Há 90 anos nascia o filho caçula de uma
família de humildes imigrantes tchecos (o casal Warhole), e criado em Pitsburg
(Pensilvânia), Andy Warhol. Ele nasceu em 1928. Antes de dormir, sua mãe lia
para ele histórias em quadrinhos de Dick Tracy. Com 12 anos perdeu o pai e
precisou trabalhar vendendo frutas de um caminhão. Com isso, terminou os
estudos e, em 1945, foi estudar pintura no Carneggie Institute of Tecnology.
Chegou a Nova Iorque por duas ambições: ser tão famoso quanto uma estrela de
cinema e rico o suficiente para sustentar sua mãe com quem viveu sempre, até
perdê-la em 1972. Começou como artista comercial, em 1949. Foi vitrinista, fez
todo tipo de desenho para todo tipo de publicidade, gravura, capa de livro, cartão
de Natal, etc.
Os anos de publicidade inculcaram nele a
propensão de fazer uma arte absolutamente privada de estilos ou emoção. A
transição da publicidade para a arte pura se deu através das histórias em
quadrinhos. Os primeiros trabalhos de Andy foram versões ampliadas das tiras de
Dick Tracy usadas como elemento decorativo nas vitrines da loja novaiorquina
Lord and Taylor. Uma das características de sua arte é justamente esta
qualidade ou nitidez de imagem da publicidade ou da imagem produzida mecanicamente.
Ele foi um dos primeiros a empregar a serigrafia para multiplicar os seus
trabalhos. Para ele, como para a produção industrial, o que conta é a
quantidade, e esta que acaba por gerar a qualidade.
Warhol não estava interessado em idéias
mas em objetos. Ou melhor, imagens de objetos industrializados – a lata de sopa
Campbell, a garrafa de Coca Cola, a tampinha Pepsi Cola, o vidro de ketchup ou
as caixas de sabão em pó Brillo. Para ele estas imagens tinham o mesmo valor
que as outras que ele também repetiu exaustivamente de personalidades famosas
como Marilyn Monroe, Elizabeth Taylor, Elvis Presley, Marlon Brando, Mao
Tsé-tung e até Pelé, além do símbolo da foice e do martelo. Tudo neutro,
asséptico e brilhante como os esquemas gráficos de livros de bolso. Nenhuma
emoção ou subjetividade – o seu rosto deixava transparecer o mesmo tédio dessas
imagens colhidas aleatório da sociedade de massa.
Quando em 1960 Warhol realizou as
primeiras pinturas baseadas em Dick Tracy, Popeye e Super Homem, além de duas
garrafas de Cola Cola, inaugurando assim, em meio a um dos mais sofisticados
cenários das artes plásticas contemporâneas, um novo filão: a elevação da
banalidade e da vulgaridade cotidiana a estatuto de arte (ou vice-versa).
NOVA ARTE
A consagração viria mais tarde, em 1962,
quando, além de realizar a série de pinturas de notas de um dólar (da qual uma
das telas do vendida em 1986, num leilão, em NY, por 385 mil dólares, um dos
maiores preços já alcançados por um de seus trabalhos), Warhol expôs suas já
clássicas latas de sopa Campbell´s (reproduções quase que fotográficas, como na
ilustração publicitária do produto) na Ferus Gallery, em Los Angeles. Estava
confirmada uma nova arte, uma das últimas correntes artísticas do século 20 a
manter uma profunda tensão estética em seus propósitos, um questionamento entre
o lugar da arte e a banalidade do mundo.
Quando lhe perguntaram porque resolveu
pintar latas de sopa, na época, respondeu: “Porque eu comia aquela sopa. Comi-a
durante vinte anos, quase todos os dias, sempre a mesma coisa. Alguém me disse
que a minha vida me dominou, esta idéia me agrada”. Depois de séries de ícones
de personalidades conhecidas, veio a série Disasters – terríveis acidentes de
estrada, tumultos raciais e execuções em cadeiras elétricas. No auge de sua
fama e também de riqueza, passou a pintar menos e se dedicar ao cinema. Seus
filmes undergrounds fizeram época.
Trabalhando com super-8 e vídeo-taipe
num primeiro momento, Warhol realizaria filmes fundamentais dentro da história
do cinema como Sleep (o registro, durante seis horas ininterrupta, de um homem
dormindo), em 1963, Empire (um único plano de oito horas do Empire State
Building, em NY), em 1964, e Chelsea Girls (o registro de “pessoas fazendo
várias coisas”, durante sete horas, no mitológico Chelsea Hotel, em NY) em
1966. Andy Warhol rodou cerca de 80 filmes entre 1963 e 1967.
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