Em Chicago, EUA (1931), uma pesquisa de
opinião pública revelou que, no auge da crise econômica americana, os leitores
mais se familiarizavam com astros do cinema, depois com os gangsters e em
terceiro lugar com ídolos esportivos, e não sem razão, utilizando essa
preferência popular, a história em quadrinhos, em plena efervescência, criava
um dos seus mais conhecidos e consumidos personagens. No dia 12 de outubro, segunda-feira, no New
York News, Chester Gould lança DICK TRACY, um policial cujo tema de fundo é a
vingança. Com Tracy estrearam nas HQs o sangue e a violência.
Com seu nascimento, através dos traços
fortes de Chester Gould, nascia, também, nos quadrinhos, o modelo para a
historieta policial que, mais tarde, teria uma sucessão de seguidores. Nesse ano o gangsterismo nos EUA atuava
livremente, estimulado pela desagregação social causada pela Lei Seca, que
proibia aos cidadãos direito de beber quando quiserem. Era a depressão de 1929.
Em 1931 Al Capone era condenado por sonegação de Imposto de Renda.
O crime e a incompetência da polícia eram
assuntos comuns ao povo americano. Gould cria um policial que reconquista o
respeito do público pela lei. O sangue e a violência estreavam na HQ. As
situações dramáticas se sucediam, extremamente realísticas em seu estilo de
grande farsa. Balas calibre 38 esburacavam cabeças e mutilavam corpos. Aos
delinquentes era destinado o fim mais horrível. Tracy se torna o justiceiro sem
alma. Isso, porém, sem nunca sair de seus limites de policial - pois, se
algumas vezes a lei se mostra incapaz de punir em toda a sua extensão um crime
horrível, a mão do destino intervém através de Chester Gould com extrema
crueldade.
Dick Tracy surgiu quando corria a época do
proibicionismo, do gangsterismo organizado, da corrupção, do “não” ao poder
constituído. E o público exigia uma força policial, de características
burguesas, que pudesse - ao menos nos quadrinhos - responder à violência com
violência. Nesse ano o gangsterismo nos EUA atuava livremente, estimulado pela
desagregação social causada pela Lei Seca, que proibia aos cidadãos o
democrático direito de beber quando quisessem, e pela depressão econômica de
1929. Exatamente em 31, Al Capone era condenado por sonegação do Imposto de
Renda.
Chicago era a mais conturbada cidade da
época. Foi quando Chester Gould, residente em Chicago, teve a ideia de que se a
polícia não conseguia pegar os gangsters, ele criaria um sujeito que o fizesse.
Um policial que reconquistasse o respeito do público pela lei. E Gould criou o
personagem Plainclothes Tracy (plaiclothers: roupa comum, gíria policial
civil), enviando-o ao Capitão Joe Paterson, diretor do Chicago Tribune New York
News Syndicate. Peterson conhecia bem a Chester desde 1921, e havia recusado
diversas ideias de Gould para historieta. Desta vez telegrafou de Nova Iorque
dizendo que aceitava a tira, achando, porém, o nome grande demais, sugeriu que
fosse mudado para Dick Tracy, já que Dick, além de ser diminutivo de Richard,
na gíria popular também significava detetive. Dick Tracy aponta para uma
narrativa enxuta, sem maiores arroubos formais, mas sempre precisa. Os
quadrinhos apresentaram seu primeiro detetive, com uma galeria criativa de
vilões. Influenciou os cineastas Alain Resnais e Jean Luc Godard.
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