04 janeiro 2017

Guitarra é o símbolo de juventude aos 95 anos (1)



No dia 07 de janeiro de 2017 (sábado), a partir das 18h no Farol da Barra, dez dos principais
guitarristas brasileiros vão se apresentar, gratuitamente. Entre os virtuosos estão Toninho Horta, Edgard Scandurra, Andreas Kisser, Kiko Loureiro, Armandinho Macêdo, Marcelo Barbosa, Frank Solari, Luiz Carlini, Davi Moraes e Robertinho do Recife. As apresentações serão revezadas em duos e, no final, todos os músicos vão tocar juntos no palco montado em um dos principais cartões postais de Salvador.

Símbolo máximo da contestação da juventude ao tradicionalismo musical desde a década de 50; instrumento maior de todos os líderes desta contestação, de Elvis Presley e Jimi Hendrix até as bandas da novíssima geração roqueira, a guitarra, no entanto, não é tão jovem como o leitor imagina. A guitarra, que começou com um som seco e metálico, percorreu um longo e diversificado caminho, abrindo, como nenhum outro instrumento, a consciência da atual geração para uma nova era musical: a era eletrônica. Aos 95 anos, a guitarra continua sendo o instrumento-mor dentro do rock e o que possui o maior volume de som. É indispensável a qualquer tipo de música e assumiu a posição de verdadeiro fetiche cultuado pelos jovens. “Você quer ser um astro do rock and roll??/ouça só o que eu digo/compre uma guitarra elétrica/e espere um pouco/até você aprender a tocar”, diz a canção “So You Want To Be a Rock and Roll Star”, cantada pelos Byrds, em 1967.

Desde os seus primórdios, a guitarra se revelou um instrumento com sonoridade própria, muito diferente do violão. Muito antes de ser criada, a guitarra elétrica era uma necessidade para os músicos, principalmente os bluesmen. Uma guitarra acústica colocava em situação embaraçosa até o mais hábil instrumentista. Em 1922, o artesão e desenhista de instrumentos Leo Fender desenhou e registrou um modelo de guitarra com um captador embutido na própria madeira. Essa primeira guitarra deu origem à Fender Esquire, uma das primeiras guitarras totalmente acústicas.

Assim, a guitarra passou pelas mãos de Eddie Lang, Lonnie Johnson, Charles Christian e, através dos grandes guitarristas do “coll” dos anos 50, chegamos a B.B.King e, daí, uma linha direta até Jimi Hendrix, que inventou a linguagem no final dos anos 60. Os punks ressuscitaram o instrumento em 1976 e, com o predomínio do heavy metal e suas variações, a guitarra estava de novo em alta. Como é o instrumento que possui o maior volume de som, justifica o seu enorme sucesso no rock e na música pop.

A popularidade alcançada por esse instrumento é algo sem precedentes na música. Milhares de jovens em todo mundo aderiram à guitarra elétrica e grande parte deles manipula com tanta habilidade seus recursos eletrônicos de transformação timbrística que, à vezes, pelo puro efeito, se torna difícil identificar o instrumento. Um jovem empunhando uma guitarra é um símbolo perfeito de rebeldia adolescente. Todas as tribos roqueiras cultuam o mito do “herói da guitarra” e está presente em todas as fantasias juvenis. A guitarra passou a ser um instrumento indispensável a quase todo tipo de música. Mais ainda: assumiu a posição de um verdadeiro fetiche, um símbolo de identificação das massas jovens.

ORIGEM

A guitarra era um instrumento de acompanhamento, pura e simplesmente: batia o ritmo e harmonizava o canto o mesmo tempo. Os cantores de folk-blues, worksongs e das antigas baladas-blues acompanhavam-se com guitarra ou banjo. Johny St. Cyr tocava banjo e guitarra com King Oliver, Louis Armstrong e Jelkly Roll Morton, nos anos 20. Lonnie Johnson nesse mesmo período, preferia atuar solando. Nos anos 30, o grande representante da guitarra rítmica/harmônica foi Freddie Green, um músico que acompanhou Count Basie. O jazzista Charlie Christian foi o primeiro a se utilizar de uma guitarra semi-acústica para forjar, entre 1939 e 1941, uma nova linguagem para o instrumento. Ele criou o estilo sonoro da guitarra elétrica e toda a geração posterior foi influenciada por ele. Nos dois anos em que integrou a Orquestra de Benny Goodman, Christian adotou a guitarra elétrica como forma de se sobressair em meio ao som dos metais e da bateria. O som obtido por Charlie Christian influenciou seus contemporâneos que tocavam blues em Chicago, como Muddy Waters e Hubert Sumlin que logo eletrificaram seus instrumentos.

Nos anos 30, nos Estados Unidos, começou-se a procurar uma forma de amplificar o som do violão sem o uso de microfones. Surgiram, assim, os captadores magnéticos, desenvolvidos originalmente por George Beauchamp e Paul Barth. As antigas guitarras elétricas eram violas acústicas com pequenos microfones adaptados na caixa de ressonância – o som de retorno era de enlouquecer. Clarence Leo Fender começou a construir instrumentos na década de 20. Em 1922, criou uma guitarra com captador embutido. Em 1931, Adolph Rickenbacker produziu, comercialmente, pela primeira vez, uma guitarra elétrica construída em alumínio. Era a famosa “Frigideira”. Mais ou menos nessa época, o músico e inventor americano Les Paul começava a fazer experiências com um captador adaptado ao violão, mas sem obter bons resultados, devido à microfonia provocada pela caixa do instrumento. Ao saber que Thomaz Edison havia construído um violino elétrico de madeira maciça, Les Paul decidiu aplicar o mesmo princípio ao violão. Em 1941, ele construiu a primeira guitarra maciça (solid body), cortando ao meio um violão e colocando entre as duas metades um bloco de madeira sobre a qual estavam montados dois captadores e um braço de violão Gibson.

Nenhum comentário: