No outono (começa hoje, dia 20 de março e
termina dia 21 de junho) os dias ficam mais curtos e mais frios, anoitece mais
cedo. Depois de tanto calor nada como uma brisa fresca. Sinal que o outono está
chegando. As folhas de muitas árvores, arbustos e outras plantas começam a
pintar-se de muitas cores: amarelo, castanho e vermelho. Todas vão cair ao
longo dos meses de março, abril, maio e junho e cobrir o chão dos parques e das
ruas, formando tapetes coloridos. As frutas, já amadurecidas, também começam a
cair no chão.
Esta é a época das grandes colheitas. Isto
por que os países do hemisfério sul precisam se preparar para o inverno que vem
chegando. É necessário armazenar bastante comida para que nada possa faltar. O
outono é a natureza a envelhecer. Diz-se que uma pessoa está no “outono da
vida” quando a sua idade se aproxima da velhice. É tempo de hortência, azaleia,
flor de maio e margarida.
Quando o verão passa para o outono, a
energia da terra se transforma em metal. Nessa fase a energia começa novamente
a se condensar, se contrair, voltar-se para dentro para acumular e se
armazenar, assim como armazenamos nossos alimentos no outono, para sobreviver
no inverno. É a fase de liberar tudo que está gasto como as folhas das árvores
que caem para poupar a essência, que é então armazenada para suportar a fase
não produtiva da água, do inverno. Se nesta fase não houver bastante energia
para contrair, não haverá força suficiente para passar o inverno e o próximo
ciclo da madeira primavera será fraco. A energia do metal controla o pulmão,
que extrai a energia essencial e expele as toxinas do sangue e do intestino
grosso, que elimina a sujeira pesada enquanto retêm e recicla toda a água do
organismo.
A cor da fase metal é o branco, que dá
origem a todas as cores, cor da pureza e da essência, relacionada com a
espiritualidade. O outono é a estação da introspecção e da meditação, de
reciclar sentimentos antigos, apegos externos e o excesso de emoções adquiridas
durante o verão, assim como as árvores se livram das folhas secas e buscam os
nutrientes de suas raízes. Se resistirmos a esta energia e ficarmos
aprisionados no passado podemos criar estados de melancolia, de tristeza e de
depressão que se manifestam em dificuldades respiratórias, dores nas costas,
problemas de pele e baixa resistência a doenças. Assim como o metal é a energia
refinada extraída da terra e lapidada pelo fogo, o outono é a estação onde
devemos extrair aprendizagens das atividades e experiências do verão,
transformando-as na quietude e sabedoria do inverno.
O outono chega e, com ele a brisa que nos
percorre o corpo ainda quente, vamos aos poucos começar a acalmar depois de
tanta energia consumida no verão. As primeiras folhas caem no chão, sabemos que
agora começa a época de acalmar de novo, de voltar a pôr os pés no chão ao
mesmo tempo que vamos saboreando e recordando as emoções que acabamos de sentir
no pico do verão. Procuramos o melhor aconchego, descansando um pouco pra que
as forças regressem para um novo ciclo. Estamos no momento de reflexão e
relaxamento após o êxtase, estamos a saborear tudo o que vivemos e a incorporar
em nós o que aprendemos. É o fim de um ciclo e o preparar um novo ciclo. Um
ciclo se encerra e outro vai começar.
No outono, as folhas de muitas plantas
caem, porque aqui se completa seu ciclo de vida. Como esta estação antecede ao
inverno, alguns animais já se previnem hibernando, enquanto outros constroem
esconderijos. A temperatura começa a cair, e a paisagem adquire um tom ocre. É
a estação da nostalgia. Os resíduos do verão ainda passeiam por entre as cores
e os comportamentos, mas o aconchego do inverno já espreita e, timidamente vai
se tomando o seu espaço.
O amor no outono se reveste de sinais:
sorrisos repentinos, olhar de devaneio, suspiros de veludo, taquicardia,
calafrios no estômago, sonhos acordados e uma sensação de estar em outra
galáxia. O sentimento nessa estação da vida possui os mesmos idênticos sintomas
de qualquer outra época porque ele não tem idade. Quando o amor acontece,
desperta o melhor de cada ser, sublima o que estava encerrado a sete chaves,
abre janelas, areja todos os cantos da alma, sacode poeiras e dá sentido a
todas as coisas. Ele é soberano e sábio. Escolhe seus parceiros e lhes oferece
a chance da felicidade. O amor outonal é conquista, é direito adquirido, é
superação, é serenidade. (Texto escrito em 2006)
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