21 março 2007

“O amor vê não com os olhos, mas com a mente”.

Alguns poetas davam a entender que a origem do amor era totalmente orgânica. Outros acreditavam à atividade profunda do coração a verdadeira origem. Para o estudioso Bronislaw Malinowski em seu livro The Sexual Life of Savages (Londres, 1929), o amor “é uma paixão que atormenta a mente e o corpo em maior ou menor extensão; conduz muitos a um impasse, um escândalo ou uma tragédia; mas raramente, ilumina a vida e faz com que o coração se expanda e transborde de alegria”.

Apesar de a beleza atrair nossa atenção, o sentido duradouro da beleza de uma pessoa revela-se em estágios. Pode ser através das qualidades criadas pelo entusiasmo, inteligência, sagacidade, curiosidade, doçura, paixão, talento e graça. Como disse Shakespeare em “Sonhos de uma Noite de Verão”: “O amor vê não com os olhos, mas com a mente”. “Amar é um deserto e seus temores/vida que vai nas celas dessas dores/não sabe voltar/me dá teu calor/vem me fazer feliz por que eu te amo/você deságua em mim e eu oceano/e esqueço que amor é quase uma dor/só sei viver/se for por você”, revela o apaixonado Djavan na bela Oceano.

Para o baiano Raimundo Sodré, “amar é coisa fina/é porcelana da China/que não deve se quebrar/porque uma dor desatina/e as garras desta felina/coração dilacera” (Desejo de Amar). Para Edil Pacheco e João Nogueira, “é bom viver de amor/e até morrer de amor é bom”. Na canção De Amor é Bom eles afirmam que “o amor não quer poder/não quer dinheiro não/o amor n]ao quer beber/o vinho da ilusão/o amor é bem querer/é a fonte da emoção/então lugar de amor/é mesmo o coração”. Já Renato Russo diz que “é ó o amor que conhece o que é verdade” (Monte Castelo).

Na composição de Isolda e Milton Carlos, Roberto Carlos declara: “Eu quero seu amor a qualquer preço/quero que você me tenha até pelo avesso/pra me sentir envolvida em seus cabelos/faça de mim o que quiser/você é meu homem, sou sua mulher” (Pelo Avesso). Um dos maiores clássicos da MPB, “Eu Sei que Vou te Amar”, os poetas Tom Jobim e Vinicius de Moraes se declaram à amada: “Eu sei que vou te amar, por toda a minha vida eu vou te amar/a cada despedida eu vou te amar, desesperadamente eu sei que eu/vou te amar e cada verso meu será pra te/dizer que eu sei que vou te/amar por toda a minha vida eu/sei que vou chorar, a cada ausência tua eu vou chorar, mas cada volta/tua há de apagar o que essa ausência tua me causou, eu/sei que vou sofrer, a eterna desventura de viver, a espera de viver ao lado teu por/toda a minha vida”.


Não dá para esquecer a bela “Eu Te Amo”, de Tom Jobim e Chico Buarque: “Ah, se já perdemos a noção da hora/se juntos já jogamos tudo fora/me conta agora como hei de partir/Se, ao te conhecer, dei pra sonhar, fiz tantos desvarios/rompi com o mundo, queimei meus navios/me diz pra onde é que inda posso ir/Se nós, nas travessuras das noites eternas/já confundimos tanto as nossas pernas/diz com que pernas eu devo seguir/Se entornaste a nossa sorte pelo chão/se na bagunça do teu coração/meu sangue errou de veia e se perdeu/como, se na desordem do armário embutido/meu paletó enlaça o teu vestido/e o meu sapato inda pisa no teu/como, se nos amamos feito dois pagãos/teus seios inda estão nas minhas mãos/me explica com que cara eu vou sair/não, acho que estás te fazendo de tonta/te dei meus olhos pra tomares conta/agora conta como hei de partir”

Um beijo fez com que Johnny Alf descobrisse o amor: “É só olhar, depois sorrir, depois gostar/você olhou, você sorriu, me fez gostar/quis controlar meu coração/mas foi tão grande a emoção/de sua boca ouvi dizer ´quero você´/quis responder, quis lhe abraçar/tudo falhou/porém você me segurou e me beijou/agora eu posso argumentar/se perguntarem o que é amar” (O Que é Amar). Já Chitãozinho e Xororó e Zé Ramalho afirmam em “Sinônimos” que sinônimo de amor é amar: “Quanto o tempo o coração, leva pra saber/que o sinônimo de amar é sofrer/no aroma de amores pode haver espinhos/ é como ter mulheres e milhões e ser sozinho/ na solidão de casa, descansar/ o sentido da vida, encontrar/ ninguém pode dizer onde a felicidade está// O amor é feito de paixões/ e quando perde a razão/não sabe quem vai machucar/quem ama nunca sente medo/de contar o seu segredo/sinônimo de amor é amar”

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