidas serão exibidas na totalidade sem sujeição a uma seleção ou júri. Quem provoca a manifestação "obriga-se" a enviar um catálogo aos participantes onde constem os seus contactos. As obras recebidas não podem ser comercializadas e não serão devolvidas.

A liberdade de suporte e de técnica só é limitada pela possibilidade de envio pelos serviços postais. As propostas chegam ao destino, enriquecidas pelos selos, tarjetas, carimbos do remetente, após uma viagem que acrescenta à obra criada signos e imagens, dando-lhes um caráter alternativo, renovando cada objeto, tornando-o mais tarde em frente e verso.

O QUE É?

Circuito ou tendência alternativa de arte por correspondência onde participam todos que tenha como objetivo central a comunicação e o contato através do intercâmbio de informação e propostas criativas. Além de uma corrente artística, a arte postal é um fenômeno das comunicações, onde o criador das mensagens é, ao mesmo tempo, o emissor e receptor dos mesmos. Fenômeno vivo de resposta e criação, que não reconhece fronteiras, onde se incluem técnicas e suportes mais diversos; gráfica, postais, adesivos, poesia visual, timbres e livros de artistas, selos, fax, vídeos, etc. Busca além disso, contactar e trocar com todos os circuitos existentes em distintas latitudes, dedicados a as mais diversas disciplinas.

Assim como a pintura está ligada aos museus (sentido estático da contemplação), a literatura está ligada às livrarias, os quadrinhos às bancas de revista e o cinema às salas de projeção (sendo da escolha individualista do que consumir) – a vanguarda atual está ligada ao correio (sentido da surpresa, quando o carteiro faz circular/redistribuir novos produtos explosivos de informação contemporânea; ou por e-mail via internet).

O postal, como veículo e suporte do poema, data dos anos 60, sob o domínio da poesia concreta internacional. O uso do envelope como veículo para a divulgação do poema sistematizou-se através do movimento/processo a partir de 1968, como forma alternativa de veiculação de materiais produzidos no âmbito da experimentação (anti) literária. O emprego regular do envelope, pelo movimento, começou em 1968, através de publicações paralelas às revistas Processo (Rio, 1968), Projeto (Natal, 1970), Levante (Campina Grande, PB, 1970), Vírgula (Rio, 1972).

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