Neste domingo, dia 15 de março comemora-se
os 120 anos de nascimento de um dos mais importantes sociólogos do Brasil,
tendo construído uma obra inteiramente dedicada à análise das relações sociais
no período colonial brasileiro e como essas relações contribuíram para a
formação do povo brasileiro no século XX:
GILBERTO
FREYRE
Sociólogo, ensaísta,
desenhista, poeta e romancista. Escritor profícuo, Gilberto Freyre (1900 -
1987) deixou mais de 80 livros, reveladores de um intelecto turbulento, de
interesses múltiplos (história, literatura, culinária, moda, comportamento). No
início da década de 30, as ciências sociais ainda estavam pautadas pelo racismo
pseudocientífico que vicejava ao longo do século XIX. Pensadores influentes
como Oliveira Vianna sugeriam que o sucesso da civilização brasileira dependia
essencialmente da raça branca.
Casa Grande & Senzala
(1933) reconfigurou a discussão, conferindo mais importância à cultura do que a
rala. E exaltou a mestiçagem como elemento básico da sociedade brasileira (laço
até hoje mal assimilado por teóricos do racialismo mais raivoso). Trata-se da
primeira obra a reconhecer a contribuição decisiva do negro para a formação da
sociedade brasileira, tarefa empreendida priorizando-se os fatores econômicos e
sociais, em detrimento dos de clima e raça, segundo as influências recebidas do
antropólogo Franz Boas no período em que estuda na Universidade de Colúmbia.
Em Sobrados e Mucambos, o
duplo está presente na análise que investiga como a sociedade patriarcal
responde à influência europeizante trazida ao Brasil em 1808 pela transferência
da corte de dom João VI. Regionalismo e tradição compõem, nesse sentido, outro
binômio fundamental para Freyre. Desde uma obra não autoral, como é o caso do
Livro do Nordeste, até o Manifesto Regionalista, composto em 1926, mas editado
apenas em 1952, o sociólogo propõe que a literatura retrate o homem inserido em
seu meio. Com isso, articula relações intensas entre estética e história,
lançando as bases para a renovação promovida pelo romance de 30, que procura,
de forma madura, retratar a particularidade da cultura brasileira.
* Rompeu
tabus, dono de um estilo coloquial que ofendeu alguns de seus primeiros
leitores no início da década de 1930.
* Seu
projeto o foco no cotidiano, que incluía o estudo de culinária, vestimentas,
habitação, corpo, pessoas comuns, objetos modestos e detalhes triviais.
* Nos
anos 1920, já expressava preocupação com a devastação das florestas.
* Na
década de 1930, promoveu estudos afro-brasileiros.
* Interessava-se
por medicina alternativa e escreveu sobre a história do corpo, da sexualidade e
até dos cheiros.
* Movia-se
com facilidade entre os mundos da "alta" cultura e da cultura
"popular".
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