06 setembro 2019

Há 130 anos nascia Luis Gomes Loureiro


No dia 09 de setembro comemora-se os 130 anos de nascimento de Luis Gomes Loureiro. Ele foi um dos artistas responsáveis por recriar os desenhos, criou um novo personagem para acompanhar Chiquinho: Benjamin, que se destaca como o primeiro negro dos quadrinhos a fazer sucesso entre o público leitor. Benjamin, que estreou em 1915, era um moleque negro inspirado num criado da casa de Loureiro. Nas palavras do próprio autor, em entrevista concedida à Revista da Semana, em 31 de março de 1945, o terrível infante tinha os planos mais demolidores para as molecagens da turma, o que levava Chiquinho a temer que as ideias do negrinho dessem na clássica surra de escova com que o pai coroava sempre as suas aventuras.



“Levei para os quadrinhos um Benjamin que morou na minha casa durante muito tempo. Era um pretinho muito vivo, de seus oito anos, que trabalhava como menino de recado. Benjamin estava sempre dando palpites sobre as aventuras de Chiquinho. E que costumava dar palpites na vida do Chiquinho. E eu doido para botar o Benjamin na história. Um dia, botei”, conta o desenhista Luis Gomes Loureiro.



As aventuras de Chiquinho transcorriam em ambiente doméstico. Nunca o personagem teve o comportamento de seu inspirador americano, Richard Felton Outcault, que era ácido, crítico e contestador. Chiquinho era criança bastante ingênua, como ingênuo era o Rio de seu tempo. Suas aventuras eram, na verdade, travessuras, como foram as de seu próprio desenhista, Loureiro. Benjamin seguiu o padrão estereotipado da época com olhos saltados e lábios grossos.



Apesar de Chiquinho ser desenhado também por outros artistas, foi Loureiro quem mais o abrasileirou. Loureiro revelou, anos depois, que no início O Tico-Tico (considerada a primeira revista infantil do país, criada em 1905 e extinta em 1962) era todo feito copiando publicações infantis americanas, francesas e italianas. Foi como muitos desenhistas aprenderam a fazer quadrinhos. Logo, ele e outros pioneiros, como Cícero Valadares e Alfredo Storni, passaram a criar seus próprios personagens.




Loureiro era um homem pobre que conquistou grande expressão e popularidade pelo trabalho gráfico que desenvolveu em O Tico-Tico e para a empresa O Malho. Seu personagem mais querido entre os leitores da revista das crianças foi, definitivamente, as Aventuras de Chiquinho. O garotinho louro e seus companheiros foram tema de propagandas na imprensa, troféus de futebol, blocos carnavalescos e, ainda mais surpreendente, foram tema do primeiro desenho animado ao qual se reportam os registros da Cinemateca Brasileira.



O tão famoso Chiquinho, contudo, era acompanhado cotidianamente por uma personagem que Loureiro, e seus contemporâneos, insistiam em categorizar como “genuinamente nacional”. Tratava-se do moleque Benjamin, criado negro de sua família, e comparsa nas suas aventuras e desventuras. Benjamin, aliás, era muito semelhante aos outros personagens negros que apareciam constantemente na revista, sob a forma de criados, escravizados e selvagens africanos. Num país em que houve esforço diligente das classes intelectuais e políticas para escamotear os efeitos da escravidão e a onipresença da população negra, instigava-me compreender o motivo pelo qual as diferenças raciais foram objeto constante dos lápis e pinceis dos artistas gráficos da imprensa para crianças. Interessava-me compreender o modo como Loureiro e outros artistas da imprensa para crianças, deram forma às diferenças raciais em suas ilustrações, e de que maneira estas diferenças expressavam expectativas acerca das desigualdades raciais vividas no Brasil pós-abolição.




Sua atuação na revista O Tico Tico se deu entre os anos de 1907 e 1919. Nesses doze anos atuou em espaços de maior ou menor relevância na revista, tendo passado pelas funções de decalcador, desenhista de histórias esporádicas e, por fim, desenhista de quadrinhos de maior projeção e presença no semanário das crianças.



Luís Gomes Loureiro nasceu em 9 de setembro de 1889, carioca criado à Rua da Imperatriz de número oitenta e sete, no Bairro da Saúde, na freguesia de Santa Rita. Filho de Antonio Gomes Loureiro e Joanna dos Santos Loureiro, ambos naturais do Reino de Portugal, possuía sete irmãos, sendo quatro irmãs e três irmãos. Ele morreu no dia 26 de dezembro de 1981, aos 92 anos, de insuficiência cardíaca, no Rio de Janeiro.




5 comentários:

Kate Williamson disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
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